quarta-feira, 31 de agosto de 2011

FESTA BACTERIOLÓGICA E IDEOLOGICAMENTE PURA









QUALIDADE GARANTIDA

A ASAE presente atrai muita gente

Podemo-nos vangloriar de que com a preciosa colaboração da Autoridade de Segurança Alimentar e Económica (ASAE) a Grande Festa do Avante é a única Festa do mundo capitalista que tem o acompanhamento de um organismo estatal. Tal e qual!

Por enquanto a intensa fiscalização da ASAE à Festa do Avante é gratuita, mas com a fúria privatizadora, dentro em pouco será paga. É aproveitar, é aproveitar para folgar!

Quem for à Festa do Avante, pode frequentar restaurantes e tasquinhas, seguro que todas as condições higiénicas foram cumpridas. Se desprevenido levantar a tampa de um tacho, pode-lhe de saltar um funcionário da ASAE; nos sanitários, dentro dos autoclismos, pode também esconder-se um polícia da ASAE. Para nossa segurança a ASAE está omnipresente.

Vontade não lhes falta, mas não lhes é permitido interferir ideologicamente nos produtos vendidos na livraria. As palavras de ordem também não estão sujeitas à sua ASAEa interferência. Nas intervenções culturais de que poderão usufruir não meterão o bedelho.

As intervenções políticas terão, como sempre, a pureza ideológica tão indigesta aos patrões dos ASAErentos intrometidos.

O antivírus que protege os trabalhadores da exploração e do individualismo, afasta a ASAE das canções e das palavras de ordem que se ouvem e lêem

A ASAE vai estar atenta, e nós também.




NÃO HÁ FESTA COMO ESTA


terça-feira, 30 de agosto de 2011

MENSAGEM E EMOÇÃO


Extraí esta fotografia de um jornal cujo proprietário é contrário ao “trabalho com direitos”; o nome do fotógrafo nem sequer é referido.

Emocionei-me!

Se não nos conseguirmos emocionar, não atingiremos a indignação e, consequentemente, a capacidade de agir.

sentido e sentimento nesta imagem. A protagonista não surge isolada e a mensagem eleva-se como expressão do sentir de todas as outras companheiras exploradas.

Assim se tece a consciência de classe.

sábado, 27 de agosto de 2011

General Vo Nguyen Giap

General Vo Nguyrn Giap

25 de Agosto de 2011, o velho comunista fez 100 anos.

Este Homem é um mito, direi melhor, é um exemplo que não devemos esquecer ou ignorar. Este Homem conduziu um povo desarmado contra a maior potência do mundo. Este Homem e o seu Povo vergaram e colocaram em debandada um exército exemplarmente equipado que cometeu no seu país as maiores barbaridades que se possam imaginar.

Este Homem é o General Giap, que depois de ter escorraçado os franceses do Vietname, na batalha de Dien Bien Phu, humilhou os EUA, a maior potência do Mundo, que ainda hoje deixa por onde passa um rasto de sangue e baba venenosa.

Giap mostrou que quando um povo se levanta e tem dirigentes à altura nada é impossível.

Para os que perdem a força e a esperança devem beber desta água.

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

OS SÁTRAPAS


OS SÁTRAPAS

Nixon, Frei e Pinochet até hoje

até este amargo e doloroso mês de Setembro

do desgraçado ano de 1973.

Juntamente com Bordaberry, Garrastazu e Banzer,

são hienas vorazes da nossa história, roedores

a corroerem com venenosos dentes os pendões conquistados

com tanto sangue vertido e no meio de tanto fogo,

são réus infernais,

enlameados no pantanal das riquezas mal adquiridas,

sátrapas mil vezes vendidos e vendedores

incitados pelos lobos de Nova Iorque.

São máquinas esfomeadas por dólares,

manchadas no sacrifício

dos seus povos martirizados,

mercadores prostituídos

do pão e do ar das Américas,

cloacas assassinas e mal cheirosas

chefes de rebanhos de homens

sem conhecerem outra lei senão a da tortura, da fome e do chicote

que impõem aos seus povos.

(PABLO NERUDA – CHILE, 15 de Setembro de 1973)


Publicado no semanário «A OPINIÃO» o único jornal do Norte que ia à censura a Lisboa e de que se não ouve falar.

Alterando os personagens e o continente referido é de uma actualidade gritante.


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quarta-feira, 24 de agosto de 2011

A GUERRA PELOS DESPOJOS

...e Líbia!


(Os jornalistas Mahdi Darius Nazemroaya e Thierry Meyssan estão ameaçados de morte pelos mercenários ao serviço da NATO.)

Ainda se combate na Líbia e os senhores da guerra discutem a pertença dos despojos. Do povo líbio e do sofrimento causado pelas toneladas de bombas lançadas para os “protegernem uma palavra. O DN e o Público escarram na primeira página a mesma fotografia. Bebem no mesmo charco.

Empresas europeias preparam-se para voltar ao petróleo líbio”. Técnicos da UE e dos USA se encontram no terreno para tornarem operacionais as estruturas petrolíferas.

Empresários líbios reuniram-se ontem com Portas”. Essa figurinha de opereta se arrasta para lhes lamber o traseiro. É de não esquecer que, quando do Iraque, todos esfregavam as mãos festejando os negócios chorudos prometidos mas que nem chegaram a cheirar.

