Já enjoa!... descem e sobem, aproximam-se e afastam-se numa coreografia de matraquilhos. A estes atores de cegada os media publicitam o espetáculo que também lhes pertence. Parem com o embuste! Por favor…
TOMA TOMA TOMA
Ainda prefiro os bonecos de cachaporra,
contundentes, contundidos, esmocados,
com vozes de cana rachada e um toma toma toma
de quem não usa a moca para coçar os piolhos,
mas para rachar as cabeças.
O padreca, o diabo, a criadita,
o tarata, a velha alcoviteira, o galã
e, às vezes, um verdadeiro rato branco
trapezista,
tramavam para nós a estafada estória
da nossa própria vida.
Mundo de pasta e de trapo
que armava barraca em qualquer canto
e sem contemplações pela moral de classe
nem as subtilezas de quem fica ileso
desancava os maus e beijocava os bons.
Ainda prefiro os bonecos de cachaporra.
Ainda hoje esbracejo e me esganiço como esses
Matraquilhos da comédia humana.
Alexandre O’Neill
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