Em
1975, no auditório da Gulbenkian em Paris, um grupo de bem-pensantes, mais
tarde promovidos a pensadores, reuniu-se para colocar uma questão a que a
jornalista Frances Stonor Saunders responde magistralmente no seu trabalho de
dez anos de investigação ”qui mène la danse?” la cia et la guerre froide culturelle.
E
esta minha recordação, veio a propósito das justas comemorações que celebram os
20 anos da atribuição do Prémio Nobel a José Saramago escritor e comunista.
A
questão colocada ao auditório na Gulbenkian de Paris pelo pensador Eduardo
Lourenço, depois de nos afirmar que não estava ali para fazer anticomunismo,
foi a seguinte: “qual a razão por que a intelectualidade portuguesa era na
quase totalidade comunista ou simpatizante comunista?”
Não
sei a que conclusões chegaram porque, ao ser dada a palavra à assistência,
disse-lhes que, quando alguém necessita de afirmar que não quer fazer
anticomunismo, é por que já o fez ou fá-lo-á em breve, e saí.
Uma poetisa, cuja
obra muito considero, procurou deter-me. Respondi-lhe que não assisto a
espetáculos com artistas matreiros.
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