segunda-feira, 31 de março de 2014

CLASSE TAMPÃO


A massa cinzenta da intelligentsia nacional com certificado de qualidade passado pelos mídia ditos de referência, está ao rubro.
Enorme tristeza e preocupação são uma constante. “Estão a liquidar a classe média”, dizem. Há os que entram em delírio afirmando que «E, sem classe média, não há país, não há sequer democracia, porque a classe média é o motor de uma democracia».
A classe detentora do poder necessita de peões bem apetrechados e razoavelmente nutridos para fazer face à plebe quando esta perde a paciência. O cerne da preocupação dos bem-pensantes, não está propriamente no empobrecimento da classe média mas na vulnerabilidade a que ficam expostos os grandes senhores do capital. Alguns cérebros postos a funcionar como alerta para os perigos a que os opressores estão sujeitos, deixam suspensa a ideia que é preferível manter à trela a “classe tampão” do que a deixar engrossar o descontentamento que se avoluma. Os pensadores ao serviço da grande burguesia advertem que tem sido a pequena e média burguesia a defender os seus privilégios, servindo de batente às investidas dos assalariados. Os vários extratos da pequena burguesia e da classe média “analfabetos políticos” que por vezes entrelaçam os seus interesses, temem pelo futuro, e, em desespero, amaldiçoam a classe para onde estão a ser empurradas, culpando-a pelos seus desaires.
Que os assalariados estejam cada vez mais sujeitos a exploração desenfreada, que os pobres sejam cada vez mais, e mais pobres, não é questão que mais apoquente os pensadores que por vezes até se apresentam como sábios. Não! O problema está na extinção da classe tampão e as suas preocupações não passam de tapa-olhos.

Na penosa caminhada para o socialismo o proletariado tem principios morais.

sexta-feira, 28 de março de 2014

OS CARROCEIROS E OS AUDI

 Só lhe falta um Audi para ser feliz
Um burrito já não seria mau mas um Audi é o máximo



Quando a afronta atinge níveis que supúnhamos inatingíveis, ficamos como que bloqueados para a conseguir classificar.

Aos alemães saiu o primeiro prémio e a importadora nacional de João Pereira Coutinho (SIVA), cujo proprietário, intimo amigo de Durão Barroso a quem ofereceu quando era primeiro-ministro férias paradisíacas numa ilha de que é proprietário, não se pode queixar.

Para já a alemôa e o SIVA estão de parabéns.

Podiam ser sorteadas ações de certos bancos que já se arrematam em qualquer tasca, abaixo do preço de uma bica, as cuecas da ministra ou entradas para o próximo Congresso do PSD ou ainda algo de mais pornográfico como um DVD com as declarações do primeiro-ministro durante a última campanha eleitoral.

Sugeria ainda que sorteassem um dia passado com Mário Soares ou Cavaco Silva, Duarte Lima, Dias Loureiro ou Isaltino por onde jorra um manancial de sabedoria e intrínseca honestidade.

Por mero acaso ou sorte ou qualquer outra coisa que nos possa passar pela mente, a dona Merkel arrecadou um milhão e quinhentos mil euros e por arrasto à SIVA do Coutinho tembém calhou uma pipa de massa.

Entretanto…
O Estado pediu a penhora de meio milhão de salários em 2013
Os valores da cobrança coerciva bateram um recorde ao aproximar-se dos dois mil milhões de euros. Créditos, imóveis, contas, veículos e vencimentos são o alvo.

ABRIL - cartaz/41

quinta-feira, 27 de março de 2014

MISÉRIA AUTO-SUSTENTÁVEL


A ministra aliviava-se na sanita ministerial quando entre dois traques, sorrateira, uma bufa sobe-lhe ao bestunto, e, eureka!... surge a nojenta ideia: «O Governo está a estudar um mecanismo que permita ajustar o valor das pensões à evolução de indicadores económicos e demográficos e que substitua o efeito da CES.» O Documento de Estratégia Orçamental vai já incluir as mudanças definitivas nas pensões, que terão em conta indicadores económicos e demográficos. Cortes nas pensões em 2015 terão caráter permanente.

Na base de um eufemismo manhoso, toda a clique do ‘arco da governação’ propalou a viperina ideia de que o Estado estava gordo. Privatizaram ao desbarato todas as empresas rentáveis, e os novos senhores para mais engordar passaram a deixar os seus impostos no estrangeiro. O Estado foi emagrecendo e nós definhando.

