segunda-feira, 19 de maio de 2025

O 'socialismo na gaveta' lembram-se?

“Ao ano de 1978 ficou colada como uma pastilha elástica uma expressão atribuída a Mário Soares, o então primeiro-ministro. O líder do PS teria dito que o socialismo tinha de ser ‘metido na gaveta’.”

Tanta consternação, tanto constrangimento… mas tudo isto começou com o padrasto, um mau padrasto, da democracia, o tal do ‘socialismo de rosto humano’ e que entregou a chave da gaveta onde guardou o Socialismo ao seu mentor Frank Carlucci, que formou governo com Freitas do Amaral e elegeu como principal adversário Álvaro Cunhal que havia combatido o fascismo durante décadas.

A choraminguice de alguns e a hipocrisia de muitos procura esconder o trabalho de sapa que têm feito na construção do regresso ao passado.

MAS… O MUNDO ESTÁ A MUDAR VERTIGINOSAMENTE, OS TRABALHADORES REIVINDICARÃO O PÃO DO SEU SUOR E O SOL QUE TAMBÉM LHES PERTENCE.

TEMOS AS MÃOS CALEJADAS POR TAREFAS MAIS AGRESTES!

quarta-feira, 14 de maio de 2025

Os biltraços

Ventura                         Bolsonaro

a mesma luta

Simiesca, a canalha não é criativa, repete os gestos e as fórmulas, usa os mesmos embustes, descora a inteligência alheia focando-se no emocional. Cabe-nos descodificar o logro e divulgar a manha.


Última hora

 

Na hora de grande audiência, a 48 horas do final da campanha, noticiam que o Grande Líder caiu da cadeira, hospitalizado de urgência, e concluídos todos os meios de diagnostico, concluísse que só a cadeira havia quebrado uma das pernas.

O truque é velho e rasteiro, o seu correligionário Bolsonaro, na campanha eleitoral que o levou à presidência, foi esfaqueado no ventre, mas nunca se viu a faca, nem uma gota de sangue nem sequer a cicatriz, e a camisola que deveria estar furada foi queimada no hospital.

São astúcias primárias, mas que resultam para enrolar parolos, e não são poucos.

domingo, 11 de maio de 2025

Rechonchudo e luzidio

“Depois de terem sido gastos 6.500 euros na reparação da antiga viatura, um Mercedes, juiz quer alugar viatura topo de gama, cujo custo pode chegar a 1.283 euros por mês”

Já não podemos considerar um caso insólito, a parolice e o andar nos bicos dos pés para se fazer notar, traz à luz o nepotismo do arco da governança, e é triste assistir a tanta desvergonha, e ainda mais penoso verificar que os partidos mais corruptos podem voltar à governança deste protetorado.



domingo, 4 de maio de 2025

Um "estranho" acaso

A satisfação é comum e o apoio de Marcelo ll a Ventura é notório

André Ventura esteve este domingo na Ovibeja e encontrou-se com Marcelo Rebelo de Sousa. O presidente do Chega diz que aguarda por uma chamada no dia das eleições para formar governo.

Ver vídeo AQUI

https://tvi.iol.pt/noticias/video/ventura-cruza-se-com-marcelo-na-ovibeja-e-deixa-recado-espero-que-falemos-no-dia-18/681753fc0cf20ac1d5f31237

sexta-feira, 2 de maio de 2025

A Einstein e as crianças

“A palavra progresso não tem qualquer sentido enquanto houver crianças infelizes” (Albert Einstein)

terça-feira, 29 de abril de 2025

A canalha

 Um dia serão julgados

Reparem bem na escumalha hilariante festejando o roubo da EDP, nosso património. Mas o mais grave é termos cidadãos que apoiam estes crápulas. 

sexta-feira, 25 de abril de 2025

A esperança que não fica à espera

Um texto magnifico... por Adão Cruz

 25 DE ABRIL, O GRANDE VENCEDOR – por Adão Cruz

Fonte: “A Viagem dos Argonautas

Um texto magnifico a que não resisti, escrito com coração e mestria


25 DE ABRIL, O GRANDE VENCEDOR

por Adão Cruz

O 25 de Abril foi o mais importante fenómeno político-social da nossa história moderna. O mais fascinante fenómeno político-social da vida de todos aqueles que tinham dentro de si a terra preparada para nascerem cravos.

