terça-feira, 30 de abril de 2013

SIMBOLOS

Nãonada totalmente igual masmuita coisa parecida.

De acordo com as conveniências do momento o Partido Socialista deu os seus primeiros vagidos entoando a Internacional, e o símbolo gráfico é o de um punho cerrado, vulgo, ‘mão do finado’. Foi programado para se apresentar como um partido defensor dos interesses dos trabalhadores para que com o seu apoio o defraudasse e oprimisse. E porque os símbolos deixaram de ter significado, quer na prática quer ideologicamente, e o seusocialismo” perdeu sentido, procura apagar a imagem nada dignificante apoderando-se de outra mais abrangente.

Ao se apropriar da bandeira nacional o Partido Socialista segue as pisadas do Front National de Le Pen que se apoderou da bandeira tricolor apresentando-se, não como patriota mas como nacionalista.

Estes golpes de rins são desonestos e perigosos. Resvalando para caminhos ínvios e ainda mais cinzentos.


CUIDADO COM AS IMITAÇÕES!

domingo, 28 de abril de 2013

«La comedia es finita»



Vê-se que é um actor falhado. Segundo António Damásio é muito difícil expressar fisionomicamente um sentimento inexistente. Esta imagem é paradigmática de uma comédia pífia interpretada por actores de cegada.
As bandeiras com a mão fatal, envergonhadas, diluíram-se entre bandeiras nacionais arvoradas abusivamente. O mau padrasto da democracia, que guardava metralhadoras nos armazéns de electrodomésticos contrabandeados por Edmundo Pedro, desde que fez apelo ao Buiça, curiosamente filho do pároco de Vinhais e uma Maria Barroso, deixou de se pavonear onde possam surgir câmaras de televisão ou gravadores. Nunca se sabe qual o calibre da próxima bacorada.
 
Os senhores do capital jogam em dois tabuleiros com pedras da mesma cor. O PSD/CDS está esgotado, há que recomeçar o jogo no tabuleiro do PS, com as mesmas regras e iguais finalidades.






Manuel Laranjeira - 1907 ou 2013?

Manuel Laranjeira

«Em Portugal uma parte ínfima do esforço empregado redunda em trabalho utilizado. O resto é integralmente esforço desperdiçado. Como querem pois que haja amor ao trabalho, se o produto do trabalho representa uma insignificância que não valoriza senão uma parte mínima do esforço feito?
Não compensar o trabalho é aniquilar o estímulo de trabalhar.
E até certo ponto, se não é justo, é pelo menos explicável que homens, que em outro meio seriam prodigiosas fontes de riqueza e de progresso, respondam invariavelmente aos que os incitam a fazer alguma coisa:
Não vale a Pena”."»

Excerto de textos de Manuel Laranjeira escritos entre finais de 1907 e início de 1908 e compilados sob o título de "O Pessimismo Nacional".
(publicação: Padrões Culturais Editora, 2009)

sexta-feira, 26 de abril de 2013

A RUA

 “Se as fábricas fecham deixando os trabalhadores na rua é natural que na rua se manifestem”.
Já sabemos! Vota-se e se a miséria nos entra portas a dentro devemos manifestar-nos em casa frente à televisão, dar um tabefe no filho, chatear a mulher ou vice-versa. Na rua é que não!

Todas as medidas tomadas pelos governantes, mesmo se contrárias aos nossos interesses, estão de acordo com as leis vigentes, e porque promulgadas pelos nossos representantes, eleitos por sufrágio universal, devem também ser aceites democraticamente. Contestá-las na rua é que não! Ainda não chegámos ao Egipto.

Ora chiça! Exclamou a minha vizinha Carriça; qual a razão por que não posso dizer na rua o que desabafo frente à televisão e revoltar-me quando me tiram o pão?! Não; na rua é que não!

As marchas dos santos populares com arquinhos e muitos balões, folclore para turista ver, cantiguinhas que a populaça acompanha até é lindo. Bandeiras negras e vermelhas de contestação... na rua é que não!

Paradas militares com tambores e gaitinhas, canhões, tanques e o povo a bater palminhas e os senhores oficiais com fardas muito limpinhas, que no final arengam ladainhas, não esquecendo o senhor presidente circunspecto de postura imponente! Reclamar emprego na rua não é decente, dá dores de cabeça a muita gente. Que fique assente: na rua não!

“Não são permitidos ajuntamentos de mais de uma pessoa”; já ouvi isto em Lisboa. Na rua não se exige, pede-se, mendiga-se o que permite a muitas boas almas aliviar as pesadas consciências. A mão estendida enternece, o punho erguido é ameaçador, amedronta. Na rua não!

Se se querem manifestar, manifestem-se na Travessa do Fala Só, só; tem espaço limitado, cada qual pode falar com os seus botões, remorder os seus problemas sem alterar a ordem pública nem preocupar ninguém; têm como alternativa a Rua da Betesga. Outra rua é que não!

Mas chega o 1º de Maio que não cabe nas ruas; na Liberdade, avenida de multidões, torrente de cravos, abraços solidários, hinos à conquista de um futuro de bem-estar, esperança que não desvanece; em liberdade o primeiro de Maio acontece.

1º de Maio, avenida onde transbordam os sonhos que uma só rua não comporta; húmus onde os manifestantes retemperam as forças ou entusiasmos combalidos. O caminho tem sido íngreme e pedregoso, natural é o cansaço.

Não, rua não! Amplas avenidas a fervilharem de entusiasmo, de força, de amizade e confiança que nada nem ninguém derrubará; Alamedas, grandes espaços onde se respira a vontade colectiva de ser gente, sóbria, feliz, consequente.

Mais um primeiro de Maio em liberdade... robusto pilar da democracia.