De
Franco a
Pinochet para compreender a Venezuela
Abril
de 1939, a Segunda República Espanhola é esmagada com
a ajuda de Hitler e Mussolini, a França assobia para o lado e acaba por
reconhecer o governo franquista.
Setembro
de 1973, Salvador Allende eleito democraticamente é assassinado por Pinochet,
incitado e apoiado pelos Estados-Unidos. E deste regime sanguinário que foi
reconhecido pela “comunidade internacional”, ainda se ouvem as botas cardadas
na triste pátria de Allende.
Duas
atrocidades de fazerem estremecer as consciências mais empedernidas pela repugnância
inaudita e tamanha violência.
Só
nestas últimas meia dúzia de décadas, o imperialismo fez correr rios de sangue,
não há ninguém, a não ser por cumplicidade, que o não reconheça.
Neste
momento, a vítima na mira do imperialismo, cujo estertor se anuncia violento, é
a República Bolivariana da Venezuela. Os
seus algozes, não se mascaram nem escondem os objetivos a que se propõem, e a
canalha que os sustenta ajuda a acender a fogueira para cremar mais um ímpio do
imperialismo.
DADOS
HISTÓRICOS:
Maio de
2016: O banco
alemão Commerzbank fecha as contas de várias instituições venezuelanas,
incluindo as contas dos bancos públicos da Venezuela e da empresa pública
petrolífera PDVSA – Petróleos de Venezuela S.A.
Julho de 2016: O banco americano Citibank proíbe a sua rede de intermediários bancários de efetuar transações com instituições venezuelanas, incluindo o Banco Central da Venezuela.
Agosto de 2016: O fecho unilateral das contas de intermediários bancários obriga a Venezuela a efetuar transações noutras moedas, sendo que a maior parte das receitas obtidas pela venda de petróleo é em dólares. O país sofre grandes perdas devido aos novos custos das transações, das taxas de câmbio e outros custos operacionais.
Agosto de 2016: O Novo Banco (Portugal) informa o Estado venezuelano, que não realizará mais nenhuma transação em dólares com bancos ou instituições venezuelanas, devido à pressão exercida pelos seus intermediários bancários.
Julho de
2017: A empresa
Delaware, que gere os portfólios de títulos da PDVSA, informa a PDVSA que o seu
banco intermediário, PNC Bank, não aceitará mais fundos provenientes da empresa
petrolífera.
Julho de
2017: O banco
americano Citibank rejeita um pagamento do Estado venezuelano destinado à
compra de 300 mil doses de insulina.
21/08/2017: O Banco Da China, sediado no
Panamá, informa a Venezuela que, no seguimento de pressões do
Departamento do Tesouro dos EUA, bem como do governo do Panamá, não poderá
realizar mais nenhuma transação em dólares a partir da Venezuela ou para a
Venezuela.
22/08/2017:Vários bancos russos informam a
Venezuela da impossibilidade de realizar transações com os bancos venezuelanos,
devido à restrição imposta pelos bancos intermediários dos Estados Unidos e de
vários países europeus.
23/08/2017: O banco intermediário BDC Shandong
bloqueia uma transação da China para a Venezuela, no valor de 200 milhões de
dólares. Seria necessário mais de um mês para que a Venezuela pudesse recuperar
esta soma pecuniária.
24/08/2017:Donald Trump assina a Ordem
Executiva 13808, intitulada “Imposição de sanções adicionais a propósito da
situação na Venezuela”. Este decreto proíbe toda uma série de transações com o
Estado venezuelano, e sobretudo com a PDVSA, e qualquer outra entidade pública
da Venezuela. É, assim, estabelecida uma lista de restrições a operações
financeiras :
– O Estado
venezuelano e a PDVSA estão proibidos de emitir novos títulos de dívida.
– Interdição
de efetuar transações de títulos emitidos pelo governo antes da entrada em
vigor do decreto.
– É proibido
o pagamento de dividendos ou de lucros ao governo da Venezuela, pela parte de
entidades residentes nos EUA. Isto afeta sobretudo a Citgo, empresa subsidiária
da PDVSA e que conta com três refinarias e 6 mil estações de serviço no
território dos EUA.
– É proibida
a compra de certos títulos do Tesouro e de dívida venezuelana.
A Casa
Branca declara que este conjunto de proibições foi “cuidadosamente pensado
para negar à ditadura de Maduro, uma fonte não negligenciável de
financiamento”. O decreto 13808 visa a sistematização de ataques contra
empresas públicas e operações comerciais e financeiras do Estado venezuelano,
com o objetivo de destruir a economia do país. Relativamente a este assunto, o
embaixador americano na Venezuela, William Brownfield declarou: “A nossa melhor
resolução é precipitar o colapso do governo, mesmo que isso implique meses e
anos de sofrimento para os Venezuelanos”.