Foi uma rajada de vento estilhaçando as janelas do tempo e deixando entrar o futuro e os sonhos pela mão dos pequenos gestos de cada um de nós. Uma generosa pincelada de cor e de vida nas paredes gastas da existência, nas palavras desencantadas e nos rostos mortos da esperança. O abrir da madrugada que há tanto tempo se recusava a ser dia.

Sensação única e irrepetível. A praça do entusiasmo era demasiado grande e a alegria brotava em cada esquina, entoando canções que ardiam no ventre da arte e da poesia. Eram muitas as certezas, ainda mais as incertezas e uma cândida ingenuidade brilhava em todos os olhos. Acreditava-se que neste pérfido mundo ainda havia almas grandes, as únicas capazes de ultrapassar a fronteira para além da qual o homem adquire a dimensão da cidadania, da honra e da dignidade.

Ao calor do 25 de Abril se deve o germinar da revolucionária ideia de que é na relação com os outros que nós percebemos quem somos e que o sentido da nossa existência é o sentido da nossa coexistência. A maior conquista do 25 de Abril foi, de facto, o nascimento de uma necessidade crescente de sentir a beleza, o autêntico, a verdade, o gosto da vida para cada um e para todos, a solidariedade, a sede de saber e a consciência da soberania da liberdade e da justiça.

Comemoramos hoje o nascimento de uma vida por que tanto lutámos. Mas é com tristeza que penduramos o cravo na lapela e uma lágrima nos olhos. Hoje já não sabemos se é dor ou alegria o que sonhamos quando abrimos ao sol as portas de Abril. Não sabemos se é dor, tristeza ou alegria, aquilo que sentimos quando a revolução faz tantos anos de saudade e nostalgia.

O 25 de Abril sempre teve e tem alma de esquerda. Nunca poderia ser o gene da nova ditadura que aí está desde há muito, cada dia mais tecnologicamente evoluída e sofisticada. Não demorou muito depois de Abril a incubação do ovo da serpente. Como fazem os micróbios quando aprendem a utilizar o antibiótico como alimento, os saudosos do antigo regime apoderaram-se da palavra democracia, usando-a como rótulo do veneno que lentamente foram injectando nas consciências e nas inconsciências do nosso povo.

O seu caldo de cultura é não só o domínio da comunicação, onde ferreamente institucionalizou a desinformação e a mentira com máscaras de informação, mas também a eterna manutenção da ignorância, da estupidificação, da pobreza e do obscurantismo. Tudo em nome da competitividade e da convergência, da globalização, da modernidade, da religiosidade, da flexibilização, da privatização, palavras inquestionáveis das estratégias de dominação por parte daqueles que sabem quem tudo ganha à custa de quem tudo perde.

São estes responsáveis pelo abrir de portas e pelo estender de tapetes às chancelarias do crime que provocaram ou facilitaram esta barbárie dos tempos modernos, a corrupção, os roubos ao país, os cortes de salários e o esbulho das pensões, a degradação social, a fome ao lado da loucura do consumismo, o monetarismo e o ultraliberalismo cujo útero reside nos tecnocratas da rapina e na cabeça do patrão planetário que os condecora por cavarem cada vez mais fundo o fosso entre ricos e pobres.

De cravo ao peito ou sem ele, comemoram com toda a desfaçatez a honrosa revolução que sempre odiaram, numa tentativa de a desnaturar e de neutralizar o genuíno espírito de Abril. O que se passa na Assembleia da República é paradigmático. A hipocrisia é maior do que o monte de cravos ali aprisionados nesse dia. Dia que muitos suportarão com dificuldade, conhecidos que são os seus claros sinais de alergia.

Nos dias que correm, a luta tem de ser redobrada dentro de cada um de nós. Não é o grau de facilidade ou dificuldade ou a carga pragmática ou utópica que ditam o que deve ser feito ou obstam àquilo que deve ser feito, mas é, sobretudo, a resistência e a força da verdade da nossa consciência perante a submissão.

