Quem é que não conhece o bloco de que tanto se fala?
O bloquista de bengala é o chefe.
É uma verdadeira perseguição. Aindamal desperto, abro umqualquermatutino e zás! apanho com o “bloco”; mudo de página e zás-trás outro “bloco”. E as agressões sucedem-se nas rádios e em catadupas nas televisões: “E o bloco disse, e o bloco desdisse, e o bloco foi, e o blocojá regressou, e o blocoeraparadizer, masjá se esqueceu, e o blocoaindanão chegou, masnão vai demorar”. É de se ficar bloqueado!
Mas…
O que é que o bloco tem?
O Que é que o bloco tem?
O Que é que o bloco tem?
Tem torço de seda, tem!
Tem brincos de ouro tem!
Corrente de ouro tem!
Tem pano-da-costa, tem!
Sandália enfeitada, tem!
Tem graçacomoninguém Comoelerequebrabem!
Quandovocê se requebrar Caia porcima de mim Caia porcima de mim Caia porcima de mim Só vai no Bonfim quem tem
Umrosário de ouro, uma bolotaassim Quemnão tem balagandãs não vai no Bonfim
“Sondaralguém, interrogá-lo cautelosamente, isto é, semrevelarintenção, a fim de colher dele informaçõesque se pretendem.”
(GrandeDicionário da Língua Portuguesa)
O senhor Júlio nuncatinha sido sondado, pensava ele. Tãopouco imaginava como se apresentava um sondador. Não sabia sequer se um sondador era sondável.
Face às sondagens diárias, o homem andava empânico.
“Semrevelarintenção!...”. Será quejá havia sido sondado sem disso se aperceber?
Se lhe telefonavam, de imediatonão se identificava, e ao sair à rua sentia o desconforto de alguémque está a ser seguido.
Sabia queparaser sondado não se podia aperceberque o estava sendo, e não conhecia ninguémque o tivesse sido. Entretanto, com a impertinência da melga e a pertinácia da formiga, as sondagens cercavam-no abafando-o, procurando sufocar a suacapacidade de discernimento.
Números “aparentemente” contraditórios são-lhe diariamente derramados portodos os periódicos, comespecialrelevânciapara os semanários, caixas de ressonância amplificadas e ampliadas ainda nas rádios e nas televisões, servindo de repasto aos comentadores que as dissecam e manipulam.
Fórmulasmágicas de ficçãoque transmudam a realidadeemdesejos: As sondagens...
Porquê esta doentia perseguição do real? Será que o duque de Bragança D. João IV, teria chegado ao poder se os Filipes detivessem esta terrívelarma? Felizmenteque conseguimos a nossaindependênciaantes deste flagelo.
Preocupado refugiei-me em Fernando Pessoa, “a minhalíngua é a minhaPátria”, e deleitado percorri à velocidade duma correcta apreensão os “Poemas de Álvaro de Campos” da EdiçãoCrítica de Fernando Pessoa, Volume ll.. Erajátarde, e quando ao chegar à página 292 me preparava pararecomeçaresteescrito, depara-se-me estedesabafo de revolta de um Álvaro de Campos, que considera “Toda a realidadeumexcesso, uma violência” e lançaestegrito de revolta, esta pedradairreverente:
Oraporra!
Então a imprensa portugueza
é que é a imprensa portugueza?
Então é esta merda que temos
quebebercom os olhos?
Filhos da puta! Não, quenem
há puta que os parisse.
Calculem comonão seria a imprensa na terceiradécada do séculopassado e como foi longo o caminhopara chegarmos ao mesmo.
Volto às sondagens. Porentrejornais e papeladavária, procuro a publicação que o carteirome trouxera hoje “Manière de voir 27”. Assinaturaqueaguardosemprecomansiedade. Publicação trimestral, desta vezcomum titulo sugestivo e oportuno “Médias et Contrôle des Esprits”.
Posto de lado o “inconveniente?” Pessoa, retiro o invólucro à revista esperada. Emcadapáginaumgrito, uma advertência, umalerta, uma acusação a umnívelsuperior de apreciação:
“A utilizaçãosistemática das sondagens e a sua retoma pelosgrandes medias intimidam as pessoas, culpabilizando-as de não pensarem “como deve ser”. O debate é escamoteado e a democracia desfigurada.”
E Emmanuel Souchier et Yves Jeanneret continuam:
“O usoselvagem das sondagens esvaziou o debatepolítico, eclipsou os programas, dissolveu a fidelidade, baniu a vontade. Entretanto o homempolítico orienta as suasescolhas e inflecte a sua acção emfunção dos gráficos de popularidade. A opiniãoreinante é legitimada sob a capa da ciência.”
E os doisjornalistas interrogam-se:
“A democracia pode satisfazer-se com esta demagogiatecnocrática?”.
“Maisseguroque o controlo dos comportamentos é a drogadoce: “A “repetição” da sondagem “estabelece a tirania” e esvazia a vidapolítica dos seuscompostosessenciais”.
E concluindo uma análiseimpossível de sintetizar:
“Tornada mediamétrica, a democracia deverá fatalmente tornar-se numa mediocracia?”.
Noutra recente publicação “Élections et Télévision”umgrupo de especialistas coloca e responde a estas questões: Como é que no decurso de uma campanhaeleitoral se articulam três temíveis técnicas de manipulação: televisão, sondagens e publicidade, e qual o papelquedesempenha o dinheiro neste triunvirato?”.
Sondagens, antolhos para o nossodescontentamento, chocas para conduzirem a nossaraiva ao abate, diluente do espíritocríticoque se esvai.
Verifiquem se não vos estão a propor o 'nó da forca'.
