sexta-feira, 4 de novembro de 2011

Antes que Seja Tarde


Antes que Seja Tarde

Antes que Seja Tarde Amigo,
tu que choras uma angústia qualquer
e
falas de coisas mansas como o luar
e
paradas
como as águas de um lago adormecido,
acorda!
Deixa de vez
as
margens do regato solitário
onde te miras
como se fosses a tua namorada.
Abandona o jardim sem flores
desse
país inventado
onde tu és o único habitante.
Deixa os desejos sem rumo
de
barco ao deus-dará
e
esse ar de renúncia
às
coisas do mundo.
Acorda, amigo,
liberta-te dessa
paz podre de milagre
que existe
apenas na tua imaginação.
Abre os
olhos e olha,
abre os
braços e luta!
Amigo,
antes da morte vir
nasce de
vez para a vida.


Manuel da Fonseca,

in "Poemas Dispersos"

2 comentários:

trepadeira disse...

Um poema para gritar.

Um abraço,
mário

Fernando Samuel disse...

Aqui fica o abraço amigo deste regressado de férias...