E ainda me foi dado saber que cada português já é devedor de 15.000 euros. Pesadelo ou realidade-pesadelo, apressei-me a procurar o meu porquinho, cofre-fraco, para contabilizar alguns poucos cêntimos caso ainda lá se encontrassem.
Só então me dei conta que havia lido antes de adormecer estratos do livrinho de Lobo de Bulhão (não é o das amêijoas) editado em 1867 e do qual o meu inconsciente reteve alguns parágrafos como se actuais fossem.
A DIVIDA
PORTUGUEZA
por
M. E. Lobo de Bulhões
Lisboa
Tipographia portugueza
1867
«Voga no público a ideia de que o orçamento do Estado as mais das vezes não exprime a verdade. Tem acontecido assim, e, ainda mais, com manifesta infracção das disposições vigentes para o computo das verbas. O crédito de qualquer paiz carece de publicidade. A exposição franca e leal do estado financeiro do thesouro é preferível sempre a suppostas prosperidades que os factos logo desmentem.
Os encargos da divida pública são tão sagrados como ex.; a pagar pelos supprimentos que são feitos ao thesouro na importância equivalente o dinheiro que se haverá presado em cofre particular, por effeito da dotação especial de qualquer serviço público. Enquanto n’uma parte conserva represada uma porção de numerário sem applicação immediata, o thesouro por outra parte carece de levantar dinheiro com juros às vezes bem altos.»
A porca leiteira tem sido desde sempre a mesma.
Só mudaram os sôfregos leitões-ladrões.
E não há tetas que cheguem.
1 comentário:
Muito interessante.
E foi no ano em que um senhor chamado Marx publicou o início d O Capital!
Boa malha.
Um abraço
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