sexta-feira, 28 de dezembro de 2012

ANO NOVO, NOVAS LUTAS




ANO NOVO, NOVAS LUTAS

“O caminho do inferno está pavimentado de boas intenções
Karl Marx

Sempre que o Ano Novo nos está a bater à porta, são chamados a botar palpites em todos os órgãos de manipulação socialjornais ditos de referência, rádios, televisões e outros megafones do grande capitalespecialistas em esoterismo, adivinhos, magos, bruxos, videntes, feiticeiros, todos os profetas da nossa praça, com faculdades divinatórias de amplo leque, que vão dos cartomantes ao especialista em necromancia: os poderes supranormais conglomeram-se para predizerem o que trará dentro de si o bebé anonovo.

Os meus vaticínios têm sido testados; nunca falhei! Então, porque razões me ignoram?

Não me embrenho nas catacumbas do ocultismo, nem me ajoelho de mãos postas procurando respostas do além-mundo. Sou muito mais terra-a-terra: olho em meu redor, observo rostos e leio nas expressões os seus anseios, nos olhares sem expressão as inquietudes e no próprio andar o desânimo ou cansaço.

Nunca falho! Reafirmo! sei: dizem que sou agoirento. Mesmo com semelhante epíteto não desisto e, agoirento ou não, sem me socorrer dos astros, porque nem tão-pouco astrólogo sou, afirmo com a maior das convicções que para o ano os ricos serão ainda mais ricos e, como consequência, os pobres serão cada vez mais e mais pobres. Se isto não for verdade que nunca mais possa escrever sequer uma letra!
A corrupção continuará sem freio nos dentes. Ainda não roubaram tudo. Vamos assistir a mais desemprego, injustiça social e ainda muito mais canalhice governamental. É uma certeza irrefutável, não precisam de consultar os videntes.

Não necessitamos de fazer apelo aos búzios para afirmar que iremos continuar a privatizar e depois dos aviões será a vez dos nossos sonhos. Não desesperem.

Qualquer bola de cristal, mesmo da Marinha Grande, deixa-nos ver os portugueses a emigrar cada vez mais e eu, mesmo sem bola, antevejo mais compatriotas a saírem para tomarem o lugar dos que na década de sessenta também fugiram à fome.

O governo dará mãos livres ao patronato para despedir ainda mais para assim reduzir o número de desempregados. O crescimento económico será negativo, é um oximoro, crescer para trás, mas os malabaristas da linguagem têm destes truques. Entretanto não haverá crise para os Bancos e os Jet7 vão continuar a sugar os Jet/zero, mais conhecidos por Zé-povinho.

A nível internacional, assistiremos à continuação do genocídio na Palestina, ao massacre do povo sírio e ao esboroar do estado social onde quer que o imperialismo dite as suas regras.

Os povos vão intensificar as lutas pelos seus direitos e as suas "democracias" irão intensificar a repressão.

Se tudo isto não acontecer emigro para Marte ou qualquer outra parte.


quarta-feira, 26 de dezembro de 2012

VIVÓ BAPTISTA

ver   aqui  os outros baptistas



O Baptista é o meu herói. VivÓ Baptista da Silva!
 Abaixo os baptistas burlões que governam governando-se. O verdadeiro Baptista da Silva é inteligente, os falsos Baptistas são uma cambada de cretinos que viram no Baptista da Silva um seu igual. O Baptista da Silva, “como coordenador da equipa das Nações Unidas” numa das suas conferências, ao se referir aos juros que o país vai ter de pagar pelo resgate, disse tratar-se de “agiotagem”. Os baptistas que se governam na governança afirmam que aceitar a agiotagem é um dos nossos compromissos. O Baptista da Silva ainda atrás das grades disse a um advogado mediático, seu ex-colega de liceu, que havia estado ligado ao grupo parlamentar do Partido Socialista, afirmação de tal modo plausível que ninguém poderia por em dúvida. O Baptista da Silva, o meu herói, dizem os jornais que “foi tratado como poucos no Grémio Literário e ouvido com admiração” e até foi citado pela imprensa internacional. (aqui)
VivÓ Baptista da Silva! Viva!
A dúvida que se instalou neste momento é se o Batista da Silva na próxima remodelação governamental, que tantos baptistas desejam, deva substituir o Relvas, o Gaspar ou até possa ser cooptado como o Mário Monti da governança portuguesa.

