sábado, 16 de maio de 2009

Nascem os homens iguais - Matias Aires


««79. Nascem os homens iguais; um mesmo, e igual princípio os anima, os conserva, e também os debilita, e acaba. Somos organizados pela mesma forma, e por isso estamos sujeitos às mesmas paixões, e às mesmas vaidades. Para todos nasce o Sol; a Aurora a todos desperta para o trabalho; o silêncio da noite, anuncia a todos o descanso. O tempo que insensivelmente corre, e se distribui em anos, meses e horas, para todos se compõe do mesmo número de instantes. Essa transparente região a todos abraça; todos acham nos elementos um património comum, livre, e indefectível; todos respiram o ar; a todos sustenta a terra; as qualidades da água, e do fogo, a todos se comunicam. O mundo não foi feito mais em benefício de uns, que de outros: para todos é o mesmo; e para o uso dele todos têm igual direito.»»


Medalha Comemorativa do Terceiro Centenário do Nascimento Matias Aires
Matias Aires Ramos da Silva de Eça (1705-1763) ocupa um lugar de primeiroplano na história do pensamento filosófico português e luso-brasileiro, constituindo ao mesmo tempo a sua obra - onde se destacam as "Reflexões sobre a vaidade dos homens" e a "Carta sobre a fortuna" - um dos grandes momentos da prosa barroca em língua portuguesa. Da sua vida pública, sobressai ainda o facto de ter desempenhado o cargo de Provedor da Casa da Moeda. Para celebrar o terceiro centenário do nascimento de Matias Aires, a INCM convidou o artistaConduto para conceber a medalha comemorativa da efeméride. Fernando



1 comentário:

Joaquim Moedas Duarte disse...

Bela evocação. De facto, a memória dos homens é muito curta e a sua ignorância (também falo de mim...)é muito comprida!

Obrigado, Cid, por esta referência.