A identificação com os autênticos valores de liberdade em todo um processo de valorização pessoal e colectiva, exprime uma inquestionável adesão ao Bem e à Justiça, uma interioridade e uma nobreza de carácter só reconhecidas às almas grandes. É por tudo isto que ABRIL é e será sempre o GRANDE VENCEDOR.


quinta-feira, 24 de abril de 2025

Bella coincidência

Staffetta partigiana-80°  - Gio

Amanhã, para nós [italianos], comemoram-se os 80 anos da libertação da Itália do fascismo, para vocês os cravos, para nós as papoulas que lembram os imensos prados percorridos pelas partigiane, muitas mulheres, que combateram nas montanhas pela nossa liberdade.

Qui (itália) April 24, 2025

Tanto Mar (Chico Buarque) - Ciça Marinho e Larissa Lima (ao vivo)

terça-feira, 22 de abril de 2025

E tudo!


50 MADRUGADAS

50 MADRUGADAS

A partir da obra poética de Ary dos Santos

O Museu do Fado convida para a estreia de 50 Madrugadas,

no dia 24 de Abril, às 19h00, no Museu do Fado.

Companhia da Esquina  

Encenação: Jorge Gomes Ribeiro 

Com Sofia Ramos, Ricardo Abreu Raposo, Pedro Pernas,

António Martins (guitarra portuguesa) e Pedro Saltão (viola de fado)

 O espetáculo desenrola-se numa sala de redação, onde um grupo de jornalistas trabalha num artigo sobre Fado e Democracia. À medida que exploram a obra de Ary dos Santos e outros autores relevantes para o 25 de Abril, a noite transforma-se numa jornada de memórias, debates e celebração. Os jornalistas revivem poemas, letras e músicas, discutindo temas como política, fascismo, fado e património cultural. 

A narrativa evolui de uma simples sessão de trabalho para uma experiência imersiva, onde a música e a poesia ganham vida. O espetáculo culmina com a evocação da madrugada de 25 de Abril, simbolizando o despertar da liberdade em Portugal. 

 Edição de Estúdio: Diogo Sotto-Mayor . Controle e Mistura Áudio: Pedro Pestana 

Luminotécnica: Nuno Barroca . Direção de Comunicação: Rita Fernandes 
Direção de Produção: Manuela Morais 

🗓 24 ABRIL
🕐 19 H 
📍 MUSEU DO FADO

 

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Lotação limitada. Reserva obrigatória para comunicacao@museudofado.pt

Este espetáculo integra o programa Festas de Abril da Lisboa Cultura.

segunda-feira, 14 de abril de 2025

OS DIAS LEVANTADOS

Dia 26 de Abril, sábado, n' A Padaria do Povo (R. Luís Derouet 20A, Campo de Ourique, Lisboa), partimos do apelo OS DIAS LEVANTADOS de apoio à CDU nas próximas eleições legislativas para debater a guerra, o combate ao fascismo e o que podemos fazer em Portugal para construirmos uma sociedade mais justa.

O programa está disponível em anexo. 

Inscrições para o jantar (15 euros) até ao dia 23 de Abril através do e-mail: iniciativadoscomuns@gmail.com

O Manifesto OS DIAS LEVANTADOS continua disponível para subscrição para aqueles/aquelas que ainda não o fizeram e se assim o entenderem.

No próximo dia 18 de Maio, assumiremos um compromisso com a esperança em tempos que são difíceis. Apelamos a um voto certo e seguro contra as desigualdades económicas e o neoliberalismo, contra todas as derivas militaristas e seus efeitos humanitários e ambientais nefastos. Contra a ameaça fascista que o avanço da extrema-direita representa, votaremos por um antifascismo com memória e futuro. Não somos militantes do PCP nem do PEV, votaremos na CDU e são estas as nossas razões.

Assina aqui 👉 https://iniciativadoscomuns.wordpress.com/os-dias-levantados/

Carlos Matos Gomes e Abril-agradecido

Ainda há um mês, com acutilância, lucidez e ironia, nos alertava para a realidade como só um escritor comprometido o consegue fazer. Guardemos este alerta que certamente nos vai ser necessário.

