Por Miguel Ángel
Ferrer
Privatizações,
a alma do neoliberalismo
No transcurso dos últimos 36 anos
(1982-2018) passaram a ser propriedade privada muitas empresas, industriais e
recursos produtivos que era propriedade pública, social ou cooperativa. A lista
é enorme: minas telefones, terras, portos, aeroportos, sistemas de pensões,
estradas, siderurgia, banca, caminhos-de-ferro.
Pode afirmar-se que, durante este período,
foi privatizada uma extensa e substantiva proporção de infraestruturas
económicas do país. Este processo de apropriação privada da riqueza pública é
conhecido universalmente como política económica neoliberal.
É certo que existem outras medidas
económicas que fazem parte da teoria e da prática neoliberal, como a
desregulação e o estímulo ao livre comércio ou uma menor ou nula intervenção do
Estado na economia. Mas, sem dúvida, a característica essencial do
neoliberalismo é a conversão da propriedade pública, estatal ou social em
propriedade privada.
No México esta característica
essencial do neoliberalismo deixou de existir desde 1 de dezembro de 2018. Por
isso que a declaração do presidente López Obrador (AMLO) sobre a morte do
neoliberalismo no México se ajusta plenamente à realidade. O silogismo está em:
se não houver mais privatizações, não haverá mais neoliberalismo.
Ter posto fim às privatizações foi o primeiro passo nesta revolução anti neoliberal encarnada pelo obradorismo. Mas, no mesmo sentido anti neoliberal, vão avançando outras medidas, tais como o resgate e fortalecimento das duas grandes e emblemáticas empresas estatais Petróleos Mexicanos (PEMEX) e Comisón Federal de Electricidad (CFE).
Na mesma direção anti neoliberal, está-se trabalhando no resgate e fortalecimento do Instituto Mexicano do Seguro Social (IMSS) e o ISSSTE, abandonados e arruinados pelas políticas neoliberais que pretendiam privatizar o sistema de saúde pública e que em certa medida o conseguiram.
Não vai ser fácil, é claro, reverter
as nefastas consequências de quase quatro décadas de políticas privatizadoras
da propriedade pública, como é evidente e constatável no empobrecimento popular
nestes quatro decénios.
Mas não é
impossível. É como já se está vendo, o fim da apropriação privada da riqueza
pública é o caminho para travar e reverter esse empobrecimento, essa deterioração
do nível e qualidade de vida da imensa maioria dos mexicanos.
2 comentários:
Saiba o povo mexicano defender com garra essas medidas anti-neoliberais,porque a oligarquia interna e os gringos jamais as aceitarão.Vão dar luta!Abraço
Era muito bom que o México viesse trazer alguma esperança de justiça a este continente tão conturbado.
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