A artesã Joana Vasconcelos, que
envergonharia a genial Rosa Ramalho, prepara uma nova série de Bonecos de Santo Aleixo inspirados
no circo do Poder, e o entusiasmo é tanto, que a Judite, o Mendinhos, a garina mal disfarçada
e o Seara, candidato a Lisboa,
apressam-se a fazer parte do elenco.
A
Manela em face destes artistas deu-lhe um fanico,
prefere os matraquilhos, os da mocada, “toma, toma, toma” do
O’Neill.
Não podemos faltar ao espectaculo, antes ou depois da queda do governo,
tanto faz.
TOMA TOMA TOMA
Ainda
prefiro os bonecos
de cachaporra,
contundentes,
contundidos, esmocados,
com vozes
de cana
rachada e um toma toma toma
de
quem não usa
a moca para coçar
os piolhos,
mas para rachar
as cabeças.
O
padreca, o diabo,
a criadita,
o
tarata, a velha alcoviteira,
o galã
e,
às vezes,
um verdadeiro rato branco trapezista,
tramavam
para nós
a estafada estória
da
nossa própria vida.
Mundo
de pasta
e de trapo
que
armava barraca em qualquer canto
e
sem contemplações pela moral
de classe
nem
as subtilezas de quem
fica ileso
desancava
os maus
e beijocava os bons.
Ainda
prefiro os bonecos
de cachaporra.
Ainda hoje
esbracejo e me
esganiço como esses
matraquilhos
da comédia humana.
Alexandre O’Neill
2 comentários:
Gosto muito do poema do Alexandre O'Neil.E dos bonequinhos de cachaporra. Já da Joana Vascocelos e seus modelos não posso dizer o mesmo.
Um beijo.
Uma cachaporrada ê o que os figuroes precisam!
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