segunda-feira, 10 de agosto de 2015

“É O MEDO QUE GUARDA A VINHA”

Creio que o semanário ‘A OPINIÃO” era a única publicação do Norte que ia à censura a Lisboa, mas não desistíamos, e quando pelo menos se salvava o título de um artigo, fazia-se dele uma bandeira. Foi o caso.

Dois meses passados, quando o povo saiu à rua, concluíamos que era o medo que guardava o fascismo.
 (escrito em 11/2/74 e publicado em 2/3/74, procurava alertar para a exploração da imigração em França.)
Quando olhamos para trás e aferimos a nossa coerência e dela nos orgulhamos é, não só salutar como compensador. Nunca exigimos outro pagamento.

Como assinalado em baixo, a primeira página foi cortada em quase 50%.
 
O 1º corte (não esquecendo que estamos em Fevereiro de 1974)

«Provocar desemprego para tentar disciplinar a seu proveito a classe operária é uma das velhas táticas do patronato, que lhe tem valido muitos benefícios e também alguns dissabores. Ele sabe no entanto que é muito perigoso ir para além dos limites que possam por em causa a sua própria segurança e que todas as precauções são poucas.»

2º corte

«Quando uma “crise” se avizinha e por razões estratégicas há todo o interesse em a acelerar, o espectro do desemprego é a melhor arma, a mais eficaz quando bem manejada, para amedrontar a classe trabalhadora de baixa formação político-ideológica. Na crise que vem de há muito corroendo o capitalismo, podem fomentar-se crises de percurso, para ganhar terreno na maioria das vezes perdido face a trabalhadores decididos e conscientes. Estas crises de percurso, dizíamos, não são mais do que um contra-ataque dos detentores dos meios de produção contra a classe operária, espalhando por algum tempo o pânico entre os vendedores da força de trabalho fazendo-os entrar em concorrência entre si. Uma forma indireta de não só bloquear, mas mais do que isso, baixar os salários, aproveitando-se destes momentos de “crise” para acelerar a inflação e, consequentemente, a especulação.»

Hoje os jornais não vão à censura, são censurados na redação pelos patrões dos anteriores censores.
 

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