- Bom-dia, amigo – disse o Temor ao Orgulho – então que tal se sente esta manhã?
- Muito cansado – respondeu o Orgulho, sentando-se à beira da estrada, e enxugando a testa coberta de suor. – Os políticos extenuam-me, à força de se servirem de mim para exporem as suas ignóbeis acusações, quando podiam, muito bem, recorrer a um cacete.
E o Temor respondeu, soltando um suspiro de simpatia:
- Pois eu estou numa situação bastante igual à sua. Em vez de utilizarem uns binóculos, é por meu intermédio que observam os actos dos seus adversários.
E iam os dois resignados escravos juntar as lágrimas, quando lhes chegou ordem de retomarem o serviço, porque um dos partidos políticos acabava de eleger um gatuno para seu chefe, e preparava-se para celebrar uma reunião comemorativa do acontecimento.
(de Fábulas Fantásticas,
tradução de João da Fonseca Amaral,
editorial Estampa, 1971)
1 comentário:
Que úteis são a esses partidos, principalmente o temor.
Um abraço.
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