“O rearmamento da Europa faz tanto sentido como comprar uma armadura e um arreio de prata para um burro velho e convencer os pagantes de que têm ali um cavalo de batalha que os defenderá de um inimigo imaginário. O Dom Quixote de La Mancha antecipou este cenário.23 março 2025 (ver aqui)

quarta-feira, 9 de abril de 2025

segunda-feira, 7 de abril de 2025

Os cães abocanham o SNS - 7 abril Dia Mundial da Saúde

Mais 28.500 pessoas sem médico de família em março de 2025

Em pré-campanha eleitoral os cães de fila que têm devorado o SNS vêm agora de bandeiras desfraldadas e caixões às costas prometer tudo o que já nos roubaram.

O número de pessoas sem médico de família subiu para 1.593.802 no final de março, mais cerca de 28.500 do que no mês anterior, indica o portal da transparência do Serviço Nacional de Saúde. O número de inscritos nos centros de saúde também cresceu, havendo mais 160.042 utentes do que em fevereiro. Em janeiro aposentaram-se mais 13 clínicos, o que significa que no mínimo 20.150 pessoas perderam o médico de família.

*

«Há muitas maneiras de matar. Podem enfiar-te uma faca na barriga, arrancar-te o pão, não te curar de uma enfermidade, meter-te numa casa sem condições, torturar-te até à morte a trabalhar, levar-te para a guerra, etc. Só a primeira é proibida pelo Estado.”— Bertold Brecht (1898-1856)

domingo, 6 de abril de 2025

Duran Clemente: apresentação do seu último livro.

 

Fazemo-nos eco do texto que o nosso associado, Militar de Abril, M Duran Clemente nos fez chegar. Trata-se da alocução que fez na VO aquando da apresentação do seu último livro.

Associação Conquistas da Revolução - ACR

VOZ DO OPERÁRIO, 5 de Abril de 2025

APRESENTAÇÃO MDC

1.Os fantasmas de todas as revoluções derrotadas, ou desvirtuadas, ao longo da história, renascem sempre em novas experiências, assim como os tempos presentes foram engendrados pelas contradições do passado. Parafraseando Eduardo Galeano: “a História é um profeta com o olhar voltado para trás: pelo que foi, e contra o que foi anuncia o que será. A memória é subversiva por ser diferente, e também projecto de futuro”. Neste livro deixo-lhes a memória subversiva de experiências vividas, que não são opinião nem interpretação; são informações para aclarar alguns factos. Conspirei e actuei com muito empenho, vários anos antes da Revolução de Abril, com civis e militares antifascistas e anticolonialistas; faço parte dessa geração intrépida que derrubou uma ditadura a cair de podre. Lembro-me, que no dia da vitória da nossa Revolução, os portugueses regozijaram-se e viveram uma euforia emancipatória de intensa participação colectiva, reivindicaram o direito à palavra e ocuparam as ruas como espaço de libertação. Mas, à medida que as promessas de justiça social se concretizavam, surgiram os golpes e os contragolpes reacionários para as asfixiar… Em certo sentido a direita tinha razão, quando se identificava com a tranquilidade e com a ordem. Porque a ordem é a duradoura humilhação da classe trabalhadora, mas sempre é uma ordem – a tranquilidade de que a injustiça continua injusta, e a pobreza aumenta. A nossa Revolução viveu tempos duros e difíceis, de contradições e sacrifícios. Os próprios portugueses confirmaram que o socialismo se construía com o esforço de todos, e que a revolução não era nenhum passeio… As sucessivas mudanças de governos culminaram na fúria das agressões contra o Primeiro-ministro Vasco Gonçalves e seus apoiantes, por serem a expressão não mascarada da luta de classes: o perigo real. E esta revolução acossada, que suportou traições sem limites, não caiu em ditadura por ter sido defendida pelo povo. As bandeiras da revolução social, que os coveiros da Revolução de Abril enterraram em Novembro, defendiam as nacionalizações das empresas estratégicas e a expropriação dos grandes agrários que teimavam em boicotar o desenvolvimento económico do país (um dos três “Ds” inscritos no Programa do Movimento das Forças Armadas).

