segunda-feira, 8 de agosto de 2011

A MATILHA

Os lobos são muito mais perigosos quando agem em matilha. Cercam a vítima desnorteando-a e investem de chofre.

Os velhos lobos estavam obesos e nos truques de magia que vinham usando, da manga do casaco lhes saíam as penas da rolinha. Havia que renovar a matilha e colocar no activo os filhotes mais atrevidos, insensíveis e de garras bem aguçadas.

Desta vez os canídeos não tiveram necessidade de descer ao povoado pela calada da noite, com o à-vontade que as protecções lhes conferem, instalaram-se em todos os órgãos da governança ocupando as cobiçadas cadeiras dos anafados progenitores.

Dândis, sedentos de protagonismo, surgem arrogantes não deixando no povoado qualquer reduto onde as vítimas, por eles seleccionadas, se possam abrigar.

Os cidadãos estão em polvorosa e organizam-se, passam a palavra e a senha.

E em todas as esquinas, praças, ruas e janelas longos panos gritam a palavra de ordem:

OS LOBOS NÃO PASSARÃO!

Ao cair da esperança o uivo agoirento invade a cidade


2 comentários:

Fernando Samuel disse...

«Quando os lobos uivam»... estamos tramados...

Muito bom!

Um abraço.

Graciete Rietsch disse...

Eu gosto de lobos. São animais bem simpáticos que só atacam quando têm fome. Estes, que nos desgovernam, são feras sem fome e os bolsos bem cheios.

Um abraço.