terça-feira, 12 de agosto de 2008

Perguntar não ofende

Eu queria compreender

Se a maioria das companhias europeias de aviação devido ao aumento dos combustíveis está em risco de colapso, e apenas nove deverão resistir, vamos mesmo necessitar de um novo aeroporto?

Anedota da semana

George W. Bush (o tal) acusa Moscovo de "acto inaceitável no século XXI". Público 1ª página.

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Os farsantes

Ler um jornal dito de referência é um triste divertimento. 1ª página: “EUA e NATO lançam avisos sérios à Rússia”. Assim mesmo, voz grossa, viril! Os georgianos anunciaram a retirada dos territórios ocupados e manifestam a disponibilidade de negociarimediatamente” o cessar-fogo. A NATO lamenta o “uso desproporcionado da forçapor parte da Rússia. Sarkozy no alto dos seus sapatos de sete centímetros e após a saída dos lacaios de Washington afirma: “há perspectivas reais de chegar a uma saída da crise.” Os farsantes apresentam-se como senhores de uma situação que lhes escapou. A nossa imprensa é assim: tristemente ridícula!

Para o referendo na Bolívia não houve espaço. Para a falta de respeito pelos leitores um jornal inteiro.

Manto de invisibilidade

Mas o que é que vamos fazer com isto?
Segundo a "Nature et Science" os cientistas trabalham um material que pode tornar invisível o que nos rodeia. Utilizarmos o produto nos governantes não seria aconselhável porque continuariam as suas malfeitorias sem darmos por eles. Se forem os governantes a utilizar a mistela deixa de se ver a miséria embora continue a existir o que já acontece no discurso oficial.
Mais um problema!
Pelo sim pelo não vou-me prevenir com um balde desse produto que pode vir a fazer jeito e aceito desde já sugestões para como e onde o deva utilizar.

domingo, 10 de agosto de 2008

Glossário (V)

Glossário (V)

Plágio ou plagiar é usurpar as ideias ou palavras de outrem, roubo literário; plagiato acção de apresentar como seu o que se copiou e o plagiador ou plagiário andam nos bicos dos pés com suor alheio. Prear é apossar-se de (alguém ou alguma coisa) ou pilhar, se a frase o consentir. Prender também pode entrar na área do suborno: suborno que se tornou num vocábulo que se traz na lapela, símbolo de sucesso, promoção social et cetera e tal. Prescrever, prescrição são as alavancas que emperram a engrenagem judicial em benefício, geralmente, dos colarinhos brancos que desviam grandes somas; manigâncias! A responsabilidade da sua inclusão neste glossário é minha, tal como privatizar cuja raiz é comum a Privar que mais não é que tirar ou despojar. Desapossar é tirar. Quadrilha é bando de malfeitores, subordinados a um chefe que por vezes até pode legisla, privatiza e forçar as prescrições. Bem entendido que o quadrilheiro é o que faz parte da quadrilha. Rapace o que rouba, que rapina, e rapacidade a inclinação para tal mister. Rapar é apropriar-se dos bens de outrem, deixando-o sem nada. Rapina roubo violento, pilhagem e rapinação roubo ardiloso; e da mesma raiz seguem rapinador, rapinagem, rapinice, rapinanço, rapinante e rapinar. Rapto também é acto de furtar e raptar pode significar tirar alguma coisa a alguém, usando a força. E não podia faltar o rato-de-sacristia, beato falso e ladrão de igrejas, vai dar ao mesmo. Se o ratoneiro é pessoa que rouba, ratonice é roubo insignificante. Na gíria, rifar é bifar. Rouba é o mesmo que roubo e roubador o que furta e, comotantos modos de roubar, defendamo-nos da roubalheira quotidiana a que estamos sujeitos. Sacomão termo em desuso que designava o salteador e saco o acto de saquear. Saca, é um elemento de composição que traduz a ideia de sacar ou tirar, daí sacar significar também tirar a alguém, em benefício próprio e contra sua vontade. A malandragem usa safar para designar os seus furtos, e os modernos dicionários incluem o termo. Saltada é roubo com assalto e salto roubo em estrada, pilhagem ou saque. Quando se diz que o país está a saque, todos compreendem, apercebem-se dos que estão a saquear e, por vezes, até conhecem o saqueador. Senhorear-se ou assenhorear-se é tornar-se, ilegitimamente, senhor de. E sonegar é deixar de mencionar, com fraude, acto corrente para suas excelências que, embolsando milhões, apresentam prejuízos. Ao sovacar, o sovaqueiro pira-se com o roubo debaixo do sovaco, sendo denominado também ladrão de fazendas. Um pobre diabo! Ao subtrair, furta-se alguém de forma escondida ou fraudulenta, termo muito próximo do surripiar ou surripilhar, com um leque alargado, que vai da surripiação ao surripiado ou surripilhado, surripianço e ainda o respectivo surripiador que comete o surripio, acto ou efeito de furtar. Tirar é desvio ou roubo, depende da classe e do montante, e tomar é apoderar-se de bens alheios. Trabalho e trancanhir é, em calão, roubo, assalto, mas trancanhir tem pinta! Trapaçar ou trapacear é enganar, fazer contrato fraudulento, burla ou embuste; trapacice acto do que fez a trapaça. Unhar é muito usado na “Arte de Furtar” do Padre Manuel da Rocha. Quanto a usurpação, por meio de violência ou artifício, tem como artífice o usurpador, que mais não faz que usurpar, ao adquirir fraudulentamente ou apossando-se violentamente do alheio. O vigarista burla ou engana os ingénuos ou incautos e que, ao vigarizar, faz vigarice. Na letra xis encontrei o local onde se encontram os pequenos trapaceiros que vão de cana para o xadrez, xilim ou xilindró.