2 Cinquenta anos passados recordo neste livro o descontrole e precipitação com que as autoridades militares analisaram os acontecimentos de 25 de Novembro de 1975. Pelo carácter irreversível de afirmações e posições políticas assumidas por altos responsáveis, que não garantiram um julgamento justo aos “supostos implicados no designado golpe comunista”. Os militares e civis, presos e exilados após o 25 de Novembro, sofreram as vicissitudes de um ambíguo processo revolucionário. Humilhados e ultrajados, foram vilmente condenados à priori, por um sistema militar “novembrista” que subverteu os direitos universais. E para que conste, na memória futura, as averiguações não apuraram a Verdade que interessava ao país e à revolução dos trabalhadores, mas às forças mais reacionárias da sociedade portuguesa. “Só a verdade é revolucionária!”, escreveu António Gramsci. E George Orwell também disse algo semelhante, ao afirmar que "numa época de mentiras universais, dizer a verdade é um acto revolucionário!" Por isso, escrevi estas crónicas para responder a muitas questões e inquietações que me zumbem na cabeça, e o que escrevi desfruta de um sentimento coletivo sempre que coincide com experiências comuns. Sei que pode parecer sacrilégio que algumas crónicas falem de determinados acontecimentos ao estilo de um romance de pirataria, mas confesso que me repugna ler obras de certos sociólogos, politólogos, ou historiadores, que escrevem em código. No meu caso, escrevi para divulgar experiências vividas e ideias alheias, que talvez ajudem, na justa medida, a clarificar as dúvidas que perseguem há cinquenta anos alguns dos ditos “vencidos” da Revolução. Porque nos mentem sobre o passado, como nos mentem sobre o presente, para mascararem a realidade. Para nos incutirem uma memória hegemónica, fabricada, alienada, dissecada e estéril. De maneira a resignarmo-nos e a perdermos a esperança na Humanidade. Há uma tendência para pensarmos que o presente é imutável, e esquecemo-nos de quantas vezes, ao longo da História, fomos surpreendidos pelo colapso de instituições, por mudanças extraordinárias nas mentalidades, por explosões inesperadas de rebelião popular e pelo colapso de regimes políticos que pareciam invencíveis.

3 Por isso, as coisas más que hoje acontecem não são mais do que repetições de coisas que sempre aconteceram, como as guerras, o racismo, o fanatismo religioso e nacionalista, os maus-tratos infligidos às mulheres, a desigualdade social, a fome, etc. etc. O bom, por outro lado, é o inesperado. Inesperado e explicável através de certas verdades, que de vez em quando explodem e que tendemos a esquecer. Mas convém não esquecer que a Revolução de Abril foi o culminar de lutas de muitas gerações por uma sociedade mais justa, para conquistarmos a liberdade e o direito de votarmos livremente. Hoje, muitas pessoas protestam contra um sistema capitalista que favorece “os donos do capital”, mas falham o alvo sempre que culpam os imigrantes, os ciganos, os negros ou as comunidades mais desfavorecidas. Por isso, precisamos urgentemente de criar um sistema mais justo e igualitário que combata os discursos populistas da extrema direita. O que ainda me encoraja é justamente essa possibilidade de mudança, apesar do racismo, da xenofobia, da discriminação sexual, da pobreza, das crises económicas que envenenam a nossa sociedade, e das guerras. As guerras invocam sempre motivos nobres, quer seja em nome da Paz, de Deus, da civilização, do progresso ou da democracia, e se por via das dúvidas nenhuma dessas mentiras for suficiente, os meios de comunicação social estão dispostos a inventar novos inimigos imaginários “para justificarem a conversão do mundo num grande manicómio e num imenso matadouro”, como afirmou Eduardo Galeano. Tudo isto porque as armas exigem guerras e as guerras exigem armas, e os países que dominam as Nações Unidas, com poder de veto, são os principais produtores de armas. Nunca escondi as minhas opiniões políticas: o meu ódio à guerra e ao militarismo, a minha fúria perante a desigualdade social, a minha crença no socialismo, como distribuição justa e racional da riqueza. Sabemos que a dinâmica interna do capitalismo continuará a gerar crises económicas, a destruir o meio ambiente, a aumentar a pobreza, e que com a Inteligência Artificial, os novos “donos do capital” podem substituir a verdade dos factos por falsidades, e comprometer o futuro da Democracia. Mas se apenas virmos o pior perdemos a perspetiva histórica, e podemos reduzir o mundo às notícias deprimentes dos telejornais diários.

