domingo, 31 de janeiro de 2016

ANO NOVO, CRISE NOVA – Jorge Cadima



“Conscientes de que uma nova ronda de «austeridade» para os trabalhadores e povos e «maná do céu» para os multimilionários não é compatível com a democracia, as liberdades e a paz, sectores importantes da classe dominante preparam a via da repressão, do autoritarismo e da guerra. Para os trabalhadores e povos não há outra opção, senão preparar-se para o embate.

O ano começou com uma nova crise bolsista mundial. Apesar das flutuações, é claro que estamos perante uma nova convulsão do sistema financeiro internacional. Há um facto incontornável: as políticas de miséria para os povos, mas de subsídios para o grande capital financeiro (como os chamados programas de Quantitative Easing – QE que o banco central dos EUA procura agora reduzir), promovidas após 2008, não resolveram os problemas de fundo do sistema capitalista mundial: agravaram as dívidas e as bolhas especulativas, sem redinamizar a economia produtiva. Mas o capitalismo mundial já não funciona sem essas injecções de dinheiro fácil na veia.
William White, ex-economista-chefe do BIS (o «banco dos banqueiros») e actual figura de destaque na OCDE é claro: «A situação hoje é pior do que era em 2007. Já foram usadas praticamente todas as nossas munições macro-económicas. […] As dívidas continuaram a avolumar-se durante os últimos oito anos e alcançaram níveis tais em todo o mundo que se tornaram uma fonte séria de problemas. Tornar-se-á óbvio na próxima recessão que muitas destas dívidas não serão [pagas] e isto será pouco confortável para muita gente que pensa que tem bens com valor» (Telegraph online, 19.1.16).
O jornalista que obteve estas declarações na véspera da abertura do recente Fórum Económico Mundial de Davos acrescenta que o «QE e as políticas de dinheiro fácil da Reserva Federal dos EUA e seus congéneres» são uma espécie de «tóxico-dependência», em que se gasta hoje aquilo que não se possui, mas que «acaba por perder efeito» e o dia chega em que «não há dinheiro para gastar amanhã».
«Dinheiro fácil» só existiu para os grandes banqueiros e capitalistas. Na semana passada (18.1.16), a organização de caridade inglesa Oxfam publicou um relatório com o título «Uma economia para os 1%». Cita o gigante financeiro Credit Suisse para afirmar que os 1% mais ricos detêm hoje mais riqueza do que os restantes 99% da população mundial. A Oxfam acrescenta outros números impressionantes: em 2015, 62 indivíduos possuem a mesma riqueza que 3,6 mil milhões de pessoas (metade da população do planeta). Desde 2010, a riqueza destes 62 multi-milionários aumentou 44%, enquanto que para a metade mais pobre da Humanidade se verificou uma quebra de 41%.
A crise não foi, seguramente, para todos. Não só não houve “sacrifícios repartidos”, como a crise do capitalismo foi usada para promover uma autêntica pilhagem de classe que engordou muito o grande capital à custa dos povos. Os orçamentos do Estado são usados para salvar os banqueiros (o Banif é o mais recente exemplo no nosso País), mas os banqueiros nem sequer pagam impostos para financiar os orçamentos do Estado. O Jornal de Negócios online publicou (12.12.16) uma notícia sobre o nosso País com o título «As 1000 famílias que mandam nisto tudo (e não pagam impostos)». Não é um problema só nosso. A Reuters noticiou (22.12.15) que «Sete dos maiores bancos de investimento que operam em Londres pagaram poucos ou nenhuns impostos na Grã-Bretanha no ano passado». Os sete referidos gigantes financeiros tiveram em 2014 lucros de 5,3 mil milhões de dólares naquele país, mas pagaram de imposto apenas 31 milhões, ou seja, menos de 0,006% dos seus lucros. Cinco dos sete nem pagaram um penny.
Quem esteja à espera que o problema se resolva com «mais regulação» ou «mais Europa» bem pode esperar sentado: entre os sete mega-caloteiros encontra-se a Goldman Sachs, de onde saiu o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi.
A nova explosão de crise em 2016 vai agravar todas as já agudíssimas contradições no seio do capitalismo mundial. Conscientes de que uma nova ronda de «austeridade» para os trabalhadores e povos e «maná do céu» para os multimilionários não é compatível com a democracia, as liberdades e a paz, sectores importantes da classe dominante preparam a via da repressão, do autoritarismo e da guerra. Para os trabalhadores e povos não há outra opção, senão preparar-se para o embate.

