quinta-feira, 9 de junho de 2011

Ainda estão a tempo


Não é ódio, desprovido que sou de tal sentimento, tampouco raiva que o tempo desvanece. Talvez seja uma parcela de nojo o que sinto. Radica-se no entanto um mal-estar, o desconforto provocado pela diarreia que não se controla ou o fedor nauseabundo que se entranha, perpetua e incomoda.

Ver o nosso país conduzido por estas ferramentas do sistema, entristece. Entristece-nos assistir ao servilismo desses fazedores de recados, e maus actores representando o papel de governantes que seguem à letra o guião imposto pelos agiotas a que alarvemente se submetem.

Esperávamos ouvir gritos viris da intelectualidade e, sempre com as costumadas excepções, escutamos alguns sussurros provenientes de bocejos.

Os “nossosbem pensantes pensam bem, pensam neles. Não arriscam ficarsem o pãozinho”* como aconteceu a homens de grande mérito intelectual e de verticalidade insofismável.

Por detrás da sua cobardia aguardam que o povo se rebele e quando se aperceberem que a correlação de forças se alterou aparecerem pressurosos e de punho erguido trauteando “o povo unido jamais será vencido”.

Ainda estão a tempo. Apanhem e acompanhem o descontentamento na paragem da dignidade para não se espalharem no sujo oportunismo ao entrar em andamento no carro do futuro.

* Aos intelectuais que não se vergavam, Salazar ordenava aos seus esbirros: “tirem-lhes o pãozinho, tirem-lhes o pãozinho”. E mesmo sem pãozinho houve quem nunca se rendesse.

1 comentário:

Fernando Samuel disse...

Uma choldra - diria um personagem do Eça...

Um abraço.