 

4 Creio que o que temos de ver, para não perdermos a esperança, são as mudanças operadas ao longo do tempo. De maneira a combatermos o pessimismo como profecia auto-realizável, que mutila a nossa vontade de agir para transformar o mundo em que vivemos. No fundo, os seres humanos desejam e querem as mesmas coisas: anseiam por paz e condições de vida justas, por amizade e afecto, para além de todas as diferenças culturais. Por isso, não podemos ver apenas o pior sob pena de destruirmos a nossa capacidade de intervir no processo de mudança. O que realmente importa é continuarmos a combater a indiferença e o conformismo, a defender a verdade histórica, a questionar o discurso hegemónico que nos conduz a receptores passivos e impotentes, e a não perdermos a esperança no futuro da Democracia. Temos de acreditar que “Nada é impossível de mudar”, como escreveu Bertolt Brecht:

Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar.

GRATO a todos.

M Duran Clemente

Lisboa, 5 de Abril de 2025

 

sexta-feira, 4 de abril de 2025

Vendaval por Jorge Cadima

Jorge Cadima

Mudar as re­gras do jogo para pre­servar o jogo

A eleição de Trump foi ex­pressão da pro­funda crise em que está mer­gu­lhada a maior das po­tên­cias im­pe­ri­a­listas. Mas é também um factor do seu agra­va­mento, facto ca­bal­mente de­mons­trado pelos dois pri­meiros meses do seu man­dato. O Tornar de Novo Grande a Amé­rica (MAGA) trum­pista não é ir­ra­ci­onal. É apenas re­ac­ci­o­nário. As­senta na cons­ta­tação real de que é in­sus­ten­tável o mo­delo de do­mínio im­pe­ri­a­lista e de fi­nan­cei­ri­zação pa­ra­si­tária em vigor nas úl­timas dé­cadas, e na sua de­ca­dência face à as­censão da China e ou­tros países. Pe­rante o de­clínio, Trump propõe-se re­a­firmar o po­derio mun­dial dos EUA. Pela força bruta, como é da sua na­tu­reza his­tó­rica. Quer mudar as «re­gras do jogo» para pre­servar «o jogo», ou seja, a he­ge­monia mun­dial do gi­gante im­pe­ri­a­lista. Se for pre­ciso de­vorar os vas­salos eu­ro­peus, assim seja. Já nos anos 80 e 90 os EUA cei­faram o «aliado» Japão, para travar a sua forte as­censão eco­nó­mica.

O que dis­tingue Trump de Biden não é a afir­mação da he­ge­monia dos EUA, mas apenas os mé­todos. O que dis­tingue Trump dos seus vas­salos eu­ro­peus não é a es­sência, mas apenas o as­sumir em pú­blico a re­lação de vas­sa­lagem que sempre existiu. Vas­sa­lagem que teve o seu ponto mais baixo no ver­go­nhoso si­lêncio das classes di­ri­gentes «eu­ro­peias» pe­rante o maior acto de sa­bo­tagem contra os in­te­resses eco­nó­micos da UE, per­pe­trado pelos EUA/​Biden – a des­truição do ga­so­duto NordS­tream2. Tal como os três ma­ca­qui­nhos, não vêem, não falam, não ouvem.

Os di­ri­gentes eu­ro­peus par­ti­ci­param em dé­cadas de guerras, agres­sões e cercos sob o manto dos EUA – Ju­gos­lávia, Afe­ga­nistão, Líbia, Síria, Ve­ne­zuela, Rússia, entre ou­tros. Se al­guns es­per­ne­aram com o Iraque, vol­taram logo ao redil, ele­gendo Durão Bar­roso, o an­fi­trião da ver­go­nhosa Ci­meira das Lajes, para Pre­si­dente da Co­missão Eu­ro­peia. De então para cá a vas­sa­lagem foi total. Hoje mos­tram-se in­dig­nados. Porque são alvo da­quilo que fi­zeram aos ou­tros – aos que não acei­tavam ser vas­salos.

