quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

Tudo é possível...

Os sem-abrigo que ocupam as arcadas da Praça do Comércio, aguardam que termine o fogo-de-vistas e desliguem a música para estenderem os cartões-colchões e iniciar o primeiro sono de Ano Novo ou Ano Bom. É até possível que os “Anjos da Noite” lhes sirvam uma bebida quente e lhes desejem bons sonhos. Tudo é possível.

terça-feira, 30 de dezembro de 2014

A não esquecer



«Na madrugada de sábado na sequência de um AVC, homem morre após seis horas de espera nas urgências.»

O filho da vítima, encontrou o pai morto numa maca, ainda com a ficha de entrada no hospital por preencher.

São crimes perpetrados pela matilha governamental e executados friamente, não pelos profissionais de saúde, mas pelas dificuldades que lhes são impostas.

Somos todos potenciais vítimas.
Não esqueçam...

segunda-feira, 29 de dezembro de 2014

Ano novo?



Ano novo?

«Há duas maneiras de matar: uma que se designa abertamente com o verbo matar; outra, aquela que fica subentendida habitualmente sob este eufemismo delicado: “tornar a vida impossível”. É a modalidade de assassinato lento e obscuro, que requer uma multidão de cúmplices invisíveis. É um auto-de-fé sem chamas, perpetrado por uma inquisição difusa.»
Eugène D’Ors, La vie de Goya

Um outro ano será de certeza, mas porque trará por arrasto os vícios e malefícios do ano que se diz findar; novo, novo de certeza, não será.

O dito “Ano Novo” transportará no seu bojo tudo o que herdar de bom ou mau, quando à nascença o seu progenitor se finar.

E não poderia ser de outro modo. Como é que na sequência deste ano infecto, repleto de pústulas, poderá surgir um outro escorreito, saudável, no seio do qual nos dê gosto ou seja desejável viver?

Em crescendo, às dezenas de milhar, os que sobrevivem da força de trabalho expressam na rua angústia e revolta; estranho seria que assim que mudasse o calendário, saltitantes – ano novo, vida nova – esquecendo os atentados de que foram vítimas durante o ano que suportaram, rasgassem a última página do calendário sorridentes, felizes.

Vive-se o desconforto das manhãs húmidas e de viscosidade que se nos cola à pele, e nesse mal-estar paira um resmungar colectivo que convida ao conflito.

O descontentamento é tecido com agulhas de sofrimento, processo lento, e no entanto seguro, que atravessa horizontalmente dias, meses, anos, sem ter em conta o almanaque.

O novo ano anuncia-se, abrem-se as janelas para o ver chegar, mas perde-se o jeito de o saudar; não surge triunfal como se poderia esperar, antes sonso, desajeitado, sem o rosto da esperança ou o porte viril da confiança.

A noite está escura e o som dos camiões do lixo não são bom presságio. Ao longe ouvem-se os morteiros e a alegria manifesta-se fugaz no colorido e na luz do fogo-de-vista. Volta a escuridão sem artifícios, é a realidade que se impõe, o negrume da tristeza que acompanha a insegurança.

Adivinha-se a madrugada impenetrável. O novo dia chega-nos denso, incerto. Vultos disformes deslizam fugazes e hesitantes no caminhar.

Compete-nos iluminar o futuro de bem-estar que nos tem sido extorquido e dar-lhe sentido lutando contra a quadrilha de malfeitores que se apoderaram dos nossos bens e põem diariamente em risco as nossas vidas.

quarta-feira, 24 de dezembro de 2014

Só mesmo por milagre. Só!




Dois mil anos é muito ano, mas… passar das palhinhas ao sumptuoso Palácio Apostólico digno de Creso. Só por milagre. Só!

O euro-milhões é recente, e mesmo com BPN, BES, Submarinos, Golds e Cia, não podíamos fazer face sequer, a tão deslumbrante encenação.

Deviam ter seguido o exemplo de Job, que de rico e saudável se tornou pobre e doente e, resignado aceitou tal condição? Pobre talvez, doente não.
“Ele que nasceu na pobreza numa caverna em Belém para ensinar a humildade”. Papa Francisco (22/12/2014)

O Papa Francisco fala em Alzheimer. Eu bem me queria parecer!...

assim se compreende, que num espaço escandalosamente faustoso, dissesse que “Ele que nasceu na pobreza numa caverna em Belém para ensinar a humildade”. Há doenças perversas, e o alzheimer é uma delas.
Há no entanto, cegos ou néscios, que não se apercebem das contradições, por mais gritantes que sejam.