quinta-feira, 28 de maio de 2009

O BLOCO


Quem é que não conhece o bloco de que tanto se fala?

O bloquista de bengala é o chefe.


É uma verdadeira perseguição. Ainda mal desperto, abro um qualquer matutino e zás! apanho com o “bloco”; mudo de página e zás-trás outrobloco”. E as agressões sucedem-se nas rádios e em catadupas nas televisões: “E o bloco disse, e o bloco desdisse, e o bloco foi, e o bloco regressou, e o bloco era para dizer, mas se esqueceu, e o bloco ainda não chegou, mas não vai demorar”. É de se ficar bloqueado!

Mas

O que é que o bloco tem?

O Que é que o bloco tem?
O
Que é que o bloco tem?

Tem torço de
seda, tem!
Tem
brincos de ouro tem!
Corrente de ouro tem!
Tem
pano-da-costa, tem!
Sandália enfeitada, tem!
Tem
graça como ninguém
Como ele requebra bem!

Quando você se requebrar
Caia
por cima de mim
Caia
por cima de mim
Caia
por cima de mim

vai no Bonfim quem tem
Um rosário de ouro, uma bolota assim
Quem não tem balagandãs não vai no Bonfim

(Oi, não vai no Bonfim)
(
Oi, não vai no Bonfim)

A comunicação social dá-lhe música e o bloco dança.

O que é que o bloco tem

que os outro bloco não tem?

terça-feira, 26 de maio de 2009

Vamos sondá-los?



VAMOS SONDÁ-LOS?

Sondar alguém, interrogá-lo cautelosamente, isto é, sem revelar intenção, a fim de colher dele informações que se pretendem.”

(Grande Dicionário da Língua Portuguesa)

O senhor Júlio nunca tinha sido sondado, pensava ele. Tão pouco imaginava como se apresentava um sondador. Não sabia sequer se um sondador era sondável.

Face às sondagens diárias, o homem andava em pânico.

Sem revelar intenção!...”. Será que havia sido sondado sem disso se aperceber?

Se lhe telefonavam, de imediato não se identificava, e ao sair à rua sentia o desconforto de alguém que está a ser seguido.

Sabia que para ser sondado não se podia aperceber que o estava sendo, e não conhecia ninguém que o tivesse sido. Entretanto, com a impertinência da melga e a pertinácia da formiga, as sondagens cercavam-no abafando-o, procurando sufocar a sua capacidade de discernimento.

Númerosaparentementecontraditórios são-lhe diariamente derramados por todos os periódicos, com especial relevância para os semanários, caixas de ressonância amplificadas e ampliadas ainda nas rádios e nas televisões, servindo de repasto aos comentadores que as dissecam e manipulam.

Fórmulas mágicas de ficção que transmudam a realidade em desejos: As sondagens...

Porquê esta doentia perseguição do real? Será que o duque de Bragança D. João IV, teria chegado ao poder se os Filipes detivessem esta terrível arma? Felizmente que conseguimos a nossa independência antes deste flagelo.

Preocupado refugiei-me em Fernando Pessoa, “a minha língua é a minha Pátria”, e deleitado percorri à velocidade duma correcta apreensão os “Poemas de Álvaro de Campos” da Edição Crítica de Fernando Pessoa, Volume ll.. Era tarde, e quando ao chegar à página 292 me preparava para recomeçar este escrito, depara-se-me este desabafo de revolta de um Álvaro de Campos, que considera “Toda a realidade um excesso, uma violência” e lança este grito de revolta, esta pedrada irreverente:

Ora porra!

Então a imprensa portugueza

é que é a imprensa portugueza?

Então é esta merda que temos

que beber com os olhos?

Filhos da puta! Não, que nem

há puta que os parisse.

Calculem como não seria a imprensa na terceira década do século passado e como foi longo o caminho para chegarmos ao mesmo.

Volto às sondagens. Por entre jornais e papelada vária, procuro a publicação que o carteiro me trouxera hoje “Manière de voir 27”. Assinatura que aguardo sempre com ansiedade. Publicação trimestral, desta vez com um titulo sugestivo e oportunoMédias et Contrôle des Esprits”.

