Os media
de ‘referência’ apresentam-nos um mundo de concórdia onde a luta de classes não
é o húmus e motor de História, e as greves que surgem diariamente por todo o
país como formas de luta coletiva são para eles acidentes de percurso. O mesmo
acontece em todo o paraíso capitalista, em que o nascimento do filho do príncipe
é ‘caixa’ na imprensa e as lutas, se as divulgam, têm a dimensão de um fait
divers.
Pamplona,
aqui ao lado, a democracia funciona assim:
Para vós o
meu canto...
Para vós o meu canto, companheiros da vida!
Vós, que tendes os olhos profundos e abertos,
vós, para quem não existe batalha perdida,
nem desmedida amargura,
nem aridez nos desertos;
vós, que modificais um leito dum rio;
- nos dias difíceis sem literatura,
penso em vós: e confio;
penso em mim e confio;
- para vós os meus versos, companheiros da vida!
Se canto os búzios, que falam dos clamores,
das pragas imensas lançadas ao mar
e da fome dos pescadores,
- penso em vós, companheiros,
que trazeis outros búzios para cantar...
Acuso as falas e os gestos inúteis;
aponto as ruas tristes da cidade
a crivo de bocejos as meninas fúteis...
Mas penso em vós e creio em vós, irmãos,
que trazeis ruas com outra claridade
e outro calor no apertar das mãos.
E vou convosco. - Definido e preciso,
erguido ao alto como um grito de guerra,
à espera do Dia de Juízo...
Que o Dia do Juízo
não é no céu... é na Terra!
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