Antónia, mãe solteira, duplamente explorada,
trabalhava para um fornecedor de mão-de-obra que vendia a sua força de trabalho
ao Pingo Doce do Alexandre dos Santos. Antónia não sabia se o contrato lhe
seria renovado. Antónia saia de casa às sete da manhã, deixava o filho à porta
da escola e percorria cerca de cinco quilómetros até ao armazém onde trabalhava
em regime de banco de horas. Naquela
tarde libertou-se muito tarde, o filho esperava-a, olhos marejados saiu a
correr, ao atravessar a estrada foi colhida por um camião da empresa.
O multimilionário para quem trabalhava,
contribuindo para lhe consolidar a fortuna, morreu no mesmo dia.
Antónia não foi notícia, lágrimas sentidas e
de aflição foram as do seu filho.
Alexandre explorou Antónia, os filhos de
Alexandre guardam a fortuna, o filho de Antónia guarda saudade, ambos viveram a
prazo.
2 comentários:
Duas vidas,duas mortes:Dois opostos.E ,no entanto,foram vidas bem dependentes uma da outra.Gostei do texto.Abraço
Coitada da criança sem falar noutras condolências a da mãe especialmente.
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