A na­tu­reza de Trump está à vista no re­tomar do ge­no­cídio na Pa­les­tina – um ge­no­cídio que Biden, UE e RU sus­ten­taram du­rante 15 meses. Está à vista nos bru­tais ata­ques ao Iémen – co­pi­ando Biden e amigos. Está à vista nas ame­aças de atacar o Irão – que também vêm de trás. Se Trump pa­rece querer apa­zi­guar a guerra na Ucrânia, é apenas porque re­co­nhece que essa guerra – que está a ser per­dida, apesar do in­ves­ti­mento em força – lhe im­pede de se virar para o seu alvo pri­meiro – a China. Basta ler o que diz o Mi­nistro da De­fesa dos EUA, Heg­seth. A ira da UE contra Trump nada tem a ver com «va­lores» ou «de­mo­cracia contra au­to­ri­ta­rismo». Dor­miram na mesma cama du­rante dé­cadas. Só que, para um poder en­gordar, os ou­tros têm de ir dormir para o chão.

Qui­sessem os di­ri­gentes da UE e ha­veria uma al­ter­na­tiva pa­cí­fica e in­de­pen­dente para o beco em que se me­teram. Bas­tava acei­tarem re­la­ções de igual­dade com os res­tantes países, dei­xarem de ter a psi­cose que ainda são os amos co­lo­niais do mundo. Po­de­riam apro­veitar o cres­ci­mento dos países dos BRICS para também cres­cerem. Mas isso seria como pedir ao lobo que deixe de comer ove­lhas. Presos entre o seu pas­sado co­lo­ni­a­lista e im­pe­ri­a­lista e a sua vas­sa­lagem ao amo norte-ame­ri­cano, as po­dres classes di­ri­gentes eu­ro­peias pensam da mesma ma­neira que Trump: re­correr à força bruta para tentar manter a sua exis­tência pa­ra­si­tária e inútil. Cabe aos povos mandá-los todos pastar.

 

quarta-feira, 2 de abril de 2025

O kit Von der Leyen, ou, e se o ridículo matasse?

Os Legionários salazarentos organizaram cursos de defesa civil do território em todas as empresas; (“Guerra atómica-efeitos e proteção: manual nº3 do curso básico de defesa civil do território. Editado em 1954 pelo Comando Geral da Legião Portuguesa em Lisboa.”) quando num desses cursos o instrutor referiu que, caso fossemos atacados com uma bomba atómica devíamos (ponto 2) “atire-se ao comprido para o chão”, logo um meu colega interpelou: “é a primeira vez que oiço dizer que, um português, não deve morrer de pé”. Brincadeira à parte, não me admiro que um dia destes sejamos obrigados a ter em casa, no carro ou não podermos tomar qualquer transporte, tal como no Covid, desde que não nos façamos acompanhar desta tranquitana.

Libertar esclarecendo

Bruno Amaral de Carvalho

Na vereda sombria na qual entrámos há três anos e que a todos desde a primeira hora aconselhou mil cuidados no recurso a jogos de habilidade que impedissem aos inquisidores, aos denunciantes e aos perseguidores da liberdade alheia mais impunidade, o nome de Bruno Amaral de Carvalho ocupa um merecido lugar de destaque. Terá sido o único português a arrostar todos os perigos e a deslocar-se para o centro do conflito armado e oferecer aos seus concidadãos o contraditório à carapaça de mentiras que desde 2022 passou a ser lei.

Quando há cerca de um ano a sua obra saiu, a maquineta totalitária pôs-se de imediato em movimento. Sofreu a censura, as ameaças, a perseguição, a difamação e até as tão características esperas em que as polícias políticas informais se especializaram para calar de vez as vozes incómodas. Entretanto, o edifício repressor abriu fendas. Parte da opinião pública foi saindo do estado de embrutecimento, procurou outras fontes e rendeu-se ao trabalho de Bruno Amaral de Carvalho. No momento em que desaparecem dos escaparates das livrarias as biografias encomiásticas de Zelensky e do seu detestável regime, o Guerra a Leste: 8 meses no Donbass chega à terceira edição e ascende ao merecidíssimo lugar de destaque. Uma grande vitória para a liberdade e um prémio de valor para o homem que quis contar aos portugueses que aquela guerra era, afinal, a guerra de libertação dos russos da Ucrânia.

