quarta-feira, 21 de julho de 2010

A bandeira da retoma


Apresento-vos a
bandeira da nossa retoma.



A bandeira da economia esfarrapada

da esperança desesperada

de governos vale-nada

a bandeira da retoma-desemprego

a bandeira da retoma mete-medo

a bandeira do esbulho e da corrupção

bandeira reduzida a estrela-cadente

símbolo do nosso devir decadente

onde Bruxelas limpa as partes pudendas

bandeira-frangalho arvorada pelos autocratas

que matam postos de trabalho

Mas, e…

se retomássemos juízo e implantássemos dentes de siso dando a cada um de nós o que é preciso?


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domingo, 11 de julho de 2010

OS LOBOS AGUÇAM AS MANDÍBULAS

Vem tudo muito bem explicadinho no

Livro Verde”, editado pelos escravocratas da Comissão Europeia.

Advogam os bárbaros que os Estados membros devem subir progressivamente a idade da reforma até aos 70 anos em 2060. Que “o factor sustentabilidade” deve ter em conta a esperança média de vida e que quem quiser manter o valor da pensão tem que trabalhar mais. O chefe dos bárbaros da UE, Lászlo Andor, afirmou que “Portugal tem maior capacidade para enfrentar os desafios e é um exemplo a seguir.” Seguir para onde não diz, mas que ficamos orgulhosos não restam quaisquer dúvidas. Talvez exemplo de miséria e corrupção.

Para os que não se finarem até aos setenta anos levarão o resto dos seus dias a caminho dos hospitais. Alegre final de vida após mais de meio século de trabalho.

Estes pilantras que abocanharam os nossos destinos, e encandeados pela gula que perseguem não sabem o que acontecerá amanhã, querem lançar planos para cinquenta anos.

Haverá União Europeia em 2060 e, caso se mantenha, os povos vão permitir o esbulho perpetrado por essa canalha?

O desemprego e a miséria mesmo para os que ainda trabalham, e que alastram como crude no Golfo do México, destruindo sonhos e famílias numa das maiores catástrofes sociais de que temos memória, poderão continuar deixando impunes os criminosos?

A luta de classes exacerba-se e a correlação de forças altera-se.

A força do trabalho terá que se impor e impor-se-á!

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quinta-feira, 8 de julho de 2010

Mahmoud Darwish

Carteira de identidade
Mahmoud Darwish

e cuidado...cuida-te
de
minha fome
e
minha cólera.

Registra-me!
sou
árabe
o
número de minha identidade é cinquenta mil
tenho
oito filhos
e o
nono... virá logo depois do verão!
Vais
te irritar por acaso?

Registra-me!
sou
árabe
trabalho com meus companheiros de luta
em uma pedreira
tenho
oito filhos
arranco das
pedras
o
pão, as roupas, os cadernos
e
não venho mendigar em tua porta
e
não me dobro
diante das lajes de teu umbral
vais
te irritar por acaso?

Registra-me

sou árabe
meu nome é muito comum
e sou
paciente
em um país que ferve de cólera
minhas raízes...
fixadas
antes do nascimento dos tempos
antes da eclosão dos séculos
antes dos ciprestes e oliveiras
antes do crescimento vegetal
meu pai... da família do arado
e
não dos senhores do Nujub*
e
meu avô era camponês
sem árvore genealógica
minha casa
uma
cabana de guarda
de
canas e ramagens
satisfeito com minha condição
meu nome é muito comum

Registra-me
sou
árabe
sou
árabe
cabelos... negros
olhos... castanhos
sinais particulares
um keffiah* e uma faixa na cabeça
as
palmas ásperas como rochas
arranharam as
mãos que estreitam
e
amo acima de tudo
o
azeite de oliva e o tomilho
meu endereço
sou de
um povoado perdido... esquecido
de
ruas sem nome
e
todos os seus homens... no campo e na pedreira
amam o
comunismo
vais
te irritar por acaso?

