segunda-feira, 30 de abril de 2012

CANÇÃO DO COOPERARIADO

 

Primeiro de Maio

CANÇÃO DO COOPERARIADO

Coopera o opErário Esse imenso operaDor Sem ele não temos ópera nem opeRações sem dor Opera todas as máquinas É muito cooperativo Opera computaDores Supõe-se um executivo Funda cooperativas Busca coopeRação Coopera em cantigas Paga as letras da canção Pertence ao operariado muitas vezes sem saber Porque tanta coopeRação nãobem para entender Pertence ao operariado muitas vezes sem querer Porque tanta coopeRação para empobrecer foi herói proletário Termo meio bolCHEvique O tratamento moderno é telecomando-chip Diz-se profissional Técnico e funcionário Também recurso huMano Unidade de trabalho Mas afinal (ele) é um grande operacional Ele opera e coopera Sem ele ponto final Fica assente Meus Senhores O que é um operário Sem gravata e com gravata Morre a viver do salário Peça da engrenagem Produto da produção Faz o carro e faz a estrada Faz a mesa e faz a cama Coopera até na morte fabricando o seu caixão

Uns chamam-lhe ParafUso Outros GloBalização

Poema de César Príncipe, Correio Vermelho, 2008, Seara de Vento 


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Martim Moniz 14.30 - 2012

domingo, 22 de abril de 2012

LEVANTE-SE O RÉU!


E o réu levantou-se com o aprumo e a dignidade das consciências tranquilas.

Jovem, tinha no olhar a limpidez dos íntegros e a altivez dos lutadores.

- Nome, idade, filiação?

- Chamo-me Abril, nascido em 25 de 1974, filho da opressão e da miséria.

- Sabe do que é acusado?

- Confirmo, meritíssimos juízes que sei e me orgulho da sublime culpa.

Devolvi à flor a cor e o sentido, espalhei por todas o aroma inolvidável, iluminei-as com o sol da vida e da esperança, quebrei-lhes as algemas e as grades dos cárceres da tristeza, e as pétalas abriram-se libertas e as crianças sorriram. Ao vento dei a direcção e o pólen que fecundou a dignidade de néctar esquecido

Fez uma pequena pausa e num tom calmo mas firme continuou:

Não sou herói nem mártir, mas a vida que em mutações constantes repele a cobardia e ao esgotar-se em sofrimento renasce impetuosa e firme, sugerindo de novo caminhos que a bússola do sonho é capaz de encontrar.”

Os juízes entreolham-se; na assistência, uma jovem de beleza etérea, frágil embora, como tudo o que é puro, segue, letra a letra, o discurso vigoroso. É a Liberdade, sua irmã. Filha também de todas as quimeras, sem as quais a existência não tem sentido, sabendo-se que a nossa vida está orientada para o futuro que Lhe pertence.

A Liberdade, irreprimível, intemporal, questionou:

Porquê e em nome de quem nos julgam? Tempo perdido é o vosso. Sou parte dos subjugados pela ignorância quando dela consciência tomam e se libertam. Corporizo os seus anseios colectivos no Maio 1º, e posso renascer, e renasço sem dia ou mês anunciados.

Não se julga o sol e o luar e o bom-senso não questiona as estrelas, a brisa das manhãs ou o crepúsculo.

Em que instância se encontram a cobiça e a arrogância, irmãs daninhas, subvertendo indecisos, fracos e frustrados, arregimentando-os em legiões de corruptos?

Dado que libertas se encontram, decerto deixaram como caução a gula esfomeada que vos subornou!

Abril retomou a palavra:

Um mês é sempre precedido de outro mês e de outros tantos como a eternidade, da opressão nasceu sempre a revolta tão natural como a água nas fontes. Julgando-me arrastam na vossa acusação, Maio meu irmão, e nossa irmã Liberdade que me abraçaram nesse reencontro que a memória retêm.

Senhores jurados, meritíssimos juízes duma causa também vossa; lembrem-se das lágrimas de alegria, da festa, da fraternidade que a todos envolvi quando cheguei, da solidariedade reencontrada, das canções, da alvorada de esperança que, perdendo-se, vos perde!