Posto de lado o “inconveniente?” Pessoa, retiro o invólucro à revista esperada. Em cada página um grito, uma advertência, um alerta, uma acusação a um nível superior de apreciação:

“A utilização sistemática das sondagens e a sua retoma pelos grandes medias intimidam as pessoas, culpabilizando-as de não pensarem “como deve ser”. O debate é escamoteado e a democracia desfigurada.”

E Emmanuel Souchier et Yves Jeanneret continuam:

“O uso selvagem das sondagens esvaziou o debate político, eclipsou os programas, dissolveu a fidelidade, baniu a vontade. Entretanto o homem político orienta as suas escolhas e inflecte a sua acção em função dos gráficos de popularidade. A opinião reinante é legitimada sob a capa da ciência.”

E os dois jornalistas interrogam-se:

“A democracia pode satisfazer-se com esta demagogia tecnocrática?”.

Mais seguro que o controlo dos comportamentos é a droga doce: “A “repetição” da sondagem “estabelece a tirania” e esvazia a vida política dos seus compostos essenciais”.

E concluindo uma análise impossível de sintetizar:

Tornada mediamétrica, a democracia deverá fatalmente tornar-se numa mediocracia?”.

Noutra recente publicação “Élections et Télévision” um grupo de especialistas coloca e responde a estas questões: Como é que no decurso de uma campanha eleitoral se articulam três temíveis técnicas de manipulação: televisão, sondagens e publicidade, e qual o papel que desempenha o dinheiro neste triunvirato?”.

Sondagens, antolhos para o nosso descontentamento, chocas para conduzirem a nossa raiva ao abate, diluente do espírito crítico que se esvai.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Cuidado com os 'NÓS EUROPEUS'


Verifiquem se não vos estão a propor o 'nó da forca'.


nós e nós.


Quando nos acenam com os ‘nós europeus’ devemo-nos preocupar com os nós que nos propõem.

O cego pressupõe que nunca devemos dar o de ânimo leve.

Temos o simples do qual nada devemos temer e o de porco de que o reco foge, mas se nos depararmos com o de aselha é bem possível que seja o boca de lobo ou o de anzol ou mesmo o fateixa dos quais teríamos muita dificuldade em nos libertar.


Cuidado com os ‘nós europeus’. Muito cuidado!


Depois queixem-se de que não vos alertei.


sábado, 23 de maio de 2009

quinta-feira, 21 de maio de 2009

trago-vos a boa-nova


A VIRAGEM



Alvíssaras, senhores! Alvíssaras! Trago-vos a boa-nova.

Provavelmente já chego atrasado, mas o trânsito está difícil na segunda circular, além do mais tive dificuldade em estacionar o carro e fiz o resto do percurso a correr.

Alvíssaras, senhores!

Ainda estou cansado, nota-se, mas estou radiante.

O governo decretou e o ministro da economia anunciou...

Não me digam que já sabem!...

O ministro Teixeira dos Santos anunciou o... desanuviamento, e que estamos a viver momentos de viragem da crise.

Os jornais em grandes parangonas, as rádios em altos decibéis, as televisões forçando o colorido têm anunciado que "A crise económica está a desanuviar e em momentos de viragem."

O ministro Teixeira dos Santos, ainda ele, defendeu, esta quarta-feira, que é tempo de preparar a fase da retoma, por estarmos a viver momentos de viragem e desanuviamento da... crise, claro.

Depois, mais cauteloso, temperou o logro e disse: "estamos num ponto de viragem ou próximo de um ponto de viragem e não podemos lutar contra esta crise tirando os olhos do que vem a seguir!.

Podemos não estar num ponto de viragem, muito bem, mas estamos próximos, o que é já um estímulo; e o que vier a seguir virá, a seguir vem sempre qualquer coisa.