FIM --- Enriqueça o nosso património envie mais “entradas”.

sábado, 9 de agosto de 2008

Pastando na Lezíria

Pastando na Lezíria

O gado bravo remói o dia inteiro, é um regalo, os pastos são fresco e eles também. Vão remoendo como engordar ainda mais e dar brilho ao pelo. “O Mirante” desta semana noticia que os 3 administradores da Companhia das Lezírias distribuíram entre si 145 mil euros. O administrador Vitor Barros que à sua parte arrecadou 55 mil eurosquem parte e reparte… -- declarou ao jornal que quanto aos colaboradores (que belo eufemismo) “não há nenhuma obrigação de atribuir os prémios nem um calendário definido”. Os cerca de 100 colaboradores ficaram muito motivados e desejaram boas férias à digníssima administração. Pois então!

sexta-feira, 8 de agosto de 2008

Não chateiem o chinês

Não chateiem o chinês.

Sublinhando a abertura dos Jogos Olímpicos os democráticos canais de TV expeliam o veneno de que se nutrem. Lembrei-me do patrão que maltratava o chinês e que ao acordar sorriu vendo a seu lado um tijolo com a seguinte inscrição: “a vingança do chinês”. O patrão sorriu atirou pela janela o tijolo que… estava amarrado aos ditos.

Se chateiam o chinês ele pode deitar pela janela os papéis que mantêm em seu poder e que ainda se designam como dólar e a economia mundial nomeadamente a bushiana pode ficar castrada.

ZEPELINS E PAPAGAIOS

O ZEPELIM E O PAPAGAIO

O homem afirmava a pés juntos ou separados, tanto faz, ter visto um submarino a sobrevoar a mansão do Presidente. Obviamente foi preso, e interrogado confessou que o submarino rebocava um enorme pano com as palavras de ordem: “abaixo o novo código laboral e mais quem o apoiar”, “não à Praça da Jorna”, “não ao novo código de exploração”. Um atentado! Concluiu Sua Excelência. E de imediato ordenou a proibição de ser sobrevoado por alcatrazes, peneireiros, zepelins e papagaios. E por bicicletas, acrescentou em rodapé.

quinta-feira, 7 de agosto de 2008

Com ou sem hífen?

Ao deparar com o título do PúblicoSalários podem vir a ser pagos em espécie sem acordo do empregado.” Lembrei-me – vá saber-se porquê -- daquele individuo que, exaltado, ao escrever para os governantes, para suavizar o texto foi ao dicionário confirmar se filhos-da-puta se escrevia com ou sem hífen. E acabou por não lhes escrever porque no “Dicionário Houaiss” a grafia é com hífen e no da “Academia das Ciências” é sem hífen.

Glossário (IV)a

Glossário (IV)a

«Metaõ todos os Ministros, Cabos, e Officiais as mãos em suas consciências, e acharáõ, que tanta pena como o ladraõ merece, quem lhe dá occasiaõ semelhante para o ser

(Arte de Furtar, Capitulo XX)

Senhores escroques, onzeneiros, pichelingues, sovaqueiros e toda a malandragem que chafurda neste lameiro. Não vos vão faltar sinónimos para definir as manhas, piratices e palmanços, que são o vosso modo de ser e estar, nesta sociedade que vos acarinha. Procurei com estes cerca de 300 vocábulos diferentes, prestar-vos um serviço, de modo a que seja empregue, para cada crapulice distinta, o termo mais adequado. Desejo-vos muitas prescrições e outras benesses ao dispor de toda a pandilha que nos pilha. Este é o último glossário, tomem notas, digo, tomem apontamentos. Safa!

