domingo, 21 de junho de 2009

Eu, sondador, me confesso!


"Fazemos magia a cada respiração"

Magia do Caos


Sondando um sondador:

Por que é que sonda? - Porque me pagam.

Para quem sonda? – Para os que me pagam.

E se não lhe pagarem? – Não sondo.

O objectivo principal do sondador? – Agradar a quem lhe paga.

Qual o tipo de sonda que utilizam e que, no seu entender, é a mais eficiente? - O eurão ou cifrão, tanto faz.

O que aconteceria se os resultados das suas sondagens não agradassem a quem as encomenda? – Não me pagavam.

A votação para o PE não esteve de acordo com as projecções apresentadas. A quem imputar tal discrepância? – Aos que me pagaram; desejavam que os resultados eleitorais correspondessem ao produto que me encomendaram.

Mas, assim sendo, há alguma hipótese de que alguma vez as sondagens sejam credíveis? – Sim, para os que me pagam.

As sondagens são caras? – Sim. Para quem não tem dinheiro para as encomendar.

A quem vende as sondagens? – A quem os resultados que apresento agradem e melhor me pague.

Deste modo, podemos concluir que há sondagens para todos os gostos. - Sim. Tenho sondagens por catálogo com preçário e possuo contactos telefónicos, disponíveis a qualquer hora do dia ou da noite, para satisfazer encomendas urgentes.

Por que razões na própria noite em que se publicitavam os resultados eleitorais e se denunciava o embuste que tinham sido as sondagens, nesse mesmo momento, nos estavam a infernizar com mais sondagens, então referentes às legislativas? – Porque me pagaram.

As sondagens encomendadas têm objectivos político-partidários? - Nunca pergunto aos meus clientes qual o destino que pretendem dar aos produtos que lhes vendo. Sou um profissional muito discreto.

Os que foram matraqueados com os seus embustes vão estar disponíveis para acreditar nas próximas sondagens? – Como não foram eles que nos pagaram, esquecem rapidamente.

Portanto é tudo uma questão de dinheiro!? – Claro. E não poderia ser de outro modo. É um negócio rentável, a clientela é segura e exigente, mas muito restrita.

Mesmo antes da campanha pré-eleitoral dava ao BE quase 18% e a CDU não passava dos 7%, confirmando-se nas urnas que a diferença não foi além de um décimo. Não crê que por vezes vão longe de mais? – É meu dever agradar à clientela que me paga. Não contrario os bons clientes.

Será que as sondagens não passam de palpites, como diria a minha tia, e os sondadores pregoeiros pouco recomendáveis? - Não respondo a provocações.

Quando será que deixarão de lhe encomendar sondagens? – Quando vivermos em democracia.

E quando é que isso acontecerá? – Quando deixar de haver sondagens.

Estamos esclarecidos.

(Honni soit qui mal y pense!)

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