Por diversos meios, os trabalhadores e pensionistas passam a ser a única fonte de receita a alimentar os cofres estatais, e, o Estado em função dos baixos proventos, diminui os salários e as pensões, e assim sucessivamente até à inanição total.

quarta-feira, 26 de março de 2014

E QUANDO FICAREM SEM OS PAIS?

Mobilizar muitos destes jovens para lutarem pelo seu futuro, não é tarefa fácil. Habituados que estão a viver no natural conforto paternal, vão adaptando as suas necessidades no ramerrão sem objetivos, preocupações ou responsabilidades à mistura com alguns sonhos fugazes que redundam em frustrações. Vegetando à margem da sociedade, sem vivências no mundo do trabalho, não tomam consciência de classe própria aos explorados. Vagando na inércia, tornam-se céticos desenvolvendo sentimentos díspares e contraditórios.
O tempo vai correndo, o ninho familiar desfaz-se. É o abismo.
 

ABRIL - cartaz/40

terça-feira, 25 de março de 2014

O PARAÍSO E A REALIDADE


Discurso oficial não enche barriga. Os pastores da miséria, essa casta-corja que nos castiga, predadores que peroram diariamente do cimo da sua arrogância, para nos fazer crer que a miséria presente é a via celestial que nos transporta a um futuro radioso, e, se pretendermos ser felizes teremos de aprofundar a nossa infelicidade. Todos os indicadores projetam maior degradação social e a corja bolça escárnio anunciando melhores dias.
 
Muitos dos que contribuíram para criar tamanha indignidade agrupam-se hoje descartando-se dos crimes em que participaram. São, em parte, jesuítas que não gostam de ver correr o sangue pelas sargetas, alvitrando que é possível liquidar os pobres sem que o INE disso se aperceba.


OS LAMENTOS BAFIENTOS AMOLECEM  A LUTA

domingo, 23 de março de 2014

MARCHA POR LA DIGNIDAD

 ASSIM SE TECE A REVOLTA
 
Há clarões de beleza na expressão da revolta popular onde os sentimentos se fundem e fortalecem.

Quem luta pela dignidade coloca-se a um nível superior civilizacional.

Nesta “Jangada de Pedra” que vive no coração de Saramago a luta atingiu o seu máximo expoente. Em todas as províncias de Espanha o povo saiu à rua exigindo dignidade. Todos os dias das principais cidades aos lugarejos mais recônditos em Portugal o povo manifesta-se exigindo tratamento digno e o respeito que é devido a todos os cidadãos.
 
Foram MAIS DE DOIS MILHÕES os espanhóis que se manifestaram ontem 22 de Março e os nossos jornais, ditos de referência, calaram o acontecimento.
A indignidade mora nos nossos meios de intoxicação social, o que é natural, são pertença do grande patronato que engorda com a fome do povo.

«Madrid se llena de "dignidad" en una multitudinaria manifestación con dos millones de personas

Las 'Marchas de la Dignidad' ponen fin a dos semanas de reivindicación uniéndose en una multitudinaria manifestación en el centro de Madrid que, según los organizadores, ha concentrado a más de dos millones de personas. Protestan contra los recortes sociales y las políticas de la troika que incrementan las desigualdades. Muchos son desempleados que no reciben ya ninguna prestación o jubilados que son la única fuente de ingresos para sus familias.»

sábado, 22 de março de 2014

"Um muito bom caminho"

 
“Em conferência de imprensa a seguir ao encontro com o primeiro-ministro português, a chefe do Governo alemã sublinhou que Portugal tem dado passos na direção certa, apelidou as medidas de austeridade de corajosas e disse que Portugal está num muito bom caminho.”
(Público, 2 de março de 2011 José Sócrates primeiro-ministro)

“Portugal está no caminho certo, “Mérito de quem aplicou as medidas austeras”
(Merkel 2014, Passos Coelho primeiro-ministro)

As “insanáveis divergências” de Seguro inscrevem-se no mesmo areal onde Portas fixou a sua “decisão irreversível”.
 
Após o anunciado desentendimento entre Seguro e Passos este último foi recebido por Merkel e a chanceler alemã revelou que “A oposição também apoia as medidas orçamentais”, o que nos permite concluir que as tais “insanáveis divergências”, pretendem tão-só esconder o conúbio ainda não revelado oficialmente para não comprometer a festa eleitoral.