segunda-feira, 19 de maio de 2014

UNIDOS, CAMARADAS – EDUARDO VALANTE DA FONSECA

CINQUENTENÁRIO DO ASSASSINATO DE CATARINA EUFÉMIA
O poema de Vicente Campinas "Cantar Alentejano" foi musicado por Zeca Afonso no álbum "Cantigas de Maio" editado no Natal de 1971

O poema de Eduardo Valente da Fonseca  (1928-2003) é o mais antigo em publicação (Maio de 1966); talvez antecedido pelo do Alexandre O´Neill, que foi o último a ser divulgado.
A impressão rudimentar é eloquente. Deve tratar-se de uma edição semi-clandestina de pequena tiragem e distribuída clandestinamente.

UNIDOS, CAMARADAS

Cala-te amigo
Ouve... é a flor do trigo
Chorando CATARINA assassinada
Cala-te amigo
Nós não somos flor de trigo
Choremos doutro modo camarada

Que sejam nossas lágrimas passadas de firmeza
No posto de combate dos nossos ideais
RUMO À VITÓRIA até que não haja nunca mais
Quadrilhas de assassinos na terra portuguesa

Cala-te amigo! Forjemos na unidade
De Catarina o sonho de rutila beleza
UM PORTUGAL FELIZ EM PAZ E LIBERDADE.

(Eduardo Valente da Fonseca)

Muitos mais poetas dedicaram poemas a Catarina Eufémia - António Ferreira Guedes, Carlos Aboim Inglez, José Carlos Ary dos Santos, Sophia de Mello Breyner Andresen, entre muitos outros. O de Sophia é particularmente belo. Mas hoje só quis referir-me aos que foram Papiniano Carlos,  escritos antes de 25 de Abril de 1974 em circunstâncias diferentes. Muito diferentes.

2 comentários:

Olinda disse...

Nao me lembrava,que faz hoje,dia 19,precisamente 60 anos,que mataram Catarina por cinco tostoes.Nao conhecia Eduardo da Fonseca,bem como este poema dedicado a Catarina.Hâ poemas e textos lindos sobre esta heroîna Portuguesa,porque o foi,e nao deveria ser esquecida,se houvesse honestidade intelectual da parte dos capachos de servico.

Um abraco

Graciete Rietsch disse...

Fiquei emocionada com o poema a Catarina, de Eduardo Valente da Fonseca. Eu fui amiga pessoal dele. Muitas vezes ele almoçou em minha casa. Eu também tinha, mas não o encontro, um seu maravilhoso poema a Vasco Gonçalves. Hei de procurá-lo e encontrá-lo-ei. Eu sei a quem o pedir.
Também me comoveu a referência a Papiniano Carlos, de quem fui muito amiga,assim como da Olívia, e que me recorda a juventude e os tempos de fraternidade e
esperança.
E todo esse passado me dá mais força para apoiar a luta de hoje e intervir, dentro das minhas possibilidades.

Um beijo.