sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

O milagre do salário mínimo ou a entrevista antevista

Fátima, Novembro 2010

O Arcebispo de Braga foi entrevistado por Judite de Sousa.

Entrevista marcadamente política, ideologicamente reaccionária e de apoio explícito à candidatura de Cavaco Silva à Presidência da República. Não esqueceu D. Jorge de publicitar a tão badalada ideia de que nos devemos unir em torno do “bloco centralpara que os ricos sejam cada vez mais ricos e os pobres cada vez mais e mais pobres e assim possamos viver em harmonia.

Pelos outrosórgãos de manipulação social” vamos sabendo que D. Jorge de Ortiga está preocupado e que o Arcebispo Primaz acredita em milagres, crê “ser um milagre sobreviver com o salário mínimo!” e considerou ainda toda a sociedade culpada pela crise, e não apenas a banca.

Não sei se, efetivamente, podemos, de uma forma sumária, condenar os bancos. Fomos todos, foi a sociedade, toda ela, que se deixou envolver numa trama de consumismo”, afirmou em declarações à Lusa.

que dissolver na sociedade a responsabilidade do grande capital. Fomos todos, inclusive os desempregados e os dois milhões de pobres, culpados pelo consumismo. Vejam bem!...

O Millenium BCP (Jardim Gonçalves) famoso grupo bancário ligado de raiz ao Opus Dei, anunciou que, apenas no terceiro trimestre de 2010, tinha registado um lucro líquido de 217,4 milhões de euros e o JP Morgan Chase, o Banco do Vaticano nos EUA chamou a si uma iniciativa original, particularmente dirigida aos fundos de pensões e de poupanças (dos remediados). Os interessados «emprestam» ao banco lotes de acções que são depois negociadas nos “casinos”, bolsas de valores. Se os resultados forem bons, os accionistas ganham tudo; se forem maus, perdem integralmente aquilo que investiram. O JP Morgan ganha sempre.

E enquanto no rega-bofe a banca eclesiástica acumula triliões, o Arcebispo de Braga diz que “poderemos partilhar e vivenciar o autêntico sentido da esmola. E aqui pode estar o Natal onde Cristo, a Palavra, se incarna para dar dignidade à vida de todos os homens”.

A esmoladignidade à vida de todos os homens. A banca e os cofres do Vaticano enchem a burra, graças a Deus. A esmola sobrepõe-se à justiça social. O leque esmolar deve estender-se a toda a sociedade para bem da Igreja. Sem esmola, não se podem manifestar os corações bondosos de todos os que têm tudo, até do que não necessitam.

Uma sociedade de mão estendida é o que preconiza D. Jorge de Ortiga. Benza-o Deus!




1 comentário:

Graciete Rietsch disse...

Como é possível propagandear estas ideias numa sociedade tão causticada pela acumulação de riqueza em meia dúzia de pessoas e entidades bancárias, incluindo o Vaticano, desprezando a produção e privilegiando os jogos financeiros?
Creio que esta entrevista é das mais gravosas que que têm sido feitas pela D. Judite.

Um abraço.