São os que nos estão a empurrar para a fome que vão tudo abocanhar.


segunda-feira, 22 de agosto de 2011

OS NECRÓFAGOS REJUBILAM

Afeganistão, Iraque, Líbia e... Síria!

Mil formas há de escrever nojo ou raiva e não encontro nenhuma que me sirva para expelir tudo o que de repelente sinto face a tamanha monstruosidade!

Quantas palavras para definir o que há de mais impróprio ao ser humano, se humanos nos puderem considerar!

Como classificar mais um crime gizado e perpetrado sob a passividade conivente da talcomunidade internacional”!

Todos os órgãos de intoxicação social vomitam nas televisões ou escarram nas primeiras páginas dos jornais a mórbida alegria de assistirem à morte e sofrimento de milhões de seres humanos.

Lamento a passividade dos que vítimas da propaganda se encontram encurralados pela ignorância. Não perdoo à escumalha que esclarecida é conivente no crime. Não perdoo aos auto-denominados intelectuais que para não perderem uma côdea do banquete dos bárbaros se colocam ao seu serviço.

E se alguém quiser fazer crer que a nossa degradação social é alheia às bombas lançadas sobre o povo líbio, é ignorante ou mal-formado.

Segue-se o povo sírio. A opinião pública está a ser moldada.

O REGRESSO (la rentrée)


“A desconfiança a todos os níveis e as dívidas que atingem limites assustadores fazem com que as pessoas cortem na alimentação e outros bens”.

Miguel Goulão

Um pedacito de lápis que os miúdos deixaram sobre a mesa, o espaço da página não impressa de um anúncio de luxo num jornal e o sobrolho carregado que não serviria para publicitar o prazer de estar em férias.

Contabilizar os compromissos a satisfazer ao regressar a casa é um exercício penoso mas necessário.

O jornal, o lápis, o homem e os números, números que, gemendo apreensões, vão escorrendo pelo papel.

Um gole de café requentado, um cigarro e mais cifrões (ou eurões?)/ que adicionava, lenta e penosamente, a outras parcelas, e outras e outras ainda, à pilha de algarismos que não parava de crescer.

Para descontrair, o “homem em férias”, displicente, folheou o jornal detendo-se, sem interesse, num ou noutro título: portagens, liberalização dos preços da electricidade e do gás, aumentos dos transportes colectivos e outras bagatelas que não cabiam no cesto do seu desinteresse; voava, ou pretendia planar, acima de preocupações tão comezinhas.

Vagueou o olhar pelo que o circundava, retendo-se numa garrafa de whisky, vazia dois ou três dias; empresta um certo estatuto ter um bom whisky em casa, de preferência bastante velho; é chique!

Mas… os números, sempre os números a fustigá-lo. O empréstimo feito ao banco, os juros dai decorrentes, contas que ficaram por saldar!

E a maldita crise!... A troika, os tratamentos de choque e o desnorteio que se instala.

Quase a medo abre o jornal na página fatal: “movimento bolsista”. Os malditos papéis valem cada vez menos, melhor será despachá-los.

A euforia dos primeiros dias de pretenso repouso esfumou-se e, se o sol continuava, o relativo bem-estar fora de pouca dura, a realidade, aos poucos, impôs-se.

Férias, não são tempo livre; pressupõem disponibilidade de espírito, tranquilidade que, partindo do presente, não pode deixar de ter em conta o futuro, e o futuro era a garrafa vazia e, os meses de Setembro e Outubro, cheios de problemas, que alguns dias de desejado descanso vieram agravar.

Não havia tido em conta os imprevistos: amigos e conhecidos que se encontram, e não se pode deixar de acompanhar a bons restaurantes, contactos que se não devem perder porque ninguém sabe o dia de amanhã. E de compromisso em compromisso, esparrela em esparrela a carteira foi minguando.

Não se fazer encontrado em locais de referência, onde políticos mediáticos e seus cortesãos aquecem as suas influências, teria custos elevados.

A engrenagem dos favores é complexa e implacável. A troca de um sorriso, o esboço de um cumprimento, são mais-valias a não menosprezar, podem mais tarde servir de pretexto paratrocar impressões”, insinuar-se, mostrar-se disponível, em suma, tirar daí proveito: negociar favores! Os protagonistas são outros os favores mudaram de origem.

Colocar os filhos no ensino público, frequentar restaurantes modestos, levar a vida pacata do comum dos mortais são golpes rudes de suportar, geradores de incompreensões que se traduzem em desaguisados familiares e distúrbios psíquicos, dos quais, dificilmente, se libertam os que enveredam por caminhos escorregadios.

A pequena e média burguesia têm pés de barro e tenta, usando cordas sebosas, guindar-se ou confundir-se com os poderosos; exercício que os leva a cair, com frequência, na classe que sempre menosprezaram.

Insurgem-se contra os senhores que lhes alimentaram ilusões, culpabilizando, no entanto, os que no sopé da pirâmide lutam pelo pão de cada dia.

Nunca se olham ao espelho, o mal vem sempre dos outros. Desconhecem, no fulgor do efémero sucesso, que a instabilidade a que todos, absolutamente todos, estão sujeitos é uma constante, tão mais traumática, quanto mais alto se sonha subir. Para estesanalfabetos políticos” o capitalismo é alheio a tudo isto.

Classezinha de frustrados, híbrida, fragmentada e presunçosa. Coitada!


Fernando Campos (o sítio dos desenhos)