Os mais acirrados inimigos do fumadorsão os ex-fumadores que, para se exorcizarem de umpassadoque interiorizaram e de quenão se conseguem libertar, agridem todos os que usufruem de umprazerque rejeitaram.
São temíveis os que sofrem da «síndrome de ‘ex’». Estesenfermos vivem aterrorizados pelo facto de não conseguirem ‘ser’, por se sentirem perseguidos e apagadospelasombra do que foram e, para procurarem libertar-se dos fantasmasque os flagelam, quaisquixotes, esgrimem contra o seupassado procurando, sem o conseguirem, afirmar-se no presente.
O ‘ex’ não é, foi. E neste axioma reside o seudrama.
Há os ‘ex’ que cansados, comdignidade, baixaram os braços desistindo da luta, outrosnão resistem semdar a suaferroadaquando as mudanças climatéricas lhes avivam os humores, masoutros há que, comarmas e bagagens, fazendo-se acompanharportodo o folclore da comunicaçãosocial, orquestrada pela SIC ou CIP é igual, mudaram de trincheira, renegando tudopeloque pugnaram e passando a defender e impor o seucontrário.
Quando de umdebate televisivo apresentaram a euro-deputada Ilda Figueiredo, tendo à suadireitaVital Moreira e à esquerda Miguel Portas, a reacção dos queme rodeavam não se fez esperar: “olha os dois ex-comunistas”. E serãosempre, porque nessa situação se afirmaram e foram respeitados. Hoje sentem-se humilhados pelomodo irónico comosão referidos e sem o respeitoquelhes foi devido, daí os seus ódiozinhos cegos, as provocaçõesvenais e o constantegotejar de venenocontra os que se mantêm firmes nas suasconvicções.
Pode eliminar-se o ferrete nas alimárias, mas as marcas persistem nas cicatrizessempre incomodativas e, porvezes, dolorosas que, provocando irritaçõesconstantes, fazem-nas perder o controlo emocional, escoiceando sempreque confrontadas com alguma sonoridade quelhesrecorde o passado, tornando perigosos os seus arremessos.
Os ‘ex’ nosseusdesvarios sentem-se flagelados porobsessões de expiação, como se crimes tivessem cometido e, besuntando-se com unguentos, seguidos de duches frios, expõem-se nus ao luar. Esta patologia está oficialmente reconhecida como a «síndrome de ‘ex’».
Sonham com o convívioleal e a fraternidadequenuncamais encontraram e desviam o olhar ao cruzarem-se comaqueles ao lado dos quais lutaram contra os quehoje defendem.
No seunovoestatuto, e porque sabem quesãoelementosdescartáveis, excedem-se nosmeiosque utilizam e, assim, de degrauemdegrau descem às maisrelesprovocações procurando a humilhação e nesse exorcismoaliviar a cargaemocionalacumulada.
Umbom ‘ex’ que se preze escreve umlivro de catarse, sendo-lhe atribuído lugarcativonosjornaisditos de referênciacomo cronista, politólogo oufazedor de opinião. É chamado paradebatesoucombatesou, simplesmente, paralançaralgunsdisparates nas televisões.
Os ‘ex’ de renegados num ápicesão promovidos a heróis, ex…cepcionais.
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