quarta-feira, 19 de junho de 2013

António Aleixo



António Aleixo

   Acho uma moral ruim
 
trazer o vulgo enganado:
 
mandarem fazer assim
 
e eles fazerem assado.
 
   Sou um dos membros malditos
 
dessa falsa sociedade
 
que, baseada nos mitos,
 
pode roubar à vontade.
 
   Esses por quem não te interessas
 
produzem quanto consomes:
 
vivem das suas promessas
 
ganhando o pão que tu comes.
 
   Não me dêem mais desgostos
 
porque sei raciocinar
 
os burros estão dispostos
 
a sofrer sem protestar!
 
   Esta mascarada enorme
 
com que o mundo nos aldraba,
 
dura enquanto o povo dorme,
 
quando ele acordar, acaba.
 


   O oiro, o cobre e a prata,
  
que correm p’lo mundo fora,
   servem
sempre de arreata
   p’ra
levar burros à nora.


 
   Que o mundo está mal, dizemos,
    e vai de
mal a pior;
    e,
afinal, nada fazemos
    p’ra
que ele seja melhor.
 
   Se os homens chegam a ver
  
por que razão se consomem,
   o
homem deixa de ser
   o
lobo do outro homem.

2 comentários:

Olinda disse...

Bom suporte para o apelo ä Greve.Sou a ûnica a fechar a loja,mas fico bem comigo prôpria.O comêrcio nao tem tradicao de luta,mas nas duas ûltimas Greves Gerais,houve algumas funcionârias do Pingo Doce,que aderiram.

Graciete Rietsch disse...

Descrição perfeita, pelo grande poeta popular António Aleixo, do mundo em que vivemos.
E um apelo à greve geral de 27 de junho.

Um beijo.