E justiça foi feita:

Abril, Maio e a Liberdade foram condenados a jamais se separarem, a lutarem eternamente, a nunca se curvarem e a serem amados para todo o sempre pelos que exigem dignidade e pão.

E assim será!

quinta-feira, 19 de abril de 2012

Não podemos faltar

«Deixem-me explicar va-ga-ro-sa-men-te.»

"No meu país, as pessoas estão dispostas a sacrificar-se e a trabalhar mais"

Este é o rosto da política criminosa comum ao PS/PSD/CDS?

Em que galáxia fica o país desta coisa?

«Vítor Gaspar considera que as políticas de austeridade não afectam os grupos mais vulneráveis da população, divulga o Público

“No meu país, as pessoas estão dispostas a sacrificar-se e a trabalhar mais para que o programa de ajustamento seja um sucesso”, afirma o ministro das Finanças, na sede do Fundo Internacional Monetário (FMI), em Washington.

É forçoso, indispensável e urgente correr com esta gente que jurou eliminar-nos. Aproxima-se o 25 de Abril e o 1º de Maio, não podemos ficar de braços caídos. Não podemos faltar, é um dever moral e cívico.

É um ato de sobrevivência!

quarta-feira, 18 de abril de 2012

Porque subscrevi


Não é o homem pelo muito que merece, nem tampouco o cantor, compositor e poeta que nunca é de mais enaltecer. É o símbolo de um momento histórico que nos faz vibrar e que persiste nos nossos corações. O 25 de Abril!

Muitos e muitos homens e mulheres lutaram pela liberdade conquistada pelo abril da sua coragem, muitos outros não largaram o testemunho e continuam lutando, mas é imperioso cerrar fileiras e sermos cada vez mais. O fascismo põe mordaças no nosso cantar e eles estão “com pés de veludo”.

Pelas melodias que envolvem o que temos de melhor, os poemas de fraternidade ou de revolta e a presença tranquila do Zeca, todos nós somos devedores.

Face aos perigos que nos assolam, ele é um elo importante entre sensibilidades que forçosamente se irão reencontrar.

Ignorando a avalanche de petições que por circulam, achei por bem, por necessário e oportuno, subscrever a “petiçãopara a construção de um monumento ao Zeca Afonso.


segunda-feira, 16 de abril de 2012

Quem dá mais!

A entrevista foi amplamente publicitada. A 2 do Público de domingo consagra-lhe a capa inteira e seis páginas com mais uma fotografia de página e meia. Os ‘fazedores de opiniãoquando não são Professores ou Doutores, para se lhes conferir credibilidade necessitam de estatuto e publicitá-los é um dos meios.

Este [opinion maker] escreve para o Expresso e na SIC Notícias é comentador, é um ‘opinador’, como de designa. O opinador opina ao serviço da antena do Bilderberg em Portugal, e o Balsemão não brinca em serviço. O Balsemão aceita, por exemplo, que os seus colaboradores tivessem tido como herói o Álvaro Cunhal desde que se redimam e lhe joguem pedras -- «O meu herói político… [riso] – era o Álvaro Cunhal. (...)era um egomaníaco. Era um autoritário”.

O opinador foi militante do PC e ao apedrejar Álvaro Cunhal expurga as raízes comunistas, o patrão regista o corajoso exorcismo, e o opinador continua com o ‘pãozinho’ garantido e até pode colorir de vermelho-pálido as opiniões que, segundo ele, são as suas.

O opinador segue a clássica Via Sacra de alguns ex-. De PC escorrega para a Plataforma de Esquerda, e o ex-dirigente do Bloco afirma ser «Sou um social-democrata que vai do PC ao PS. Com um percurso tão escorregadio e um currículo tão abrangente não pode jurarque não venha a ser um oportunista”.

Se ainda não é, o que duvido, falta-lhe pouco.
Esta dúvida uma vez publicitada deixa em leilão o objecto.
Quem dá mais!?