terça-feira, 14 de janeiro de 2014

A quem dedicar?

Aceitam-se sugestões!
ALMA DE CÔRNO

Alma de côrno – isto é, dura como isso;
Cara que nem servia para rabo;
Idéas e intenções taes que o diabo
As recusou a ter a seu serviço

Ó lama feita vida! ó trampa em viço!
Se é p’ra ti todo o insulto cheira a gabo
– Ó do Hindustão da sordidez nababo!
Universal e essencial enguiço!

De ti se suja a imaginação
Ao querer descrever-te em verso. Tu
Fazes dôr de barriga á inspiração.

Quér faças bem ou mal, hyper-sabujo,
Tu fazes sempre mal. És como um cú,
Que ainda que esteja limpo é sempre sujo.

 Fernando Pessoa

Nota: reprodução do poema respeitando a grafia original do fac-símile.

5 comentários:

  1. "Alma de côrno – isto é, dura como isso;
    Cara que nem servia para rabo;
    Idéas e intenções taes que o diabo
    As recusou a ter a seu serviço –"
    CAVACO

    "Ó lama feita vida! ó trampa em viço!
    Se é p’ra ti todo o insulto cheira a gabo
    – Ó do Hindustão da sordidez nababo!
    Universal e essencial enguiço!"

    TROIKA CASEIRA (cada um à sua maneira)

    "De ti se suja a imaginação
    Ao querer descrever-te em verso. Tu
    Fazes dôr de barriga á inspiração."
    SEGURO

    Quér faças bem ou mal, hyper-sabujo,
    Tu fazes sempre mal. És como um cú,
    Que ainda que esteja limpo é sempre sujo.

    PASSOS

    (sempre faço o melhor que posso)

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  2. "Alma de cörno",parece talhado para o perfil de Cavaco,sem dûvida.Jâ os ûltimos tres versos,dedico ao Portas.A palavra "cû",ê bastante insinuante...

    Um abraco

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  3. Bom retrato deste desgoverno. Mal sabia o Pessoa!!!

    Um beijo.

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