Há nós e nós.
Quandonos acenam com os ‘nóseuropeus’ devemo-nos preocuparcom os nósquenos propõem.
O nócego pressupõe quenunca devemos dar o nó de ânimoleve.
Temos o nósimples do qualnada devemos temer e o nó de porcode quesó o reco foge, mas se nos depararmos com o nó de aselha é bempossívelque seja o nóboca de loboou o nó de anzoloumesmo o nó fateixa dos quais teríamos muitadificuldadeemnoslibertar.
Alvíssaras, senhores! Alvíssaras! Trago-vos a boa-nova.
Provavelmente já chego atrasado, mas o trânsito está difícil na segunda circular, além do mais tive dificuldade em estacionar o carro e fiz o resto do percurso a correr.
Alvíssaras, senhores!
Ainda estou cansado, nota-se, mas estou radiante.
O governo decretou e o ministro da economia anunciou...
Não me digam que já sabem!...
O ministro Teixeira dos Santos anunciou o... desanuviamento, e que estamos a viver momentos de viragem da crise.
Os jornais em grandes parangonas, as rádios em altos decibéis, as televisões forçando o colorido têm anunciado que "A crise económica está a desanuviar e em momentos de viragem."
O ministro Teixeira dos Santos, ainda ele, defendeu, esta quarta-feira, que é tempo de preparar a fase da retoma, por estarmos a viver momentos de viragem e desanuviamento da... crise, claro.
Depois, mais cauteloso, temperou o logro e disse: "estamos num ponto de viragem ou próximo de um ponto de viragem e não podemos lutar contra esta crise tirando os olhos do que vem a seguir!.
Podemos não estar num ponto de viragem, muito bem, mas estamos próximos, o que é já um estímulo; e o que vier a seguir virá, a seguir vem sempre qualquer coisa.
No entanto, não nos foi dito para que lado é a viragem, nem a que velocidade se processa e, não vá o diabo tecê-las, o melhor é precavermo-nos de algum acidente de percurso e apertarmos o cinto, tanto mais que o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luís Amado, fez-nos saber que a economia portuguesa se vai deparar na próxima década com uma encruzilhada e, uma viragem numa encruzilhada é de nos deixar nervosos. Entretanto, Carlos Zorrinho, Coordenador Nacional da Estratégia de Lisboa e do Plano Tecnológico, vejam bem, um estrategista, vem lá do alto do seu saber esclarecer-nos que "Não há razões para que os portugueses não tenham confiança no futuro", perante as melhorias que o país está a verificar no Plano Tecnológico.
O Instituto Nacional de Estatística (INE) acaba de anunciar que a economia caiu 3,7% no 1º trimestre, face ao mesmo período de 2008, devido à contracção das exportações, investimento e consumo privado; segundo ainda o INE, também no 1º trimestre de 2009 a taxa de desemprego foi de 8,9%, mais 1,3 pontos percentuais do que no trimestre homólogo, isto não contando com os apagões iluminados à esquerda pelo economista Eugénio Rosa que tanto irritaram os governantes quando faziam pisca para a direita, como habitualmente.
Sábado 23 de Maio, às 14,30 vá até ao Saldanha e veja como se faz a viragem.
(crónica a emitir na Rádio Baía sábado às 12 horas)
««79. Nascem os homensiguais; ummesmo, e igualprincípio os anima, os conserva, e também os debilita, e acaba. Somos organizados pelamesmaforma, e porisso estamos sujeitos às mesmas paixões, e às mesmas vaidades. Paratodos nasce o Sol; a Aurora a todos desperta para o trabalho; o silêncio da noite, anuncia a todos o descanso. O tempoque insensivelmente corre, e se distribui emanos, meses e horas, paratodos se compõe do mesmonúmero de instantes. Essa transparenteregião a todosabraça; todos acham noselementosum património comum, livre, e indefectível; todos respiram o ar; a todossustenta a terra; as qualidades da água, e do fogo, a todos se comunicam. O mundonão foi feitomaisembenefício de uns, que de outros: paratodos é o mesmo; e para o uso dele todos têm igualdireito.»»
Medalha Comemorativa do TerceiroCentenário do Nascimento Matias Aires Matias Aires Ramos da Silva de Eça (1705-1763) ocupa umlugar de primeiroplano na história do pensamento filosófico português e luso-brasileiro, constituindo ao mesmotempo a suaobra - onde se destacam as "Reflexõessobre a vaidade dos homens" e a "Cartasobre a fortuna" - um dos grandesmomentos da prosabarrocaemlíngua portuguesa. Da suavidapública, sobressai ainda o facto de ter desempenhado o cargo de Provedor da Casa da Moeda. Paracelebrar o terceirocentenário do nascimento de Matias Aires, a INCM convidou o artistaCondutoparaconceber a medalha comemorativa da efeméride. Fernando
Todas as manhãs, antes de darmos início às nossas ocupações, seria importantequecomomedida higiénica avivássemos a memória recordando as malfeitorias, as agressões de muitosfigurõesque se pavoneiam como democratas.
Reparem bem neste ramalhete de ‘democratas’ semesquecer o capataz.
Mário Soares - Carlos Alberto da MotaPinto - António de Almeida Santos - Ernâni Rodrigues Lopes - Amândio Anes de Azevedo - Manuel José DiasSoaresCosta - José Veiga Simão - Álvaro Roque de Pinho Bissaia Barreto - Carlos Montez Melancia.
Lay-off
Decreto-lei n. 398/83 de 2 de Novembro de 1983
Visto e aprovadoemConselho de Ministros de 6 de Outubro de 1983. –