terça-feira, 26 de outubro de 2010

Antero de Quental - Civilização ou barbárie


A UM POETA

(surge et ambula)

‘ergue-te e anda

Tu que dormes, espírito sereno,
Posto à sombra dos cedros seculares,
Como um levita à sombra dos altares,
Longe da luta e do fragor terreno.

Acorda! É tempo! O sol, alto e pleno
Afugentou as
larvas tumulares
Para surgir do seio desses mares
Um mundo novo espera um aceno

Escuta! É a grande voz das multidões!
São teus irmãos, que se erguem! São canções
Mas de guerra… e são vozes de rebate!

Ergue-te, pois, soldado do Futuro,
E dos
raios de luz do sonho puro,
Sonhador, faze espada de combate!

Antero de Quental

Sonetos, 1886

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