segunda-feira, 17 de janeiro de 2022

“GANHAR DEBATES”... E O RESTO ?" - João Pedro Mésseder

 

 “GANHAR DEBATES”... E O RESTO ?"

(tirado do facebook/Meta)

João Pedro Mésseder

“Ganhar o debate”? “Perder o debate?” É para isso que servem os debates eleitorais? Uma campanha eleitoral resume-se a isto? Estamos numa corrida?

Para tudo, na vida, uma corrida? Uma competição? É a lei do mercado e do espectáculo também aqui? E os famigerados comentadores? Por que são sempre da direita, da extrema-direita, da área do PS/Livre, neo-liberais ou, simplesmente, gente sem qualidade nem modos, a começar pela forma como fazem uso da Língua Portuguesa? Chamam a isto pluralismo e liberdade de imprensa, não hesitam em usar a horrenda expressão "jogo democrático".

E a vida concreta das pessoas? E os seus problemas, as suas aflições? E as necessidades objectivas, os sonhos legítimos? E tudo aquilo que vai mal ou péssimo e precisa de solução? Na saúde, na habitação, na justiça, no combate à corrupção, nas leis laborais, na política de salários, na precariedade laboral, essa doença incurável... (Com tantos ‘e’s atrás, parece-me isto uma redacção de menino de seis ou sete anos. Deve ser o cansaço, o desespero perante a estranha impressão duma sociedade aturdida, apodrecida, completamente mercantilizada, com os valores às avessas, por vezes lerda, estupidificada pelas televisões, pela imprensa, sei lá por que mais.)

E, já agora, a política cultural? É para continuar o desespero, a ruptura? (Vai mais um drink?) Alguma coisa de novo na política para o Livro e para a Leitura? E para a Língua? É verdade, e a escola... é para se cavar mais fundo o buraco? Alguém fala disto? Não bastam décadas e décadas de asneira política atrás de asneira política, e de arrogância - é preciso que neste cordame de asneira tropece mais gente ainda? O ensino superior é para deixar de levar a sério? Um professor é para deixar de ser um professor? O politécnico é para acabar de vez? As más lideranças, mais abundantes que fungos, são para arrasar de vez com as instituições? Ou seja, o RJIES (Regime Jurídico das Instituições do Ensino Superior, essa flor bolonhesa da iluminada autoria de Vital Moreira e Mariano Gago) é para piorar ainda?

Os dinheiros públicos, os dos nossos impostos, é para continuarem a alimentar lucros de privados, as jogadas e vertigens dos seus gestores-“maravilha”, sem humanismo nem cultura humanística? Na saúde, na educação, na mobilidade, na actividade bancária, na gestão dos recursos naturais, na gestão do património artístico?

Ah, e importa não esquecer os dois grandes projectos, nunca inteiramente confessados, na mente de muito “boa” gente que nas últimas décadas tem governado este país-de-partido-quase-único-bicéfalo: rever e mudar a Constituição e alterar as leis eleitorais. Alterar as leis eleitorais para quê? Está-se mesmo a ver, não é? Para tornar a nossa democracia mais “democrática” ainda: como a inglesa, como a grega, como a italiana, como a norte-americana, esses sistemas de “superior” democraticidade. Isto para garantir que vozes incómodas, defensoras dos interesses de quem vive do seu trabalho, não perturbem a “governabilidade” e a “estabilidade”. Ah, e por falar na Europa... Ui, já basta.

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Nestes peditórios, a mim não me apanham. Alternativa, felizmente, existe.

 

1 comentário:

Olinda disse...

Bem na mouche!Abraço