segunda-feira, 11 de setembro de 2023

Chile. Lágrimas de crocodilo pelos 50 anos do golpe militar Por Oleg Yasinsky

«O grande escritor português José Saramago, ao visitar o Chile poucos anos depois do regresso à tímida e temerosa democracia, ainda sob a tutela de Pinochet, disse: “Aqui os mortos não estão mortos e os vivos não estão vivos”. Todos os anos, quando chegava setembro, acendendo milhares de velas em todos os cantos do Chile para homenagear os caídos, eu pensava novamente naquela frase, que na minha opinião explicava o que estava acontecendo no país melhor do que centenas de livros de análise e crítica social, boa e má.

Colocam flores e buquês nos túmulos das vítimas da ditadura, observam os correspondentes minutos de silêncio, derramam lágrimas de crocodilo e, poucas horas depois, continuam os negócios económicos e políticos com os seus parceiros Pinochetistas. Acho que isto foi o que Saramago devia ter visto para dizer aquela frase.»

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