quarta-feira, 29 de abril de 2020

O resfriado dos mentecaptos

"Sou Messias, mas não faço milagres"


Se eu me sinto envergonha por esta coisa pertencer à minha espécie, será que o povo brasileiro não sente um mínimo de vergonha por ter uma abantesma destas como seu representante?

terça-feira, 28 de abril de 2020

O paraíso neoliberal

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Human Rights Watch retrato a preto e branco 2018 antes do COVID-19
 
Na cidade dos anjos as crianças dormem na rua
António Santos  23-4-2020

«As filas de carros para os bancos alimentares estendem-se ao longo de dezenas de quilómetros. Só aqui, no condado de Los Angeles, 1,3 milhões de pessoas perderam o trabalho no último mês». As «cenas distópicas» da Califórnia, garante Charles Xu, responsável da União dos Inquilinos de Pasadena, nos arredores de LA, «espelham a crise da classe trabalhadora no quadro nacional».

Em apenas um mês, a pandemia atirou para o desemprego mais de 20 milhões de estado-unidenses mas são muitos mais os que podem perder a casa. «31 por cento dos inquilinos dos EUA já não conseguem pagar a renda de Abril. Estes números vão crescer nos próximos meses», explica Charles. Não se trata de futurologia: há três anos que o número de pessoas sem casa crescia paulatinamente nos EUA mas o pior, garante, virá depois do estado de emergência, quando terminarem as moratórias aos despejos: «a maioria das moratórias só se aplica a inquilinos que consigam provar que perderam rendimentos por causa da pandemia. Obrigam-nos a pagar a totalidade das rendas em atraso num prazo de 6 a 12 meses. Isto vai colocar milhões de trabalhadores sob o jugo de uma dívida esmagadora no meio da pior recessão desde os anos 30. Vai gerar ondas de despejos».

A comparação com os anos 30 é certeira. Em «As Vinhas da Ira», Steinbeck já descreve essa Califórnia que agora regressa: «Os inquilinos (…) eram também expulsos. E novas ondas estavam a caminho, novas ondas de espoliados e de gente despejada das suas casas, de coração endurecido, vorazes e perigosos». 

Como nos anos 30, perder o trabalho pode querer dizer perder a vida. «Para a vasta maioria dos trabalhadores dos EUA, quando se fica desempregado fica-se sem seguro de saúde. Estima-se que, nas próximas semanas, 35 milhões de americanos percam o acesso a cuidados de saúde», explica Charles.

Mas nem tudo são más notícias. «Estamos a assistir a uma incrível escalada na luta dos enfermeiros, dos auxiliares de acção médica, dos trabalhadores à jorna, dos auxiliares dos lares, dos trabalhadores com vínculos precários como na Amazon e na Instacart, dos imigrantes e dos milhões encarcerados por este Estado policial», assegura Charles. Faz parte dessa escalada a União de Inquilinos de Pasadena, que tem promovido protestos, ocupações de casas abandonadas do Estado e greves de renda em torno de três reivindicações: o fim dos despejos; o cancelamento das rendas durante a pandemia e a ocupação dos quartos de hotel e casas do Estado durante a pandemia. «A crise veio tornar mais claro do que nunca que o nosso trabalho é a fonte de toda a riqueza, que devia ser, como na letra da canção Solidariedade para Sempre, “nossa para dominar e para possuir”», conclui.

Da saúde à habitação, a pandemia deixou a descoberto a natureza predatória do capitalismo. Em Los Angeles, o condado dos EUA onde mais sem-abrigo dormem fisicamente nas ruas, o número de pessoas sem tecto explodiu, em menos de um mês, de 58 mil para 80 mil. Na infame Skid Row de LA, uma pequena cidade de tendas insalubres, a maioria dos moradores são mulheres e crianças. Se Fidel se podia orgulhar de recordar ao mundo que dos 100 milhões de crianças que esta noite dormirão nas ruas, nenhuma é cubana, era só justo que Trump morresse fulminado de vergonha, se tal coisa tivesse ou se ela matasse, porque desse exército mundial de meninos e meninas, quase dois milhões são estado-unidenses.

Trump diz-se sarcástico, e eu também



Como prova de reconhecimento por todo o apoio que o governo português, pela generosa e untuosa mão do seu ministro dos negócios estrangeiros, tem dado ao governo de Trump na sua criminosa agressão à Venezuela, foi dada preferência a Portugal como principal fornecedor de lixívia para que o governo americano possa fazer face à pandemia do coronavírus seguindo a terapia prescrita por Donald Trump.

Não está assente se a exportação da lixívia é em cápsulas prontas a injetar ou em garrafões para poder ser consumida a copo.

segunda-feira, 27 de abril de 2020

Candidatura do Campo de Concentração do Tarrafal a Património da Humanidad

O terror fascista, não pode nem deve ser esquecido, manter as novas gerações informadas para que mais facilmente se defendam, é tarefa meritória e indispensável.


Os governos de Portugal e de Cabo Verde acertaram os detalhes da cooperação técnica portuguesa à candidatura do antigo Campo de Concentração do Tarrafal a Património da Humanidade, que avança em 2021.

De realçar os despachos de António Oliveira Salazar, datado de 1935, em que determinou a construção do campo, e do então ministro das Colónias, Adriano Moreira, de 1961, a ordenar a reabertura do campo.


domingo, 26 de abril de 2020

A grande festa do Povo

A grande festa do Povo

Assinala-se no ano de 2020 o centenário do nascimento de Sidónio Muralha. Autor de uma vasta obra, em prosa e poesia, e com uma destacada e reconhecida produção para os públicos mais jovens, a Página a Página vai assinalar a efeméride durante o ano, a começar pela edição do livro O Companheiro, com ilustrações originais de Irene Sá.

O conto traz-nos a história de um espantalho onde um «coração continuava a bater debaixo do casaco» e «pensamentos bons e justos surgiam debaixo do chapéu», e a quem os pássaros chamavam de companheiro.

É a história do povo português em luta pela democracia e contra o fascismo, quando estamos a celebrar mais um aniversário do 25 de Abril.

Eles são livres. Livres. E agora vai começar a grande festa do Povo. Todos saem para a rua e um rio de flores corre de cidade em cidade. De repente, alguém grita:

— O Companheiro, não esqueçam o Companheiro!
 

E vão buscar o espantalho, que não era espantalho e que percorre Portugal devolvido aos portugueses.

Por isso, e porque «ninguém pode matar as ideias» e «ninguém consegue calar um coração generoso», celebremos Abril, a grande festa do povo!