No entanto, não nos foi dito para que lado é a viragem, nem a que velocidade se processa e, não vá o diabo tecê-las, o melhor é precavermo-nos de algum acidente de percurso e apertarmos o cinto, tanto mais que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, fez-nos saber que a economia portuguesa se vai deparar na próxima década com uma encruzilhada e, uma viragem numa encruzilhada é de nos deixar nervosos. Entretanto, Carlos Zorrinho, Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, vejam bem, um estrategista, vem lá do alto do seu saber esclarecer-nos que "Não há razões para que os portugueses não tenham confiança no futuro", perante as melhorias que o país está a verificar no Plano Tecnológico.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) acaba de anunciar que a economia caiu 3,7% no 1º trimestre, face ao mesmo período de 2008, devido à contracção das exportações, investimento e consumo privado; segundo ainda o INE, também no 1º trimestre de 2009 a taxa de desemprego foi de 8,9%, mais 1,3 pontos percentuais do que no trimestre homólogo, isto não contando com os apagões iluminados à esquerda pelo economista Eugénio Rosa que tanto irritaram os governantes quando faziam pisca para a direita, como habitualmente.

Sábado 23 de Maio, às 14,30 vá até ao Saldanha e veja como se faz a viragem.


(crónica a emitir na Rádio Baía sábado às 12 horas)

segunda-feira, 18 de maio de 2009

Que ninguém falte!

23 de Maio
ainda com mais força



Porque temos que contar com o garrote da "comunicação social" é na rua que vamos dar a notícia.

Espero que o Vital não venha apresentar cumprimentos à espera de uma segunda Marinha Grande..

sábado, 16 de maio de 2009

Nascem os homens iguais - Matias Aires


««79. Nascem os homens iguais; um mesmo, e igual princípio os anima, os conserva, e também os debilita, e acaba. Somos organizados pela mesma forma, e por isso estamos sujeitos às mesmas paixões, e às mesmas vaidades. Para todos nasce o Sol; a Aurora a todos desperta para o trabalho; o silêncio da noite, anuncia a todos o descanso. O tempo que insensivelmente corre, e se distribui em anos, meses e horas, para todos se compõe do mesmo número de instantes. Essa transparente região a todos abraça; todos acham nos elementos um património comum, livre, e indefectível; todos respiram o ar; a todos sustenta a terra; as qualidades da água, e do fogo, a todos se comunicam. O mundo não foi feito mais em benefício de uns, que de outros: para todos é o mesmo; e para o uso dele todos têm igual direito.»»


Medalha Comemorativa do Terceiro Centenário do Nascimento Matias Aires
Matias Aires Ramos da Silva de Eça (1705-1763) ocupa um lugar de primeiroplano na história do pensamento filosófico português e luso-brasileiro, constituindo ao mesmo tempo a sua obra - onde se destacam as "Reflexões sobre a vaidade dos homens" e a "Carta sobre a fortuna" - um dos grandes momentos da prosa barroca em língua portuguesa. Da sua vida pública, sobressai ainda o facto de ter desempenhado o cargo de Provedor da Casa da Moeda. Para celebrar o terceiro centenário do nascimento de Matias Aires, a INCM convidou o artistaConduto para conceber a medalha comemorativa da efeméride. Fernando



sexta-feira, 15 de maio de 2009

A não esquecer!


Lay-off


Todas as manhãs, antes de darmos início às nossas ocupações, seria importante que como medida higiénica avivássemos a memória recordando as malfeitorias, as agressões de muitos figurões que se pavoneiam como democratas.

Reparem bem neste ramalhete de ‘democratas’ sem esquecer o capataz.


Mário Soares - Carlos Alberto da Mota Pinto - António de Almeida Santos - Ernâni Rodrigues Lopes - Amândio Anes de Azevedo - Manuel José Dias Soares Costa - José Veiga Simão - Álvaro Roque de Pinho Bissaia Barreto - Carlos Montez Melancia.


Lay-off

Decreto-lei n. 398/83 de 2 de Novembro de 1983

Visto e aprovado em Conselho de Ministros de 6 de Outubro de 1983.

Promulgado em 24 de Outubro de 1983.

Publique-se.

O Presidente da República, ANTÓNIO RAMALHO EANES.

Referendado em 24 de Outubro de 1983.

O Primeiro-Ministro, Mário Soares.