Editorial
Terça-feira, 2 de julho de 2019 por Benito
Perez
Não se enganar com o Estado brigão
EUA / Irão
O Irão passou à ação. Há mais de um
ano submetido a sanções económicas tão radicais quão ilegais por parte dos
Estados-Unidos, a República islâmica não se sente mais vinculada ao acordo sobre
o nuclear que assinou em 2015 com a União Europeia e os membros permanentes do
Conselho de Segurança. Abandonada por uma Europa incapaz de manter as suas
empresas e comercializar o seu petróleo, Teerão enviou na segunda-feira uma
mensagem sem ambiguidades: a corrida ao urânio enriquecido foi relançada.
Os falcões israelo-americanos
podem-se alegrar. Os anos de negociações pela desnuclearização do Golfo Pérsico
voaram em pedaços desde que Washington renegou os seus compromissos tomados por
Barack Obama. Um volte-face e uma política de bastão, a que o presidente dos
Estados Unidos infelizmente nos acostumou.
Fanfarrão das relações
internacionais, Donald Trump - esmagado pelo bando de neoconservadores que
dominam a sua administração - multiplica as decisões arbitrárias. Sanções
contra a China, a Rússia, a Venezuela, Cuba, a Turquia e até o Canadá. Ameaças
contra empresas europeias, o México, a Índia, etc. Os Estados Unidos limpam os
pés ao direito internacional, deixando as arenas multilaterais recalcitrantes
uma após a outra. Usando e abusando de seu peso militar e económico que de facto
domina, sobre as redes financeiras e informacionais globais.
A tal ponto que esta nação hoje se
parece melhor do que qualquer outra ao arquétipo que um dos seus funestos ex-presidentes,
Ronald Reagan, certa vez designou, como sendo um Estado brigão. Liberto de todo
o respeito perante a soberania de outros da sociedade internacional.
Ou pior: um "estado caïd", tão
patente é a impunidade do seu comportamento. Diante de uma comunidade
internacional tão cobarde quanto dividida, o chefe do bando dos EUA, hoje não
tem limites para o que bem entenda. É de crer que o único guarda-fogo contra
Washington, a instar à Coreia do Norte, se encontra no fundo de uma centrífugadora.
Constrição económica apertada
Há dez dias, ao apertar ainda mais o
seu poder económico sobre o Irão, Donald Trump sabia que estava colocando esse
país contra as cordas. Um jogo no mínimo perigoso. A menos que este seja o
objetivo do jogo: empurrar o Irão para dar um pretexto à guerra. De facto, a
região nunca pareceu tão perto de uma conflagração.
Europeus, russos e chineses estão
mais do que nunca diante de uma escolha. Punirão o Irão por ter passado
segunda-feira a linha vermelha ou finalmente se unirão diante das ameaças
unilaterais e deletérias do caïd estado-unidense?
A resposta europeia, em particular, depende - muito para além do futuro próximo
do Golfo Pérsico - de uma certa conceção das relações entre os povos.
1 comentário:
O mundo enfrenta hoje uma ameaça que poderá ter um desfecho humanitário sem precedentes na história.Enquanto os povos não tomarem consciência que o fim da barbárie imperialista tem que passar forçosamente pelo fim do neoliberalismo e agirem no sentido de criminalizar o império para o fazer recuar na sua impunidade,este seguirá sempre na sua loucura,agindo como donos do mundo.Abraço
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