Vendidos deste nosso país, surrobecos da nossa pátria olhem para esta foto e corem de vergonha se ainda alguma vos restar. Tenham pelo menos uma réstia de coragem para denunciarem o crime que aos vossos olhos se está a cometer contra o Povo Palestino.
E quanto a nós e contra os que nos estão a transformar em entulho, esbocem um gesto, tussam ou espirrem já que não fazem ouvir a vossa voz.
Não iremos embora
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em vossas goelas
Como cacos de vidro
Imperturbáveis
E em vossos olhos
Como uma tempestade de fogo
Aqui
Sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Em lavar os pratos em vossas casas
Em encher os copos dos senhores
Em esfregar os ladrilhos das cozinhas pretas
Para arrancar
A comida de nossos filhos
De vossas presas azuis
Aqui sobre vossos peitos
Persistimos
Como uma muralha
Famintos
Nus
Provocadores
Declamando poemas
Somos os guardiões da sombra
Das laranjeiras e das oliveiras
Semeamos as ideias como o fermento na massa
Nossos nervos são de gelo
Mas nossos corações vomitam fogo
Quando tivermos sede
Espremeremos as pedras
E comeremos terra
Quando estivermos famintos
Mas não iremos embora
E não seremos avarentos com nosso sangue
Aqui
Temos um passado
E um presente
Aqui
Está nosso futuro
Tawfic Zayyad
palestino de Nazaré, é considerado um pioneiro da poesia de resistência. A maior parte de sua obra foi escrita na prisão.
1 comentário:
Obrigado por esta tua série.
Tem o que é preciso, o que é tão preciso, informação, tomada de posição sem ambiguidades, respeito pela História, cultura.
Abraço forte
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