Possidónio, (deprec.)políticosertanejo, quesóvê a salvação do país na suspensão das despesas públicas e o seucorteprofundo e incondicional.
(in váriosdicionários)
No último quarto do século dezanove, nos jornais de Lisboa, um folhetinista passou a designar de Possidónio um deputado que preconizava, para salvação do país, o corte profundo e incondicional de todas as despesas públicas; e os seus escritos obtiveram tamanha notoriedade que o termo se impôs, quer tornando-se substantivo comum ou adjectivando, de modo depreciativo, o que revelava mau gosto, apego ao convencional, pouca sofisticação que ou o que é simplório, piroso ou provinciano. Assim rezam os dicionários.
Camilo Castelo Branco e Aquilino Ribeiro usaram-no nos seus livros e, porque Salazar foi a expressão mais gritante do possidonismo passado, o vocábulo continua encarcerado para não incomodar os governantes de hoje.
Os Possidónios aí estão comoutralinguagem e os mesmos objectivos, cortando, incondicionalmente, todas as despesas públicas para salvação da pátria. E quantomais se vai cortando, seja à machadadaoucommotosserra, mais a nação se afunda e, no entanto os Possidónios não desistem: encerram-se nosCentros de Saúde os Serviços de Atendimento Permanente, fecham-se maternidades e urgências deixando as populações desprotegidas e abrindo caminho aos hospitaisprivadospara regalo dos abutres da saúde.
Para os novos Possidónios há quesalvar a Nação e, para essa gentaçagrosseira, uma nação é desprovida de sereshumanos: é o vazio, talcomo os seuscérebros.
Corta-se no ensino, ou seja, no saberquenosliberta da pesada e velhaignorânciaque tem servido e continua a ser a aliada privilegiada de todos os autocratas: o ensino degrada-se, reduz-se o pessoaldocente e auxiliar, fecham-se escolas; e esteimportante sector onde repousa o nossofuturo é espezinhado. Paraumbomchoquetecnológico há quedificultar, desde o início, o acesso ao conhecimento: Os Possidónios no seuapogeu!
Encerram-se Centros de Apoio a Idosos por falta de verbas da Segurança Social. Os idosos que em campanhas eleitorais são apaparicados, passada a festa não são mais que um fardo para os governantes e, como prémio, cada vez têm menos medicamentos participados.
Aumenta o desemprego e reduzem o apoio aos semtrabalho e semqualqueroutromeio de subsistência.
Reduzem as verbas na justiçaque se encontraemsituaçãoletárgica. Fecham-se esquadras da PSP e postos da GNR, deixando as populaçõescadavezmais desprotegidas, angustiadas, inseguras; e às esquadras e postos existentes nãosão dadas as condiçõespara poderem fazerface às responsabilidadesquelhessãoinerentes, descendo porvezes à humilhante condição de não terem verbasparapagar a água, luz e o própriopapel higiénico. Há quesalvar a suaNação, deles, porque os Possidónios, esses, distribuem entresi o que a todosfalta.
Um dos possidónios que vem dando directrizes drásticas, e aplaudindo todos os cortes nas despesas públicas, depois de ter renovado a frotaautomóvelonde imperam os “passat”, Audi A4, Mercedes classe E, e… doisJaguar. Safa-se para Bruxelas com o salário de trezentos e dezmileuros (310 mil), depois de terdecididoqueem 2010 não haverá aumentos salariais.
Os possidónios são os novosbárbaros. Os possidónios onde chegam, depois de proceder ao saque, arrasam a economia, a indústria, a agricultura e o saber, deixando as populações no caos.
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