segunda-feira, 7 de novembro de 2011

ERA UMA VEZ EM LISBOA


Que belo argumento para um filme!... A história de três amigos com a mesma origem social. Lembrei-me do extraordinário filme de Sérgio Leone, “Era uma vez na América”. A que propósito?

Lanço o repto a quem se proponha escrever o guião adaptado a estas três personagens.

Um jovem pobrezinho e submisso de aguda sensibilidade musical entra na Assembleia da República, não como empregado de limpeza mas como deputado. A sua origem indigente tolhia-o na convivência social que procurou superar adquirindo um luxuoso apartamento onde reunia uma fina tertúlia, que se banqueteava à tripa-forra ao mesmo tempo que apreciava os dotes musicais do anfitrião. O ex-deputado, agora jagunço, é considerado pela juíza Gabriela de Aguillar, que nunca o ouviu tocar órgão, como alguémcom ausência de sensibilidade e de depravação moral”. E a justiça brasileira passou um mandado de captura à Interpol por homicídio qualificado.

A outra personagem com as raízes numa venda de província onde prevalece o cheiro a bacalhau teve uma subida fulgurante na política. Por intuição, soube apostar nos cavalos certos e, o pequeno merceeiro guinda-se a Governador Civil, Ministro, Conselheiro de Estado e… banqueiro. E banqueteou-se. Praticou o maior roubo da história. Anda a monte, e como o saque foi de monta, muitos milhões, as investigações e a justiça tropeçam uma na outra e raramente se ouve falar no burlão que se encontra em parte incerta.

Do outro sente-se ainda o odor à gasolina paterna. Trôpego no falar e falho de entendimento e portanto lançado como pivot de um vasto grupo onde as duas primeiras personagens se movimentavam. A promiscuidade existente entre estas figuras é pública. O filme não dependeria da imaginação do argumentista, a realidade vivida por estes três arrivistas é inimaginável!

Adorador da baronesa Margaret Thatcher infligiu-nos a sua política económica e política, tudo o que há de mais anti-social. A preços de saldo, servindo interesses obscuros, alienou ou encaminhou nesse sentido as nossas melhores empresas, dando início a uma política que nos trouxe ao caos em que nos encontramos.

Espezinhou todos os nossos direitos sociais abrindo os portões ao sector privado, nomeadamente à banca.

Há os que por ganância assassinam ou por igual razão nos roubam milhões. Há também os insensíveis que servindo interesses próprios ou alheios provocam, sádica e deliberadamente, desespero e sofrimento a milhões de pessoas.

Recordo que no final do filme de Sérgio Leono, um dos gangsters é trucidado pelas pás de um camião de recolha de lixo. Impressionante!

E ENQUANTO NÃO SE REALIZA O FILME

NÃO ESQUEÇAM

A


2 comentários:

Sérgio Ribeiro disse...

Só te faltam mais umas cenas, em que entre algum sexo (não deverá ser preciso procurar muito na realidade a ficcionar) e tens o guião feito.
E financiamento para o filme?
Êxito de bilheteira seria. Aqui, no Brasil, em Cabo Verde, em All-Boliqueime.

Um abraço

Fernando Samuel disse...

O que um bom guionista poderia fazer de uma troika destas!...

Um abraço.