Miguel Castelo Branco (Do Facebook)

"lucidez geriátrica"

De boca fechada, seriam poetas! Só que não: os fundadores do Bloco decidiram sair do centro de assistência de dia onde estavam a apanhar pó, convencidos de que o mundo precisa outra vez da sua lucidez geriátrica para combater o "fascismo". E ninguém lhes diz que era melhor ficarem quietos, não vá a artrose piorar.

Precisamos muito do Bloco de Esquerda, que nunca fez outra coisa senão masturbação política com dinheiro público. Um partido que nunca construiu nada, nunca reformou nada, nunca fez avançar Portugal um milímetro que fosse, mas que sempre soube muito bem como viver à grande na retórica revolucionária, nos subsídios e nas mordomias do sistema que fingem combater. São os radicais domésticos do regime, os revolucionários de secretária, os trotskistas com cartão de crédito institucional. A sua grande obra política foi criar mais palavras acabadas em "-fobia" do que empregos produtivos.

José Moreno (do Facebook)

terça-feira, 1 de abril de 2025

Dos jornais

Os jornais, em grandes parangonas, banalizam o crime, um mais entre milhares, é a rotina de uma mórbida realidade para a qual se ignora a vacina. A insensibilidade criminosa, nomeadamente dos dirigentes europeus, tornou-se estrutural, as guerras são o seu bem-estar e ganha-pão.


quinta-feira, 20 de março de 2025

BOM DIA VIZINHOS!

BOM DIA VIZINHOS!

Encontrava-os quase todas as manhãs junto ao carro estacionado em frente à sua residência. Jovens, bem-parecidos e simpáticos, lançavam-lhe um cordialbom-dia vizinho”, próprio de quem deseja que tudo se passe o melhor possível.

Que simpáticos! Em que andar residirão? É tão pouco comum que no burburinho cotidiano alguém nos a salvação. Retribuía com igual franqueza e entrava na cidade.

Procurou saber junto da porteira em que apartamento vivia o jovem casal e, em retorno, envolto num sorriso comum a qualquer imbecil, ficou a saber que havia algum tempo que os “vizinhos” residiam na viatura frente à porta do prédio.

Na manhã seguinte, retribuiu a saudação com algum distanciamento e comentou com os colegas de trabalho, quadros de uma grande empresa, o insólito acontecimento; colegas que durante algum tempo, em estilo de chacota, lhe perguntavam: “então, como vão os teus vizinhos?”

E esses lobos manhosos com pele acrílica a imitar a de cordeiro não sentiam o drama; tão-pouco procuravam saber o que teria levado a que aquele casal se encontrasse em semelhante situação.

Uma das manhãs, olhando-os de soslaio, quis-lhe parecer que a jovem estava grávida; veio a saber que esse seria o seu terceiro filho e que os outros se encontravam com os avós; além disso, soube também que haviam tido uma vida como a sua, repleta de sonhos próprios a todos os que amam a vida.

Algum tempo depois, soube que a multinacional onde trabalha equacionava a possibilidade de reduzir a produção: e os “lobos” andavam irrequietos, menos eloquentes não mais lhe perguntaram pelosvizinhos”. Pela comunicação apelidada de social, soube que a empresa onde trabalhava um casal amigo, ambos engenheiros, ia deslocalizar-se para a China.

Do sector financeiro à indústria e comércio os despedimentos coletivos surgiam em catadupa. Amoleceu o ar empertigado de yuppie triunfante e, de semblante carregado, refletia a intranquilidade envolvente. É certo que tinha algum património e com pais e sogros relativamente bem instalados não se antevia, pelo menos de imediato, a viver numa viatura. Mas… e se essas almofadas um dia lhe faltassem?

Pelas manhãs, ao sair para o trabalho, procurava ter a iniciativa de dar os bons dias aos que passou a considerar seus vizinhos, e sentia uma necessidade enorme de com eles entabular conversa. O que lhes teria acontecido, qual a trajetória para tamanho infausto, como encaravam o futuro ou em que lhes poderia ser útil?

Bloqueado, não conseguiu saltar a barreira do medo, medo de ver refletido o seu futuro na dos seus vizinhos.

O Inverno entristecia a noite com a chuva miudinha puxada a vento. Ao regressar a casa, deparou com a polícia municipal a rebocar todos os veículos mal-estacionados. O carro dos seus vizinhos não estava.

Deixou de ter um espelho; ficou com um pesadelo.