sábado, 19 de setembro de 2009

Sondagens ou a trapaça


Ilustração que não resisti em surripiar a Fernando Campos cujo trabalho muito admiro.


“A utilização sistemática das sondagens e a sua retoma pelos grandes medias intimidam as pessoas, culpabilizando-as de não pensarem “como deve ser”. O debate é escamoteado e a democracia desfigurada.”

E Emmanuel Souchier et Yves Jeanneret continuam:

“O uso selvagem das sondagens esvaziou o debate político, eclipsou os programas, dissolveu a fidelidade, baniu a vontade. Entretanto o homem político orienta as suas escolhas e inflecte a sua acção em função dos gráficos de popularidade. A opinião reinante é legitimada sob a capa da ciência.”

E os dois jornalistas interrogam-se:

“A democracia pode satisfazer-se com esta demagogia tecnocrática?”.

Mais seguro que o controlo dos comportamentos é a droga doce: “A “repetição” da sondagem “estabelece a tirania” e esvazia a vida política dos seus compostos essenciais”.

E concluindo uma análise impossível de sintetizar:

Tornada mediamétrica, a democracia deverá fatalmente tornar-se numa mediocracia?”.

Noutra recente publicação “Élections et Télévision” um grupo de especialistas coloca e responde a estas questões: Como é que no decurso de uma campanha eleitoral se articulam três temíveis técnicas de manipulação: televisão, sondagens e publicidade, e qual o papel que desempenha o dinheiro neste triunvirato?”.

Sondagens, antolhos para o nosso descontentamento, chocas para conduzirem a nossa raiva ao abate, diluente do espírito crítico que se esvai.

3 comentários:

Graciete Rietsch disse...

Muito bem. Com que raiva eu as tenho lido. Abraços.sp

duarte disse...

bem falado!
Já me fartei das sondagens...aliás nunca fui "sondado".
abraço do vale
(vim aqui através do anónimo sec XXI)

Meg disse...

Meu caro,

A “repetição” da sondagem “estabelece a tirania” e esvazia a vida política dos seus compostos essenciais”.

Disse tudo, não tenho mais nada a acrescentar...

Um abraço