quinta-feira, 7 de junho de 2018

UM ESCARRO SANGRENTO

O tão chorado Frank Carlucci chegou ao ainda Congo Belga, a 15 de maio de 1960, quinze dias antes da independência, e Lumumba foi assassinado em janeiro de 1961 (o assassínio teve a participação dos Estados Unidos e da Bélgica – Wilipédia). Carlucci foi enviado para a embaixada no Congo com a missão expressa de cumprir a decisão de Eisenhower de eliminar Patrice Lumumba. 

Outra intervenção qualificada de Carlucci ocorreu no Brasil, sob a batuta de Vernon Walters, em 1964/65, contra o governo de João Goulart. A ação conduzida pela CIA levou à instauração da violenta e criminosa ditadura militar, 1964/1985»

Quanto a Portugal, os crimes cometidos, estão sobejamente confirmados, e as lágrimas de deputados cúmplices, são gotas de veneno que nos agridem. Ninguém contestou os crimes, conhecem-se os assassinos e quem os arregimentou, e que ainda, para nossa vergonha, hoje são aplaudidos. A democracia que construíram foi gizada pela CIA/Carlucci à medida dos interesses dos EUA e de quem os serve.

E foi a este biltre manchado de sangue, que manejou as marionetas da estrema direita clonada à soi-disant estrema esquerda, e a cumplicidade activa de Mário Soares, que na Assembleia da República é votado escarro.

Texto do voto apresentado pelo CDS
«Morreu no passado dia 3 de Junho, o Embaixador norte-americano Frank Charles Carlucci III.
Nascido em 1930, serviu por mais de duas décadas nos mais altos escalões da Administração norte-americana e trabalhou sob a égide de quatro presidências distintas, tendo chegado a ocupar o cargo de Secretário da Defesa, entre 1987 e 1989.
Diplomata de carreira, representou sucessivamente os EUA, ao longo de 12 anos, entre 1956 e 1968, em Pretória, Leopoldville (atual Kinshasa), Zanzibar e Brasília. Só em 1975 é que o diplomata norte-americano seria nomeado para liderar a missão diplomática em Lisboa, o seu último posto, cujo mandato ficaria marcado inexoravelmente pela sua intervenção política em favor das forças democrática contra o PREC durante o Verão Quente desse ano e na aproximação política e estratégica entre os dois Estados.
De todos os momentos da carreira de Frank Carlucci é à frente do posto em Lisboa que viria a revelar-se politicamente mais determinante. Firme na ideia de que o processo de transição e consolidação democrática não estava perdido, contrariamente à opinião de membros da própria Administração norte-americana, Carlucci bateu-se pela restauração da normalidade do processo democrático em Portugal, ao lado dos principais protagonistas políticos da resistência, Mário Soares, de quem era amigo pessoal, Francisco Sá Carneiro e Diogo Freitas do Amaral.
A persistência com que Carlucci se bateu, ao lado das forças democráticas, valeu-lhe, em 2004, a condecoração pelo Estado português com a grã-cruz da Ordem do Infante D. Henrique e a medalha da Defesa Nacional.
Assim, a Assembleia da República expressa o seu profundo pesar pela morte do Embaixador Frank C. Carlucci, apresenta as suas condolências às família e amigos, recorda a sua intervenção política na consolidação democrática do regime.
Palácio de S. Bento, 5 de junho de 2018,
O Grupo Parlamentar do CDS-PP»
Votação
Favor – PSD, PS e CDS – PP
Contra – BE, PCP e PEV 
Abstenção – PAN e 8 Deputados do PS 


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