Jorge Cadima*



* Jorge Cadima é Prof. da Universidade de Lisboa e analista político.
Este texto foi publicado no Avante nº 2.200 de 28 de janeiro de 2016.

sexta-feira, 29 de janeiro de 2016

O DESGRAÇADO VPV e…


No mesmo jornal:

Comunista António Filipe preside à comissão de inquérito ao Banif
«O deputado comunista António Filipe vai ser o presidente da comissão parlamentar de inquérito ao processo do Banif, que toma posse dia 3.»
 
E... o «PCP quer congelar propinas no superior e suspender as sanções.»

E ainda: O PCP conseguiu o apoio de mais de 22 deputados socialistas e, por isso, conseguiu reunir condições para criar uma comissão parlamentar de inquérito à gestão dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Extinção e subconcessão, cancelamento e perda de encomendas e ajuda estatal fazem parte do tema da comissão.
O Parlamento vai mesmo investigar a gestão e a tutela política, nos últimos anos, dos Estaleiros Navais de Viana do Castelo. Em causa estarão a extinção da empresa, e consequente subconcessão, o cancelamento de encomendas, como o caso do navio Atlântida, e a investigação da Comissão Europeia à alegadas ajudas estatais à empresa.

Estas desgraças do PCP causam distúrbios na mona do desgraçado do VPV.

«Em Évora Monte também se sentiu o efeito "Marcelo:
Na pequena freguesia alentejana, há habitantes que costumavam dar o voto aos comunistas e que, nesta eleição, votaram Marcelo Rebelo de Sousa. Porque o conheciam da televisão.»

“PORQUE O CONHECIAM DA TELEVISÃO”

quarta-feira, 27 de janeiro de 2016

1945: Libertação de Auschwitz-Birkenau e ‘A Peste’ de Albert Camus


Há 71 anos, em 27 de janeiro de 1945, o Exército Vermelho libertou Auschwitz, o maior e mais terrível campo de extermínio nazi. Nas câmaras de gás e crematórios foram mortas pelo menos um milhão de pessoas.
27 de janeiro de 2016 a Dinamarca oficializa o esbulho dos refugiados. A Dinamarca é uma das peças do puzzle fascista nesta União Europeia que se afirma democrática.

É cada vez mais necessário reler ‘A Peste’ de Albert Camus e focar o principal personagem, o doutor Rieux, que após ter encontrado um rato morto no patamar da sua casa, devotou-se à luta contra a peste, deixando-nos a mensagem: mesmo depois de a ter tida como extinta devemos continuar atentos ao seu ressurgimento.


Extrato: «Bernard Rieux, de pé no corredor do prédio, procurava as chaves antes de subir para sua casa, quando viu surgir, do fundo obscuro do corredor, um rato enorme, de passo incerto e pêlo molhado. O animal parou, pareceu procurar o equilíbrio, correu em direção ao médico, parou de novo, deu uma cambalhota com um pequeno guincho e parou, por fim, lançando sangue pela boca entreaberta. O médico contemplou-o por um momento e subiu…»

segunda-feira, 25 de janeiro de 2016

Um abraço solidário

A BANDEIRA DA JUSTIÇA E DA ESPERANÇA
A intervenção de Edgar Silva como candidato à Presidência da República consubstanciou-se por um elevado nível de intervenção cívica onde a justiça social e o bem comum foram bandeira.

Edgar Silva e o Partido Comunista Português assim como os militantes e apoiantes devem orgulhar-se pelo esforço desenvolvido e pela coerência das propostas do candidato assim como do coletivo que o propôs.

Os resultados obtidos não podem nem devem ser motivo para qualquer tipo de autoflagelação, compreender a envolvente do candidato Edgar Silva nesta campanha requer um esforço superior ao facilitismo das críticas que posteriormente lhe possam ser atribuídas.

domingo, 24 de janeiro de 2016

Sabonetes



“Uma estação que tem 50% de share vende tudo, até o Presidente da República! Vende aos bocados: um bocado de Presidente da República para aqui, outro bocado para acolá, vende tudo! Vende sabonetes!”.»


Emídio Rangel 1997