Atingimos a meta
“EUA o país feira da ladra”
Jim Kunstler
Uf! Já não era sem tempo! Sempre no pelotão da frente, esfalfados, banhados em “sangue suor e lágrimas”, aplaudidos por tudo o que é canalha chegámos à meta das nossas aflições. Desde que Soares, o ideólogo da equipa, pegou no selim e deu o primeiro impulso na partida, abençoado por Carluci, homem forte da CIA, lançámo-nos na recuperação pedalando, pedalando sempre ajudados pelo FMI, OMC, G7, OCDE, Bildelberg e outras organizações mafiosas, acarinhadas e exaltadas nestas últimas três décadas por todos os governantes sem excepção. E dopados por uns, empurrados por outros suámos as estopinhas até atingir o magnifico objectivo: O sonho americano!
No pódio, para galardoar os países onde a repartição dos bens comuns é a mais injusta, encontra-se o México, medalha de ouro, a Turquia medalha de prata e nós, medalha de bronze ex aequo com os Estados Unidos da América. Que orgulho, os dois abraçados, muito apertadinhos no terceiro patamar… Valeu a pena o esforço e toda a tranquibérnia utilizada nestes magníficos trinta anos, o tempo de vida do santo mercado livre, perante o qual todos se ajoelharam implorando benesses e, apoiando-o, maltrataram os que nunca o aceitaram. Hoje, à socapa, esses mal-agradecidos vão jogando pedrinhas ao defunto neoliberalismo e até o bushófilo Sarkozy vem dizendo que não senhor “este capitalismo é uma traição ao tipo de capitalismo em que acreditamos”. Não têm emenda, empurraram-nos para o abismo e continuam a querer ajustar-nos as algemas.
Não desesperem, iremos acompanhar o Tio Sam sempre com um discurso grandiloquente, nesta descida aos infernos. Atendendo à intensidade, os sismos registados até agora não passam de pequenos tremores de terra. A intensidade oito ou nove da escala de Richter só se fará sentir a nível social dentro de uns seis meses na melhor das hipóteses e “a percepção da mudança pela maioria dos cidadãos não se verificará senão quando já esteja bem avançada”, ou seja, quando se encontrarem entre os escombros ou arrastados pelo maremoto.
O sonho americano está cumprido, agora, como diria Fernando Pessoa,
“falta cumprir-se Portugal.”
Com esta gente!?