O ovo da serpente
Por Norma
Couri em 25/09/2018
“Os Invisíveis” (Claus Räfle)
contando os horrores da Segunda Guerra, as perseguições e violências do 3º Reich,
estréia no Brasil dois dias antes das eleições, e não por acaso.
O excelente “docudrama” alemão nos
remete a um quadro de totalitarismo que estamos prestes a vivenciar e que já
assusta muita gente. Miguel Lago, na piauí deste mês, mostra como o
apoio a Hitler de um político, membro da aristocracia alemã, Franz von Papen,
permitiu que os nazistas obtivessem do presidente, Paul von Hindeburg, a
nomeação de ditador como chanceler. “O resultado foi desastroso”
O título do artigo é “Paulo
Guedes Contra o Liberalismo” e mostra como a onda de ódio chega ao poder.
“É preciso ter zero entendimento de política para acreditar que um político que
defende a ditadura militar, a violência de Estado, que menospreza a liberdade,
terá qualquer condição política para distribuir poder e direitos.”
E aponta o ovo da serpente. “O apoio
de Paulo Guedes — economista e empresário — a Bolsonaro é muito grave , pois
ele naturaliza a barbárie, travestindo-a de civilização e tornando-a uma opção
entre outras. Sem Guedes, Bolsonaro representaria apenas aquilo que ele é: o
horror, o ódio e a loucura em seu estado mais puro. Seria apenas uma versão
menos religiosa do Cabo Daciolo. Sem Guedes, Bolsonaro seria apenas uma onda,
que como toda onda de ódio é passageira”.
Os brasileiros terão dois dias para
assistir os horrores d’”Os Invisíveis” e os traumas dos 1700 sobreviventes em
Berlim depois que o ministro da propaganda Joseph Goebbels declarou a capital
“livre de judeus”. Tempo suficiente para compreender o espectro do populismo
nacionalista que ronda o mundo inteiro impulsionado por discursos de ódio. E
refletir.
PS: É bom lembrar como Bolsonaro
agrediu aos berros uma repórter, chamando-a de idiota e analfabeta. O general
Newton Cruz , então chefe do SNI (Serviço Nacional de Informações) entre 1977 e
1983, também costumava fazer isso com as câmeras de TV registravam nos anos da
ditadura.
Norma Couri é jornalista.
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