domingo, 19 de junho de 2011

Aos apressados


A chegar à paragem perguntei a um indivíduo que ali se encontrava a que horas passava o autocarro. A resposta balizou-me o conceito que do tempo tivera até então:

“Não sei a que horas passa mas sei que vai passar”.

Quando lutávamos contra o fascismo muitos camaradas e outros democratas convencendo-se que não chegariam a ver a queda do monstro esfriavam a sua capacidade de luta.

A passagem do nosso autocarro está sujeita a tantos condicionalismos que se torna impossível projectar a sua trajectória ou prever os escolhos que irá enfrentar. Sabemos sim que a nossa passividade ou o nosso empenho são determinantes para que cumpra o horário social a que se propõe.

O desespero, para já não falar em cobardia, desmobiliza e desmotiva os mais fracos ou menos conscientes.

«não sei a que horas passa mas sei que vai passar»

1 comentário:

Sérgio Ribeiro disse...

Há muitos, muitos anos (mas há menos de 36), em África, entrei num pequeno autocarro de transporte público, sentei-me, e perguntei a quem estava ao meu lado: "qual é o horário?... a que horas parte?". Olhou-me, com estranheza, e respondeu: "... quando tiver gente...". E ficámos, tranquilamente, à espera que tivesse gente.
Quem espera não faz a hora, é a gente que chega que a faz...

Um abraço