Um crime, por mais hediondo, tem na memória colectiva
uma vida relativamente breve, e mesmo se
recordamos o horror que nos tivesse
causado, a intensidade esbate-se.
A dor que no presente sofremos anestesia padecimentos posteriores.
A comunicação social,
nomeadamente a televisão, regula a longevidade e a intensidade do sofrimento
e oculta ou traz à boca de cena, consoante o seu interesse, os responsáveis pelos males que nos causaram.
Assim se
constroem as alternâncias. Os carrascos, de mãos
ensanguentadas, recolhem-se em confortáveis conventos onde dizem expiar todos os pecados,
regressando pela mão amiga dos mídia em tempo oportuno e com a serenidade ronhosa dos
trastes.
Quando a peça em cena no palco político começa a ser pateada, os proprietários dos teatros/TV apressam-se
a substituir os actores, de preferência que conheçam bem do texto, de modo a que o
espectáculo continue apenas com pequenas alterações
semânticas e sem grandes sobressaltos.
Os espectadores andam
cansados, já não suportam
esta peça celerada protagonizada
por gente sem escrúpulos, rasteira, imprópria a uma sociedade onde impere a dignidade.
Há que invadir o palco para que sejamos nós, os protagonistas.
3 comentários:
Diz o povo e com razão "a memória do povo é curta".
Dizemos nós e com razão "a televisão é um periscópio no oceano".
Digo eu, que tenho sempre razão, no dia histórico (como todos os discursos que Sócrates pariu, fazia sempre parte do seu discurso a frase "este é um dia histórico!") em que essa praça aconteceu, os tipos da TV tinham as câmaras submersas nas águas tépidas do Tejo para não poderem ver o que estava a acontecer. Ficou o registo:em setembro, com a praça cheia éramos para aí cem mil, em março, com a praça meia, éramos quinhentos mil!
Vá lá e gente entender a máquina de lavar da TV.
Um abraço a três porque mais que isso para mim é uma manifestação
Sô o poder dominante,tem liberdade de expressao.Liberdade para influenciar opinioes,preparando os cenârios mais convenientes,para divulgar o que pretendem,e defenderem o sistema.Em polîtica,nada sucede por acaso.Estejamos atentos.
Há um conluio e uma intenção a comandar este aparecimento súbito do "filósofo" que é o Sócrates.
No mundo desta política suja, nada acontece por acaso. Esta é aminha opinião.
Um beijo.
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