quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

O gato e o Drácula

O meu amigo Elias afirma ter um gato que não perde um único filme de terror. Quando o dono liga a TV, salta-lhe para o colo e no decorrer do filme, nos momentos de grande suspense, finca-lhe as unhas no casaco, fecha os olhos e treme… treme…

Ao esboçar uma pequena dúvida sobre a veracidade da sua insólita estória, o meu amigo insistiu para que fosse a sua casa, e como na altura não encontrou filmes de terror, nem nenhum discurso de Cavaco Silva, deu sopa a escaldar ao cão que, como qualquer um de nós, soprava à medida que ia comendo.

Esta experiência levou-me a ser cauteloso face ao que julgamos ou entendemos ser uma mentira.

É certo que pelo facto de vermos um cão a soprar a sopa, não somos obrigados a acreditar que um gato possa tremer de medo a ver filmes do Drácula. Certo é também que a constatação de um acontecimento tido como ilógico, não esbate o absurdo a qualquer outra estória que nos seja relatada.

Se pretendermos fazer crer a alguém, mesmo débil de espírito, que extorquir os apoios sociais, de si escassos ou cortar nos magros salários dos funcionários públicos são medidas socialmente justas, certamente aceitarão mais facilmente que os gatos sucumbem de AVC a ver filmes de terror.

Assim, também, se alguém nos afirmar ter um gato que se concorrer às próximas presidenciais será mais isento e convincente que Cavaco Silva, não nos podemos permitir por em dúvida que assim seja, dado que no Brasil o célebre macaco Tião foi um sério concorrente num importante acto eleitoral.

Ignorar o passado é uma astuciosa forma de mentir, esconder o gato que nos fizeram comer por lebre, reiniciando a mesma arenga e acenando-nos com o igual acepipe, é tentarem servir comida requentada que a ASAE não permitiria que fosse publicitada.

Mas entre duas rimas, o gato escondido com o rabo de fora, o pavão um tanto depenado apresenta-se como referência. Que foi sempre um socialista de rosto humano e que por disciplina de voto aceitou todas as medidas neoliberais. Quem não o sabe!

Nos comícios alguns dirigentes do PS, enfastiados, sentam-se de costas para os dirigentes desconfortados do Bloco. A falta de convicção destes apoiantes deixa no ar um discurso baço e para ajudar à missa a Dona Maria e a filha apoiam sem rebuço o nobre Nobre reflectindo o que vai por casa. O senhor Soares cultiva ódios de estimação.

FRANCISCO LOPES!

Resta-nos um candidato, um , que nos olha de frente, sabemos de onde vem e para onde vai.

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2 comentários:

Graciete Rietsch disse...

É o único que está com o Povo e não com a defesa e manutenção de mesquinhos interesses.

Um beijo.

Sérgio Ribeiro disse...

Um texto excelente. Com humor e certeiro.
A diferença é evidente. Até o meu gato, que só reage a filmes clássicos, já percebeu. A candidatura de Francisco Lopes... é outra coisa. Não tem nada a ver com os outros candidatos que nem candidaturas têm.

Um abraço