Dos jogos malabares, que na sociedade tanto se praticam, o gingão, muito a propósito, emprega malabar como roubar, e o malandro, que também pode ser gatuno, tem como diminutivos malandrete, malandrim ou malandrote e seus hierárquicos superiores o malandraço ou malandrão. Ao malversar, fazem-se desvios abusivos. Mamata é roubo de alto nível e marmelada negócio inescrupuloso; ladroagem vício de ser ladrão, e meliante gatuno. Barrela, que me fugiu à ordem alfabética, significa engano, logro, esparrela e comedeira que também vem fora de ordem refere-se a lucro desonesto muito próxima de exacção, malversão por abuso de poder; rapina. Em calão, mordido é o roubado. Mosco é furto em residência com cave falsa, furto audacioso, com assalto; meter a unha é extorquir, meter a mão, roubar. Ocultar é sonegar rendimentos… cometendo fraude. Onzenar é praticar usura, e onzeneiro o seu autor. Palmar é bifar; palmanço, gamar e dar a palmada tem a mesma raiz. O pandilheiro faz parte da pandilha ou quadrilha de ladrões. O pantomineiro, mestre em histórias para enganar, exerce a pantomina e, com as suas pantominices, acaba por levar à certa, com inteligência, a vítima escolhida. Para o populacho, picar é roubar, e pichelingue o larápio. Ao pifar, furta-se. Pilhar tem extremos, vai do reles pilha-galinhas à pilhagem praticada, geralmente por um grupo, de forma devastadora; mas pilha é o larápio e pilho ou pilhante o gatuno ou patife. E chegámos ao pirata, ladrão ou ladra do mar e não , sujeitos que estamos a piratices, piratada, piratar, piratagem e a todas as piratarias que se nos colam como sanguessugas, indivíduos que por meio de exacções tiram dinheiro a outrem.

quarta-feira, 6 de agosto de 2008

O REGRESSO

O REGRESSO

“A desconfiança a todos os níveis e as dívidas que atingem limites assustadores fazem com que as pessoas cortem na alimentação e outros bens”.

Miguel Goulão

Um pedacito de lápis que os miúdos deixaram sobre a mesa, o espaço da página não impressa de um anúncio de luxo num jornal e o sobrolho carregado que não serviria para publicitar o prazer de estar em férias.

Contabilizar os compromissos a satisfazer ao regressar a casa é um exercício penoso mas necessário.

O jornal, o lápis, o homem e os números, números que, gemendo apreensões, vão escorrendo pelo papel.

Um gole de café requentado, um cigarro e mais cifrões (ou eurões?) que adicionava, lenta e penosamente, a outras parcelas, e outras e outras ainda, à pilha de algarismos que não parava de crescer.

Para descontrair, o “homem em férias”, displicente, folheou o jornal detendo-se, sem interesse, num ou noutro título: corrupção, EDP, inflação e outras bagatelas que não cabiam no cesto do seu desinteresse; voava, ou pretendia planar, acima de preocupações tão comezinhas.

Vagueou o olhar pelo que o circundava, retendo-se numa garrafa de whisky, vazia dois ou três dias; empresta um certo estatuto ter um bom whisky em casa, de preferência bastante velho; é chique!

Mas… os números, sempre os números a fustigá-lo. O empréstimo feito ao banco, os juros dai decorrentes, contas que ficaram por saldar!

A euforia dos primeiros dias de pretenso repouso esfumou-se e, se o sol continuava, o relativo bem-estar fora de pouca dura, a realidade, aos poucos, impôs-se.

Férias, não são tempo livre; pressupõem disponibilidade de espírito, tranquilidade que, partindo do presente, não pode deixar de ter em conta o futuro, e o futuro era a garrafa vazia e, os meses de Setembro e Outubro, cheios de problemas, que alguns dias de desejado descanso vieram agravar.

Não havia tido em conta os imprevistos: amigos e conhecidos que se encontram, e não se pode deixar de acompanhar a bons restaurantes, contactos que se não devem perder porque ninguém sabe o dia de amanhã. E de compromisso em compromisso, esparrela em esparrela e um descontrolo sobre os eurosmil escudos são cinco euros, -- a carteira foi minguando.

Não se fazer encontrado em locais de referência, onde políticos mediáticos e seus cortesãos aquecem as suas influências, teria custos elevados.

A engrenagem dos favores é complexa e implacável. A troca de um sorriso, o esboço de um cumprimento, são mais-valias a não menosprezar, podem mais tarde servir de pretexto paratrocar impressões”, insinuar-se, mostrar-se disponível, em suma, tirar daí proveito: negociar favores!

Quase a medo abre o jornal na página fatal: “movimento bolsista”. Os malditos papéis valem cada vez menos, melhor será despachá-los.

Colocar os filhos no ensino público, frequentar restaurantes modestos, levar a vida pacata do comum dos mortais são golpes rudes de suportar, geradores de incompreensões que se traduzem em desaguisados familiares e distúrbios psíquicos, dos quais, dificilmente, se libertam os que enveredam por caminhos escorregadios.

A pequena e média burguesia têm pés de barro e tentam, usando cordas sebosas, guindar-se ou confundir-se com os poderosos; exercício que os leva a cair, com frequência, na classe que sempre menosprezaram.

Insurgem-se contra os senhores que lhes alimentaram ilusões, culpabilizando, no entanto, os que no sopé da pirâmide lutam pelo pão de cada dia.

Nunca se olham ao espelho, o mal vem sempre dos outros. Desconhecem, no fulgor do efémero sucesso, que a instabilidade a que todos, absolutamente todos, estão sujeitos é uma constante, tão mais traumática, quanto mais alto se sonha subir.

Classesinha de frustrados, híbrida, fragmentada e presunçosa. Coitada!