Agosto de
2017:No
seguimento de pressões do Departamento do Tesouro americano, a empresa
Euroclear, uma filial do banco americano JP Morgan, congela as operações de
transação sobre a dívida soberana da Venezuela. A Euroclear retém assim, desde
esta altura, 1,2 mil milhões de dólares, pertença da República Bolivariana da
Venezuela.
Agosto de
2017: O Banco Da
China – filial de Frankfurt – recusa a emissão de uma transação no valor de 15
milhões de dólares devidos pela Venezuela à empresa mineira Gold Reserve.
05/09/2017: O Canadá e os EUA associam-se para
“adotar medidas económicas contra a Venezuela e contra pessoas que contribuem
ativamente para a situação atual do país”.
Outubro de
2017:O Deutsche
Bank informa o banco chinês CITIC Bank do fecho de contas nos seus
intermediários bancários, por terem aceitado pagamentos da PDVSA.
Outubro de
2017:A Venezuela
compra vacinas e medicamentos à Organização Pan-Americana de Saúde, uma filial
da Organização Mundial de Saúde, e, portanto, sob a égide da ONU. Em
virtude da extraterritorialidade das leis norte-americanas, o banco suíço
UBS rejeitará o pagamento, provocando um atraso de quatro meses na entrega das
vacinas, desorganizando amplamente o sistema público de vacinação gratuito do
Ministério da Saúde venezuelano.
03/11/2017: O presidente Maduro anuncia que a
Venezuela reembolsou mais de 74 mil milhões de dólares aos seus credores nos
últimos 4 anos. Apesar disto, as agências financeiras degradam a notação ligada
ao risco de incumprimento da Venezuela, tornando assim mais difícil a obtenção
de crédito no mercado de capitais.
09/11/2017: Os Estados Unidos sancionam um
grupo de funcionários venezuelanos, evocando o “espezinhar da democracia e de
administrar programas governamentais corrompidos de distribuição de alimentos”.
Os funcionários responsáveis pela importação de alimentos no país ficam
impedidos de assinar acordos comerciais, que favoreçam a política alimentar do
governo.
13/11/2017: A UE proíbe a venda de material de
defesa e de segurança interna à Venezuela.
14/11/2017: A agência de notação Standard and
Poor’s declara o “incumprimento parcial” da Venezuela, apesar dos pagamentos
regulares de dívida.
15/11/2017: O Deutsch Bank, principal
intermediário do Banco Central da Venezuela, fecha definitivamente as contas
desta instituição, colocando em perigo todas as suas operações bancárias.
Novembro
2017: A Venezuela
compra medicamentos anti-malária (primaquina e cloriquina) ao laboratório
colombiano BSN Medical. O governo da Colômbia impede a entrega dos
medicamentos, sem nenhuma justificação.
Novembro de
2017:Os grupos
farmacêuticos transnacionais Baxter, Abbott e Pfizer recusam emitir
certificados de exportação com destino à Venezuela, tornando impossível a
compra de medicamentos produzidos por estas empresas, nomeadamente de natureza
oncológica.
Novembro de
2017:Os bancos
intermediários recusam várias transações da Venezuela no valor de 39 milhões de
dólares. Esta soma destinava-se a 23 operações de compra alimentar para as
celebrações de Natal e fim de ano.
29/01/2018: O Departamento do Tesouro americano
afirma que “A campanha de pressão contra a Venezuela começa a dar frutos. As
sanções financeiras que impusemos obrigaram o governo deste país a entrar em
incumprimento relativamente à sua dívida soberana, bem como da dívida da PDVSA.
Podemos assim assistir (…) a um colapso económico total da Venezuela. Ou seja,
a nossa política funciona e a nossa estratégia funciona, devemos por isso
continuá-la”.
12/02/2018: O Departamento do Tesouro americano
alarga as sanções financeiras contra a Venezuela. É proibido renegociar e
restruturar a dívida venezuelana, bem como a dívida da PDVSA emitida antes de
25 de Agosto de 2017.
Março de
2018: 15
pugilistas venezuelanos são impedidos de participar nas competições de
qualificação para os Jogos da América Central e das Caraíbas de 2018, devido à
falta de acordo com a agência de viagens, emissora dos bilhetes de avião.
Quando a empresa se apercebeu que se tratava do transporte da Federação
Venezuelana de Pugilismo, os preços das passagens aéreas passaram de 300
dólares para 2 100 dólares por pessoa. Posteriormente, uma companhia
privada propôs um voo charter para transportar a equipa. No entanto, Colômbia,
Panamá e o México não autorizaram a aeronave a sobrevoar o seu espaço aéreo.
