segunda-feira, 31 de outubro de 2011
Os hospedes da casa assombrada
Claro que não! A luta é o único caminho.
domingo, 30 de outubro de 2011
As ajudas dos agiotas
Para facilitar o esbulho utilizaram as palavras como guarda pretoriana dos troikanos. Não era um empréstimo mas uma ajuda que nos iam conceder. Seríamos ajudados, e porque a palavra ajudar é benigna e todos nós aceitamos de bom grado que nos ajudem, o termo adoçou a pírula. Hoje, não podendo esconder que a proclamada ajuda trazia no seu ventre a usurpação, anunciam o quantitativo do furto designando-o de “comissão”. Notem bem, primeiro veio a “ajuda” e só depois a “comissão”. Juros?... quais juros nem meios juros. Juros trazem à memória a usura, palavra feia ou o agiota de imagem repelente. Vegetando, vamos trabalhar para os troikanos, gente de bem que nos leva o fruto do nosso suor deixando-nos a cozinhar o rancor a fogo lento até se tornar revolta.
“As palavras são armas”. Fui confrontado com esta verdade incontornável numa das idas de Óscar Lopes à Cooperativa Piedense e desde então não mais a esqueci. A PIDE assistia aos colóquios.
Dia 12 de Novembro a Função Pública e os Militares manifestam-se
sexta-feira, 28 de outubro de 2011
«Chegámos, vimos… e ele morreu!»
Por onde começar? Que vocábulos utilizar? As imagens foram-nos arremessadas com tal crueldade, as notícias escorreram com tamanha baixeza e os intervenientes de asquerosidade assumida espelharam tão perfeitamente a barbárie desta “civilização” que se encontra no clímax da sua decadência, que nos recolhemos envergonhados por pertencermos a esta espécie depredadora.
Hillary Clinton: «Chegámos, vimos… e ele morreu!» sublinhando com gargalhadas alvares o regozijo assassino. O seu clone Madeleine Albright, secretária de Estado de Bill Clinton, respondendo a uma pergunta na TV sobre as 500 mil crianças mortas no Iraque como resultado das sanções impostas pelo governo dos Estados Unidos, afirmou: “Acredito que o custo compensou”.
Estas hediondas feras saídas do mais medonho dos covis regozijam-se pelo sofrimento que vêm infligindo.
Os mídia, caixas de ressonância da barbárie, exultam os salteadores que saqueiam, torturam e dilaceram os povos que não se lhes submetem.
Na Argentina os carrascos que há cerca de 30 anos assassinaram com requintes de crueldade mais de 30 mil militantes políticos e jornalistas, foram condenados a prisão perpétua. Não percamos a esperança.
segunda-feira, 24 de outubro de 2011
Para os males cardíacos...
Apunhalado, o SNS, refúgio do nosso sofrimento, esvai-se deixando-nos sem abrigo. Desesperados e sem recursos recorremos às mesinhas, procurando no obscurantismo o conforto que os novos inquisidores nos usurpam.
Para obtermos a confiança dos “mercados” temos que lhes mostrar até que ponto estamos dispostos a nos sacrificar, e deixar bem claro que a nossa imaginação não tem limites.
Os “mercados” são robôs desprovidos de coração embora em seu lugar funcionem sofisticadas máquinas de calcular com as quais “pensam”, pesam e medem o nosso esforço em emagrecer o Estado.
E para atingirmos este patriótico objectivos começaremos pela cardiologia pediátrica e um endereço que servirá aos adultos.
Coração
1. Se uma criança tem as alas do coração caídas, isto é, se se encontra triste sem razão aparente, a mãe, para lhas levantar, coze três pães pequenos (merendeiros) e tira de cada um um bocadinho que dá ao filho.
O restante de cada pão deita-o a cada um dos três primeiros cães que encontrar voltando-lhes imediatamente as costas por forma a que não veja os animais pegarem nos pães.
(Ladoeiro 1966)
2. Invoca-se Santo Inácio, para os males cardíacos.
In “Artes de Cura e Espanta-males”
(Espólio de medicina popular recolhido por Michel Giacometti)
domingo, 23 de outubro de 2011
OS REPENSADORES
Com a petulância natural a quem pouco sabe mas pretende fazer crer que é um poço de saber, as assumidas sumidades, dada a gravidade do momento, elevam os decibéis das suas vozes graves, indispensáveis para deixar gravadas quaisquer situações importantes e, com a ênfase semelhante à do Manuel Alegre quando declama, sentenciam:
“Vamos repensar o mundo!” Assim mesmo!
E o mundo, humildemente, pára de girar para que os senhores que pensam o mundo sentenciem o que deverá o mundo fazer.
Encontramo-los por aí aos magotes, às paletes, debruçados sobre os seus pesados pensamentos, vendo passar a realidade e com ela esgrimir ou jogar às escondidas.
Olham para o mundo, e quanto mais olham menos enxergam, porque enquanto o sol os ilumina mantém às escuras aqueles com quem não se misturam e como tal nunca os compreenderão.
É a intelectualidade bacoca à trela da classe que a sustenta. Gente sabida mas não sábia, que como qualquer alquimista que pretende transformar o estrume em ouro, procuram fazer dos seus desejos realidade.
E tanto num caso como no outro, conclui-se sempre que a merda será sempre merda.
* * *
NÃO SE DEVE…
Não se deve deixar os intelectuais brincar com os fósforos
Porque, meus senhores, quando o deixam sozinho
O mundo mental meus senhores
Não é nada brilhante
E mal se apanha sozinho
Age arbitrariamente
Erigindo a si próprio
Alegada e generosamente em honra dos trabalhadores da
construção civil
Um auto-monumento
Não é demais insistir, meus senhores
Quando o deixam sozinho
O mundo mental
Mente
Monumentalmente.
(tradução de Manuela Torres)
IL NE FAUT PAS…
il ne faut pas laisser les intellectuels jouer avec les allumettes
Parce que Messieurs quand on le laisse seul
Le monde mental Messssieurs
N’est pas du tout brillant
Et sitôt qu’il est seul
Travaille arbitrairement
S’érigeant pour soi-même
Et soi-disant généreusement en l’honneur des travailleurs du
bâtiment
Un auto-monument
Répétons-le Messssssieurs
Quand on le laisse seul
Le monde mental
Ment
Monumentalement.
4/1/1900 – 11/4/1977
Jaques Prévert
(Paroles – 1949)