Registra-me
sou
árabe
tu me despojaste dos vinhedos de meus antepassados
e da
terra que cultivava
com meus filhos
e
não os deixastes
nem a nossos descendentes
mais que estes seixos
que nosso governo tomará também
como se diz
vamos!
Escreve
bem no alto da primeira página
que não odeio os homens
que eu não agrido ninguém
mas... se me esfomeiam
como a carne de quem me despoja
e
cuidado...cuida-te
de
minha fome
e
minha cólera.

Mahmoud: imortal!
Por Elaine Tavares - jornalista

. 1 Célebre tribo da Arábia
2
Lenço com desenhos quadriculados, usado para cobrir a cabeça e
que
tornou-se símbolo nacional palestino pela liberdade e independência.
Originariamente,
esse lenço é usado pelos camponeses para
protegerem a
cabeça durante o trabalho no campo.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

"Confissão de um terrorista!" -- Mahmoud Darwish


Poeta e Lutador


Confissão de um terrorista!

Mahmoud Darwish

Ocuparam minha pátria

Expulsaram meu povo

Anularam minha identidade

E me chamaram de terrorista

Confiscaram minha propriedade

Arrancaram meu pomar

Demoliram minha casa

E me chamaram de terrorista

Legislaram leis fascistas

Praticaram odiada apartheid

Destruíram, dividiram, humilharam

E me chamaram de terrorista

Assassinaram minhas alegrias,

Sequestraram minhas esperanças,

Algemaram meus sonhos,

Quando recusei todas as barbáries

Eles... mataram um terrorista!



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terça-feira, 6 de julho de 2010

Um povo que não se verga - Mahmoud Darwish


As mulheres enfrentam os naziSSionistas
a luta é de todo um Povo

A Espera Dos Que Voltarão

Meu povo plantou suas tendas na areia
E estou acordado
com a chuva
Sou
filho de Ulisses aquele que esperou o correio do Norte
Um marinheiro me chamou, mas eu não parti
Atraquei o
barco e subi ao cume de uma montanha

- Ó rocha sobre a qual meu pai orou
Para que fosse abrigo do rebelde
Eu não te venderia por diamantes
Eu não partirei
Eu não partirei
As
vozes dos meus fendem o vento, sitiam as cidadelas

- Ó mãe, espera-nos no umbral
Nós voltaremos
Este tempo não é como eles imaginam
O
vento sopra segundo a vontade do navegante
E a
corrente é vencida pela embarcação
Que cozinhaste para nós? Voltaremos
Roubaram as
jarras de azeite Ó mãe, e os sacos de farinha

Traz as ervas dos pastos, traz
Temos
fome
Os
passos dos meus ressoam como o suspiro das rochas
Debaixo de uma mão férrea
E estou acordado
com a chuva
Em vão perscruto o horizonte
Permanecerei na
rocha... debaixo da rocha...
inquebrantável

Mahmoud Darwish



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segunda-feira, 5 de julho de 2010

Contos Cubanos - Mahmoud Darwish


Ainda e sempre a luta contra o naziSSionismo

Contos Cubanos

I
Não tenho tempo agora
De
contar as histórias dos mártires
Não tenho tempo
Os
lábios das feridas em curso
Me sangram... devoram meus últimos instantes
Mas tu não chores
Meu sangue é um fio de azeite
Que alimenta a lâmpada da liberdade
Não chores tu
Enquanto cuba esteja em

II
Mãe
As
lágrimas sobre mártires vivos
São uma grande vergonha
Ora pela terra verde
Que seja pródiga em pães para seus filhos
Reza
pelos vivos
Que permaneçam anos em sua pátria
Não comi meu pão... Ó mãe
Os
inimigos se fartaram... inclusive de minha carne
E
amanhã... os corvos dos bosques negros
Disputarão
meu corpo
Mas ficarão o pão e Cuba
Para os cubanos livres

III
Minha tumba Ó mãe... minha tumba não tem endereço
Eu vivo em todas as partes
Caminho... e não tenho pernas
Falo... e não tenho língua
Vejo... e
não tenho olhos
Eu vivo em todas as partes
Sou o
deus deste século
Filho de Revolução... e da dor

Mahmud Darwish