Monumento de castanheiras em homenagem aos trabalhadores rurais brasileiros mortos na luta pela Reforma Agrária
No Brasil o 25 de Julho é “Dia do Trabalhador Rural e do Escritor”
Coincidência ou não a junção é perfeita.
Chego atrasado mas venho a tempo. A solidariedade é intemporal.
Os Sem Terra (MST) no Brasil continuam a escrever com sangue a sua história.
No Alentejo o Trabalhador Rural, os “Levantado do Chão” enfrentaram desde sempre a repressão antes e depois do 25 de Abril que construíram com as próprias vidas.
E os Escritores no Brasil e em Portugal, exceptuando os ideologicamente comprometidos, onde se encontram?
José Caravela e António Maria Casquinha,
Escoural, assassinados por lutar contra a fome!
Aqui
Nesta planície de sol suado
Dois homens desafiaram a morte, cara a cara,
em defesa do seu gado
de cornos e tetas.
Aqui onde
agora vejo crescer uma seara
de espigas pretas
Quando os dois camponeses desceram às covas,
Ante os punhos cerrados de todos nós,
Chorei!
Sim, chorei,
Sentindo nos olhos a voz
do que há de mais profundo
nas raízes dos homens e das flores
a correrem-me em lágrimas na face.
Chorei pelos mortos e pelos matadores
- almas de frio fundo.
Digam-me lá:
Para que serviria ser poeta
Se não chorasse
Publicamente
Diante do mundo?
José Gomes Ferreira
3 comentários:
Grande post!
Um abraço.
Grande abraço!
Grande poema, grande "post", grande amargura .E esses assassinatos aconteceram depois do 25 de Abril, assim como o dos dois operários, no Porto, no 1º de maio de 1982.
Um beijo.
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