02/03/2018: Os Estados Unidos renovam por mais
um ano, os decretos 13692 (Obama) e 13808 (Trump). O decreto 13808 impõe seis
novas medidas coercitivas, tendo como objetivo, atacar a estabilidade
financeira da Venezuela. O Gabinete de Crimes Financeiros dos Estados Unidos
(FinCEN) alerta as instituições financeiras mundiais que as transações com
entidades públicas venezuelanas são suspeitas de corrupção. Esta acusação, sem
fundamento nem provas, tem como consequência a travagem do pagamento às
empresas alimentares e aos laboratórios farmacêuticos, tornando difícil a
importação de bens essenciais. Isto resultará no congelamento de 1,65 mil
milhões de dólares, pertença do Estado venezuelano.
19/03/2018: O presidente Trump assina a ordem
executiva 13827, que proíbe todos os cidadãos e instituições, de efetuar
transações financeiras com a criptomoeda venezuelana “Petro”, mesmo antes de
esta dar entrada nos mercados de criptomoedas. Esta decisão é a primeira do
género a ocorrer na curta história das criptomoedas.
27/03/2018: O governo do Panamá publica uma
lista de 16 empresas venezuelanas suspeitas, sem provas, de branqueamento de
capitais e de financiamento do terrorismo.
19/04/2018: Steve Mnuchin, o Secretário do
Tesouro dos Estados Unidos, reúne-se com representantes da Alemanha, Argentina,
Brasil, Canadá, Colômbia, Espanha, França, Guatemala, Itália, Japão, México,
Panamá, Paraguai, Perú e Reino Unido, para pedir “acções concretas, de forma a
restringir, a capacidade dos funcionários venezuelanos corrompidos e das suas
redes de apoio”. Afirma que o presidente Nicolás Maduro não tem legitimidade
para pedir financiamento em nome do seu país. A drenagem financeira da
Venezuela representa assim o único objetivo destas propostas.
Maio de
2018: São
congelados 9 milhões de dólares ao Estado venezuelano, destinados aos
tratamentos de diálise. Como consequência, 20 mil pacientes serão privados de
tratamento.
Maio de
2018: O banco
italiano Intensa Sanpaolo bloqueia o dinheiro destinado à construção do
pavilhão da Venezuela na XVIª Bienal de Arquitectura de Veneza.
21/05/2018:Devido à reeleição de Nicolás Maduro
para a presidência, Donald Trump reforça as sanções. De agora em diante, todos
os cidadãos e empresas americanas estão proibidos de adquirir propriedades
pertencentes ao governo da Venezuela no território dos EUA.
25/06/2018: O Conselho Europeu adota a decisão
2018/901, sancionando os membros da administração venezuelana, incluindo os que
operam no sector da alimentação. Esta medida faz eco àquela que foi tomada um
ano mais cedo pelos EUA (9 de Novembro de 2017), tendo como finalidade
impossibilitar a compra de alimentos pelo governo venezuelano.
01/11/2018: O presidente Trump assina um novo
decreto, autorizando o Departamento do Tesouro a confiscar as propriedades dos
operadores do sector mineiro aurífero da Venezuela, sem que acusações penais ou
civis sejam necessárias. O objetivo é o de impedir a recuperação, por parte do
Estado da Venezuela, da bacia mineira de Orinoco, uma das maiores reservas
mundiais de minério aurífero. O Secretário-adjunto do Tesouro americano,
Marshall Billingslea, num absoluto cinismo, declarará, a propósito deste
assunto: “Deveríamos manifestar mais indignação face aos danos infligidos ao
ambiente e às populações indígenas”.
09/11/2018: O Banco Central do Reino Unido
recusa devolver à Venezuela 14 toneladas de ouro pertencentes àquele país.
Trata-se de um valor que ronda os 550 milhões de dólares.
13/12/2018: A fabricante norte-americana
de pneus Goodyear fecha a sua fábrica na Venezuela. O motivo invocado pela
direção da empresa é que “as sanções dos Estados Unidos tornam a sua atividade
impossível naquele país”.
04/01/2019: Os governos do Grupo de Lima
(Argentina, Brasil, Canadá, Chile, Colombia, Costa Rica, Guatemala, Guiana,
Honduras, Panamá, Paraguai, Peru e Sainta Lúcia), com exceção do México,
adotaram uma resolução para reforçar o bloco. O texto prevê estabelecer uma
lista de personalidades jurídicas venezuelanas com as quais “não devem
trabalhar, devem ter o aceso impedido aos seus sistemas financeiros e, se
necessário, congelar os seus ativos e recursos económicos”. Igualmente, a
resolução obriga os países do Grupo de Lima a trabalharem de perto com os
organismos financeiros internacionais que integram para impedirem a cedência de
novos créditos à República Bolivariana da Venezuela
1 comentário:
Os EUA com a cumplicidade da UE e de muitos rastejantes-servis que se dizem democratas,estão a espalhar a barbárie pelo mundo.Chama-se a isso terrorismo,banditismo!Só com o sistema mediático com os contornos actuais é que isso tem sido possível.Abraço
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