Vou promover um abaixo-assinado.

«Artur Baptista da Silva, muito mais honesto que qualquer outro governante, coordenador das Nações Unidas, professor de uma universidade americana que não existe, com doutoramento sobre o crescimento, as desigualdades e a pobreza e além do mais economista lhe sejam concedidos, depois desta façanha, todos os canudos da Lusófona a que outros Baptistas tiveram acesso

VivÓ verdadeiro Baptista da Silva, abaixo os falsos baptistas que sendo mais trafulhas que o Silva ainda não foram presos. Viva!

domingo, 23 de dezembro de 2012

BOAS-FESTINHAS



«Nãonada isento de revoluções, e alterações do mundo; tudo nele se muda, porque tudo se move; por isso a firmeza é violenta, ao mesmo tempo que a inconstância é natural
Matias Aires

A rotina está: enfadonha, amorfa, insípida. O que poderia ser um excelente pretexto para manifestarmos os nossos profundos sentimentos de solidariedade actuante e permanente, não vai além da ladainha habitual, despersonalizada, frouxa, sem alma. Boas-festinhas nha-nha-nhá, agora sem jerico mas com as receitas requentadas nos bilhetes-postais do costume ou ainda a blogosfera inundada de mensagens com bonequinhos saltitantes e inexpressivos.

Este ano o meu bilhete de boas-festas será ilustrado com um bispote. O vaso em questão, bacio, doutor ou penico, deixo o vocábulo ao vosso gosto, é o símbolo mais eloquente da civilização e do momento histórico que estamos vivendo.
Provocação; insensibilidade; mau gosto?

Provocação seria enviar-vos as boas-festas sem esboçar um gesto de revolta face aos crimes que, neste preciso momento, estão a ser cometidos, ou cooperar na farsa dos que, para alijar a conscienciazinha, deixam à saída do supermercado uns baguitos de arroz e a alma aliviada.

Insensibilidade seria também não corar de vergonha ao assistir a peditórios paradar de comer a quem tem fome”. Fome, artimanha do destino, espécie de flagelo incontrolável, catástrofe natural ou crime contra o qual se esgrime com pipocas, coca-cola e uns torrões de açúcar, sem que, por cobardia intelectual, física, social ou pela cómoda inércia que usa óculos fumados não coloca a questão: Porquê a fome?

Mau gosto seria ignorar ou achincalhar a clássica questão colocada por Almeida Garrett: quantos pobres são necessários para fazer um rico?”. Quando é sabido que um homem, neste momento, possui uma fortuna superior a mais de uma dezena de países do dito terceiro mundo, países onde morrem literalmente de fome milhões e milhões de crianças e, face a este genocídio, friamente organizado, à porta dos supermercados, deixar-lhes uns brinquedos, saquinhos de rebuçados e algum , é mais cómodo do que gritar: assassinos! Ou ir para a rua alertar para o crime e dizer onde se encontram os seus algozes.

Com o óbolo pio, seguem reconfortadas as boas almas a tempo de não perder o fio às telenovelas que limitam as preocupações, o raciocínio e a inteligência, no casulo morno do doce lar. Se a fome algum dia lhes bater à portalogo se verá.

E estes jones de meia-tigela tão-pouco se apercebem que a esmola oprime, despersonaliza e ofende quem a recebe, deixando no “benfeitor” o rasto pastoso de gestos a esconder.

Provocação ainda seria desejar boas-festas, a seco, a todos os desempregados, às famílias que passam fome, aos que são obrigados a emigrar e a todo um povo deste país que tem criminosos no poder.

“O mundo está uma arrastadeira, um caneco onde me recuso viver de braços caídos. Prometo-te amigo, cidadão, camarada que lutarei até ao limite das minhas forças pela conquista da dignidade usurpada, pela justiça escarnecida, onde o ser humano seja o sujeito das nossas preocupações, o objecto e o objectivo das nossas vidas, para que um dia possamos trocar as boas-festas sem o terror da incerteza a esmagar os nossos sonhos.”