segunda-feira, 10 de dezembro de 2018

Bilhete-postal II



Os turistas acotovelam-se para ver as montras, nos Campos Elísios. É a nova face do turismo de massas sem massa, que vê mas não questiona: “a quem serve o crime?” Não há manifestação sem que les casseurs desvirtuem o seu significado e intento. Os media avolumam os distúrbios, que os franceses reprovam; o descontentamento é incriminado. Simples!...

“A quem serve o crime?”



*Francesco Cossiga, um homem de direita, foi ministro do Interior, primeiro-ministro e Presidente da República Italiana. Foi uma figura central na reestruturação da polícia, da proteção civil e dos serviços secretos italianos nos anos 70 do século passado. Estava em funções quando do assassínio de Aldo Moro e do atentado terrorista em Bolonha. Esteve associado à criação do «Gládio», braço terrorista da NATO. Teorizou com grande sinceridade sobre a ação provocadora da polícia nos anos 60 e 70. Amizade e da familiaridade intelectual que uniu Cossiga ao cardeal Joseph Ratzinger com o qual passava horas de empenhadas conversações filosóficas e teológicas. Cossiga teve o mérito de falar claro, mas não inventou nada. Desde que há movimentos de massas que a classe dominante aprendeu que a provocação é uma das melhores formas de os combater.
Filipe Diniz

Sem comentários: