terça-feira, 7 de dezembro de 2010

O meu Porquinho

o meu cofre-fraco
Acordei em sobressalto. Havia lido que “a dívida portuguesa aumentava ao ritmo de 2,5 milhões de euros por hora” (50 cêntimos hora por cada um de nós incluindo miseráveis e recém-nascidos).

E ainda me foi dado saber que cada português é devedor de 15.000 euros. Pesadelo ou realidade-pesadelo, apressei-me a procurar o meu porquinho, cofre-fraco, para contabilizar alguns poucos cêntimos caso ainda se encontrassem.

então me dei conta que havia lido antes de adormecer estratos do livrinho de Lobo de Bulhão (não é o das amêijoas) editado em 1867 e do qual o meu inconsciente reteve alguns parágrafos como se actuais fossem.

A DIVIDA

PORTUGUEZA

por

M. E. Lobo de Bulhões

Lisboa

Tipographia portugueza

1867

«Voga no público a ideia de que o orçamento do Estado as mais das vezes não exprime a verdade. Tem acontecido assim, e, ainda mais, com manifesta infracção das disposições vigentes para o computo das verbas. O crédito de qualquer paiz carece de publicidade. A exposição franca e leal do estado financeiro do thesouro é preferível sempre a suppostas prosperidades que os factos logo desmentem.

Os encargos da divida pública são tão sagrados como ex.; a pagar pelos supprimentos que são feitos ao thesouro na importância equivalente o dinheiro que se haverá presado em cofre particular, por effeito da dotação especial de qualquer serviço público. Enquanto n’uma parte conserva represada uma porção de numerário sem applicação immediata, o thesouro por outra parte carece de levantar dinheiro com juros às vezes bem altos


A porca leiteira tem sido desde sempre a mesma.

mudaram os sôfregos leitões-ladrões.

E não há tetas que cheguem.


1 comentário:

Sérgio Ribeiro disse...

Muito interessante.
E foi no ano em que um senhor chamado Marx publicou o início d O Capital!
Boa malha.

Um abraço